6 brinquedos de homem crescido

Uma vez recebi um elogio que considerei muito bonito: disseram que, apesar de eu ter crescido e me tornado um homem, eu jamais havia deixado de estar em contato com o meu lado infantil, aquele que se maravilha e brinca com as coisas como se as estivesse conhecendo e experimentando pela primeira vez.

É bem verdade, isso. No caminho que percorremos para nos tornarmos homens, acho importante que não deixemos nunca para trás os meninos que já fomos. Que arrastemos eles junto conosco pela estrada.

Até porque, sejamos sinceros: depois de adultos, temos acesso a brinquedos muito mais fantásticos.

Os bonequinhos e carrinhos que achávamos o máximo enquanto ainda podíamos mostrar a nossa idade com os dedos se transformam em miniaturas e modelos com detalhamento de encher os olhos. Os jogos simples se tornam complexos e cheios de nuances, para serem jogados com os amigos e algumas cervejas depois do trabalho.

Quer alguns exemplos?

 

LEGO

LEGO

O hall de sensações mais felizes do mundo certamente inclui encaixar e desencaixar peças de LEGO. É um prazer tátil muito característico em sua precisão, e não perde a graça com o passar do tempo.

Talvez o brinquedo mais versátil dessa lista – ou do mundo? –, o LEGO é uma grande incógnita. Ele existe, disso a gente sabe, mas não apenas em um formato, cor, tamanho ou modelo.

Ele pode ser o simples, como pode ser o do Harry Potter, do Piratas do Caribe ou do Senhor dos Anéis. Pode ser o Bionicle, com toda sua história e mitologia fantástica própria, ou o Technic, com todas as suas partes avançadas, motores e luzes. Podem ser as versões eletrônicas, para videogames, cheia de botões, ou o Duplo, com peças bem maiores e mais simples para crianças bem pequenas. Pode estar na LEGO Land, num parque temático, na sua casa ou na NASA. Pode servir para construir uma recriação de algum personagem em pixel art para enfeitar a sala ou diversas obras de arte complexas.

LEGO é tudo isso, sem deixar de ser apenas LEGO.

 

Videogame

videogames

Representando o ápice do que é considerado "brinquedo de adulto", considero o videogame a mais moderna, complexa e expansiva forma de se relacionar com a nossa ludicidade.

Há quem o enxergue como um simples passatempo acéfalo, mas eu digo que isso é uma tremenda falta de visão. Sem contar que desde 2009 é uma indústria maior que a do cinema.

Da mesma forma que temos jogos resumíveis a uma frase como "atire em quem atirar em você e siga em frente" (e não há nada de errado com eles, da mesma forma que não há nada de errado em um bom filme do Vin Diesel), há também os jogos que nos enganam para o bem, mascarando visões avançadas de arte, generosidade, literaturaempatia, mortalidade, psicologia comportamental... no mesmo pacote em que esperaríamos um Super Mario ou um Street Fighter.

Aliás, falando em Street Fighter, também não tem nada de errado com ele.

 

Cubo de Rubik

Rubiks

Mermão, nada de chamar de "cubo mágico". Essa porra aqui é séria, com campeonatos mundiais, modelos incrivelmente difíceis e gente tentando superar recordes na casa dos milésimos.

Se me deixarem com um cubo desses na mão por uma semana, eu não sei se consigo resolver, mas tem um cara chamado Marcell Endrey que demora só 28 segundos. De olhos vendados.

Sabe quem mais curte a brincadeira? Nosso editor faixa-preta Alberto Brandão:

 

"Aprendi a montar cubo pelo desafio, mas não demorou muito para eu entender um lado oculto da prática: as mina pira. Sério.
Tudo começou quando meus amigos de trabalho me desafiavam a montar o cubo antes do elevador chegar no térreo. Sempre que alguma mulher entrava, perguntava: 'Nossa, como você consegue?' Então comecei a receber abordagens no avião, ônibus, metrô. Inclusive com alguns 'me passa o seu e-mail, você precisa muito me ensinar isso'."

