[18+] Bom Dia, Flávia Fontana

A Flávia faz autorretratos e experimenta com o próprio celular para chegar nessas fotos

Nota editorial: estamos em busca de Bom dias com homens e com mais diversidade de corpos e peles — aqui explicamos em mais detalhes o contexto atual da série, suas origens, obstáculos e nossa visão de futuro para ela. Se você é fotógrafo(a) ou tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo jader@papodehomem.com.br .

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O que hoje faço quase como um ímpeto visceral - ao mesmo tempo intencional e ao mesmo tempo vazado do inconsciente mais profundo -, um dia foi a razão para que eu quase desistisse de tudo. 

As curvas expostas não refletiam as feridas que por muito tempo guardei. Da pior maneira, talvez, a verdade ficou translúcida nos rostos daqueles que me humilharam e também dos que se mostraram amigos. Atravessar o final da adolescência com uma experiência de revenge porn só me fez ter mais clareza sobre meus valores. O trauma despertou medos que me devoraram de dentro pra fora e me devolveram em estilhaços as minhas verdades. 

Aos poucos, recolhi peça a peça e me reergui por quem verdadeiramente sou. Parei de me importar com certas diferenças as quais não julgo saudáveis. A tranquilidade e honestidade com o meu trabalho são minhas para mim mesma. Não é a tentativa de ser sensual, não é a tentativa de parecer excêntrica. São verdades minhas que quanto mais conheço, mais sinto o desejo de explorar. 

Nudez para mim não é carne. 

Vejo formas e texturas criarem submundos em novas linguagens. Exploro pesadelo e sonho, o lado de dentro no lado de fora, o prazer em minhas ansiedades, o lado que renasce ao despertar de cada pequeno e singelo ensaio que produzo com a câmera do celular (e aplicativos de edição comuns) em um quarto de hotel durante uma viagem ou pelos corredores da minha casa. 

Minha pretensão é maior em desfrutar da minha sensibilidade. Não me considero fotógrafa, apenas gosto muito do que faço.

Boa semana a todos.


publicado em 03 de Agosto de 2015, 09:00
Foto bio

Flávia Fontana

22 anos, gosta de design gráfico, fotografia analógica, vinho, andar de madrugada, Joy Division e Alejandro Jodorowsky.


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