10 momentos que fazem valer a pena esperar 4 anos pela Copa do Mundo | Listas Descaralhantes #23

A Copa do Mundo segue sendo imbatível. Claro, há muitas coisas para discutir, o tal legado não chegou nem parece que virá. Se serve de consolo, parece que realmente a galera tem saído às ruas para lutar pelo que tem direito e o governo não parece feliz com isso.

Deixando um pouquinho essa peleia de lado, é possível lembrar que a bola vai, enfim, rolar por aqui. Você se lembra quem era em 2010? Onde estava? O que fazia? As coisas mudam muito em quatro anos, meu chapa. Com o futebol não poderia e nem é diferente. E talvez o charme todo esteja nessa demora, nessa ansiedade, nos imprevistos e nas histórias marcantes que surgem desses embates no gramado. Por isso, faltando 18 dias para o início do torneio, lembramos os momentos mais descaralhantes da história das Copas.

Bon voyage!

Maradona ganha a Guerra das Malvinas

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Talvez nenhum outro jogador tenha sido tão determinante para seu país na conquista de uma Copa do Mundo como Diego Maradona foi em 1986. A partida perfeita aconteceu frente o English Team. Dois gols: um antológico, partindo de trás do meio-campo e enfileirando adversários pelo caminho e outro o polêmico “La Mano de Dios”. Ao disputar a bola com o goleiro Peter Shilton, Dieguito enfia a mão na bola com a maior marra e cara de pau que podia esperar dele. O momento virou camisetas, músicas e até deu origem à uma igreja. Épico demais.

O menino Pelé assombra o mundo

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Único vencedor de três Mundiais até aqui, o Rei mostrou seu cartão de visitas ao mundo jogando na Suécia, em 1958, ano da primeira conquista canarinho. Estreia frente aos soviéticos, o gol maravilhoso que eliminou o País de Gales nas quartas de final, um hat-trick contra o poderoso esquadrão francês e mais dois tentos na final, frente a equipe da dona da casa. Está bom ou quer mais?

Paolo Rossi ainda faz comerciais com a desgraça alheia

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O camisa 20 italiano nunca foi craque. A seleção montada por Telê Santana, por outro lado, só tinha jogadores do maior quilate, como exemplifica a meia cancha que tinha Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Sócrates e Zico. A exibição fantástica do matador italiano acabou com o sonho brasileiro, rendeu uma das imagens mais classudas da história – ainda que tremendamente triste para nós – e jogou nosso futebol nas trevas do “jogo de resultados” e do “o que vale é vencer”. Rossi até hoje fatura com a nossa derrota.

Haja coração, amigo

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Uma das mais dramáticas partidas na história do futebol. No último segundo, o atacante uruguaio Luis Suarez bancou o goleirão, enfiou a mão na bola, em cima da linha fatal e evitou o gol que tiraria seu país do torneio. Acabou expulso, claro. Asamoah Gyan cobrou a penalidade na trave e a celeste olímpica teve a chance de seguir na prorrogação e disputar a vaga nos pênaltis. Vitória na raça, óbvio. Ah, a última cobrança penal foi feita pelo ex-botafoguense Loco Abreu. De cavadinha.

Guerra (nada) fria

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Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental entraram em campo para medir suas forças na Copa de 1974. A ironia era os alemães acabaram jogando fora de casa mesmo estando dentro da Alemanha. Explico: na era da dualidade entre blocos socialista e capitalista, os orientais (alinhados ao Kremlin) atravessaram a fronteira para encarar o timaço ocidental que tinha Sepp Meier, Beckenbauer, Paul Breitner, Overath e Gerd Muller. Mesmo com tanta potência, quem saiu de campo como herói foi Jurgen Sparwasser, autor do gol que daria a vitória ao bloco da Cortina de Ferro. A ironia é o fato de Sparwasser ter fugido do país em 1988, quando disputava torneio de veteranos. Mas paira até hoje um jeito de marmelada no ar. Os alemães ocidentais teriam facilitado a partida para escapar de um grupo mais forte na segunda fase da competição, escapando de Holanda, Argentina e Brasil para encarar Polônia, Suécia e Iugoslávia.

Ser negão no Senegal deve ser legal

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Campeões do mundo e da Europa, a seleção francesa, então sob a batuta de Zinedine Zidane, chegou à Ásia como franca favorita. A estreia parecia perfeita para um baile de gala. Os adversários seriam os senegaleses, estreantes em Copas. Escapada de Diouf pela esquerda, cruzamento rasteiro para Bouba Diop, que tenta duas vezes até marcar o gol. Um empate sem gols contra o Uruguai e uma nova derrota, dessa vez para a Dinamarca, e os Bleus voltariam para casa sem marcar nenhum gol.

Até com o braço quebrado

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O alemão Franz Beckenbauer, o Kaiser, não precisava de muito para ser um mito em seu país natal, mas a opção por se manter em campo após deslocar a clavícula na semifinal da Copa do Mundo de 1970 ajuda bastante. Vencedor da Copa como jogador e treinador, o líbero classudo, por muitos considerado o melhor zagueiro da história, enfaixou o braço e seguiu na partida normalmente após a contusão. O esforço não foi suficiente, com os italianos vencendo, na raça, a prorrogação por 4 a 3. O formidável zagueiro paraguaio Gamarra repetiria o feito, também se negando a deixar a peleia contra a França, em 1998.

Eu não sei o que estou fazendo aqui

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Um dos momentos mais absurdos da história da Copa do Mundo veio na primeira rodada do Mundial de 1974. O Brasil tinha uma falta para cobrar e a barreira do Zaire, primeiro representante da chamada “África Negra” na Copa, estava armada. Eis que Mwepa, num surto doido, corre em direção à bola e dá um bico. Os jogadores se entreolham e o juiz não vê outra alternativa a não ser dar o cartão amarelo para o atleta. Quarenta anos depois, o que se passou na cabeça de Mwepa segue uma completa incógnita.

Os gols que o Rei não fez

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Um disparo de antes da linha central, um voleio maldoso na saída errada do goleiro e o maior drible que o mundo já viu. Apenas veja o vídeo e chore.

O Roger Milla é um cara massa

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As zebras são inevitáveis nas Copas. Aguarde e teremos algum resultado absurdo neste ano também. A vitória camaronesa sobre a campeã Argentina, de Maradona e Canniggia, é daqueles momentos que nos lembram o porque o futebol é tão genialmente imprevisível. O estádio Giuseppe Meazza, em Milão, deve ser orgulhar de ter participado disso. Na partida seguinte, os Leões Indomáveis mantiveram a pegada, a alegria, a velocidade e Roger Milla, então com 38 anos, marcou dois tentos. A felicidade explodiu na sua comemoração. O simpático atacante correu até a bandeirinha de escanteio e mostrou ao mundo como é que se ginga de verdade.

E aí? Bateu saudade da redonda? Qual é o momento das Copas que lhe faz sorrir?


publicado em 24 de Maio de 2014, 06:56
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Rafael Nardini

Torcedor de arquibancada, vegetariano e vive de escrever. Cobriu eleições, Olimpíadas e crê que Kendrick Lamar é o Bob Dylan da era 2010-2020.


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