Se quiser aprender, comece por aqui.

 

Miniaturas e modelos

Carrinho

Nossos bonequinhos e carrinhos de infância tinham um único propósito, que nunca era explícito na embalagem: quebrar. Eles serviam para que a gente brincasse e quebrasse mesmo, sem dó. Éramos crianças.

A versão adulta disso são as miniaturas. Action figures com articulações precisas e conjuntos de acessórios detalhadíssimos, esculpidos à perfeição. Ou então estátuas e bustos bem maiores e mais impressionantes, que chegam para ocupar um espaço de destaque na sala de estar que está decorada e mobiliada com as coisas que compramos com nosso próprio dinheiro suado de adulto – ou com o que sobra dele.

Isso para não falar das miniaturas de carros, que trocam o exagero "radical" dos Hot Wheels pelo detalhamento exigido por um fã de automobilismo. Volantes que operam os eixos, recriação fiel do escapamento e do chassi e todo pedigree de uma Ferrari real, apenas em escala 1:43.

 

Quebra-cabeças fodões

Esses tempos fui a uma festa no apartamento de um conhecido. Tinha o de sempre: cerveja, música, hipsters, gente querendo impressionar, gente chata, gente se pegando. Mas tinha uma coisa diferente: um quebra cabeça gigante, com centenas de peças pequenas, parcialmente montado em uma mesa bem grande.

Foi um sucesso. Sempre havia alguns em volta do quebra-cabeça, tentando encaixar pelo menos mais uma peça. Só mais uma. Só mais uma. E assim altos papos foram se formando, amizades etílicas temporárias e possíveis parceiros de novos projetos acontecendo. Todo mundo adulto, ao redor de um quebra-cabeça.

Um bom lugar para comprar quebra-cabeças no Brasil é o próprio site da Grow – tem até um de 5000 peças do artista brasileiro Romero Britto. Outro ótimo lugar é o site AcheiPuzzles.

 

Jogos de tabuleiro importados

Tobago
Beatles
 muita

Pensar em jogos de tabuleiro e lembrar apenas de War e Banco Imobiliário é a mesma coisa que pensar em  e só lembrar de "I Wanna Hold Your Hand" e "Twist and Shout". Tem coisa incrível esperando quem for atrás de conhecer um pouco mais.

(Mas tem que ir atrás mesmo, pesquisar e procurar grupos na internet, já que esse ainda é um passatempo bem pouco difundido no Brasil.)

Os últimos anos viram um renascimento incrível dos jogos de tabuleiro europeus e americanos, com game designers fodões lançando jogo atrás de jogo, entre inéditos e clássicos renovados. Tenho a sorte de ter um amigo que é colecionador desses board games e me apresentou a vários incríveis – como Tobago, Catan, Ticket To Ride, DiXit e Carcassonne, só para citar alguns.

Quem está em São Paulo e quer experimentar esses jogos pode ir ao bar Ludus, onde você se reúne com amigos para jogar nas próprias mesas enquanto bebe e come uns petiscos, ou pode se cadastrar na Funbox Ludolocadora e levar os jogos para casa por períodos de uma semana. Em outras capitais, confesso que não conheço nenhuma opção. Se alguém souber, compartilhe nos comentários que eu atualizo aqui.

Para comprar, meu amigo colecionador disse o seguinte: "cara, no Brasil é complicado. Difícil de achar e muito caro. Recomendo tentar trazer de fora pessoalmente ou via algum amigo". Na impossibilidade disso, o jeito é preparar a carteira e apelar para sites brasileiros como este.


publicado em 18 de Julho de 2012, 08:03
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Fabio Bracht

Toca guitarra e bateria, respira música, já mochilou pela Europa, conhece todos os memes, idolatra Jack White. Segue sendo um aprendiz de cara legal.\r\n\r\n[Facebook | Twitter]


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