Como aumentar sua performance profissional, artística, física e intelectual

Segundo o dicionário Michaelis:

performance
per.for.man.ce
(fór) sf (ingl) 1 Realização, feito, façanha. 2 Atuação, desempenho.

Eis a performance nossa de cada dia. Desempenho no trabalho, no amor, na vida. Entregar sempre o melhor de si, surpreender, ir além da média. É mais ou menos o que todo mundo procura - ou gostaria de procurar - em tudo o que faz, seja o âmbito que for.

Mas como alcançar essa performance ou superar seu próprio desempenho. Esso é mesmo necessário?

Arrancamos de especialistas - leia-se, sujeitos de grande competência nas respectivas áreas, todos vindos de nossa rede - algumas respostas e pensamentos sobre o assunto.

André Costa | Performance no trabalho


What does it matter to you?
When you got a job to do
You got to do it well
You got to give the other fellow hell


(Sir Paul McCartney)


O Paul McCartney era o mais disciplinado dos Beatles

Sempre penso a performance como a conjunção de 4 fatores interligados. E isso para qualquer tipo de performance, seja nos esportes ou no trabalho.


  • Motivação

  • Padrão

  • Crença

  • Estratégia

Ter uma performance elevada, se você odeia seu emprego, só acontece se encontrar uma maneira de se tornar motivado e ver prazer no que faz. Agora, se você odeia seu chefe, seu emprego, sua área, e tudo o que faz, ainda assim existe uma luz no fim do túnel. Uma das coisas mais úteis que aprendi é a noção de que nada na vida tem significado, a não ser o significado que nós damos às coisas.

Que conceito! A partir dele você pode reposicionar o que o seu emprego significa na sua vida e se tornar motivado para atingir uma performance melhor.

“Mas espera aí!” – você pode dizer. “Eu já odeio meu trabalho. Qual a minha motivação para passar a gostar mais dele ?”

E é aqui que entra a mágica. Se o seu trabalho é tão ruim assim, ele é uma ótima fonte de treinamento para você mudar qualquer coisa na sua vida. Se você desempenha um bom trabalho em um ambiente que odeia, isso quer dizer que você é mais do que capaz de conseguir sucesso em um ambiente favorável. O próximo passo é ir em busca de um trabalho que você realmente goste.

O segundo fator para atingir alta performance é aumentar seu padrão. Aumentar o nível de exigência que põe sobre si mesmo (diferente da exigência que o seu chefe coloca em seus ombros). É como ser um atleta profissional e atacar as tarefas quase que como por esporte.

Quando seu chefe pedir algo, você provavelmente já vai ter feito, ou fará muito mais rápido do que ele mesmo espera. Os elogios virão, mas não caia nessa: você está fazendo para superar a si mesmo e estar apto a conquistar seus sonhos. Não para ganhar parabéns.Você não está mais na escola.

Repare: você está de fato sendo pago para treinar.

O terceiro fator para uma alta performance é a crença. Crenças são ideias sobre as quais você tem um sentimento de certeza, de “eu posso fazer isso”.

Uma vez perguntei ao Frederico Mattos qual seria o equivalente da psicologia para a AIDS na medicina. Ele disse sem pestanejar:

"As crenças limitantes.
Eu não posso – Eu não consigo – Eu não mereço. Essas três crenças matam mais sonhos do que a falta de recursos financeiros, falta de instrução formal, crise econômica e desemprego ou qualquer outro motivo que você queira colocar aqui".

O John Lennon, amigo do Paul McCartney, desconhecia essas crenças

Para "desarmar" uma crença limitante, pense em uma ideia como sendo o tampo de uma mesa e as pernas dessa mesa seriam as referências e eventos na sua vida que deram suporte à formação dessa sua crença. Para derrubá-la, basta desmoronar essas pernas perguntando-se:


  1. O quanto eu estava realmente comprometido com aquela tarefa quando fracassei?

  2. Será que a tarefa de hoje precisa necessariamente ser igual ao fracasso passado?

  3. Será que eu não estava usando a estratégia errada e na verdade tudo é mais simples do que parece?”

Com isso, você eventualmente vai começar a duvidar da sua crença. Será que você é realmente incompetente ou será que apenas acredita que é? Se crença é um dos 4 elementos da performance pode ser que seja só isso que falta para você ser um profissional de alta performance.

Ou pode ser que esteja faltando estratégia.

O último elemento da alta performance é simplesmente o “macete” de como fazer o que você faz de uma maneira que seja muito mais eficaz, onde você investe menos energia e obtém mais resultados. A livraria certamente será a sua melhor amiga. Procure livros sobre produtividade e também sobre a sua área. Busque modelos para imitar. Roberto Justus, Eike Batista, Jack Welch. Todos esses caras estão disponíveis para serem imitados.

Existem vários métodos de organização e produtividade e você pode procurar um que se adeque melhor à você. Não reinvente a roda: alguém já fez exatamente o que você precisa fazer, seja na área de vendas, organização, finanças ou cultivo agrícola.

Eu pessoalmente utilizo o método GTD do David Allen para gerenciamento de tarefas e produtividade.

Esse é um método que gerencia as ações que se toma e não o tempo ou as prioridades. Depois que passei a implementar esse método, minha vida deu um salto gigantesco em produtividade. Eu uso o Omnifocus para me ajudar na gestão das tarefas. Não sei se vou usar esse método para sempre, mas por enquanto ele me serve bem, me possibilitando administrar em torno de 150 – 200 ações e escolher prioridades entre elas. Se eu fosse tentar fazer isso sem um método e sem uma ferramenta para auxiliar, estaria perdido.

Com a estratégia correta, alinhando suas crenças, elevando seus padrões e se mantendo motivado, você vai pouco a pouco descobrir que pode ter uma performance elevada.

E o melhor de tudo: pode ser extremamente divertido.

Gustavo Gitti | Performance artística

Link YouTube | Mestres do ritmo falam sobre como é reunir tradições percussivas de todas as partes do globo

Não sou artista, mas ao saber desse texto fiz questão de contar um pouco do que já observei de perto em meu professor de TaKeTiNa, o austríaco Reinhard Flatischler, um dos maiores percussionistas do mundo, e também em outros grandes músicos com quem já tive contato em workshops, como Glen Velez e Lori Cotler, e em concertos e shows que tive a sorte de presenciar, como Avishai Cohen, Brad Mehldau, Béla Fleck, Billy Cobham, Airto Moreira, John McLaughlin, Zakir Hussain, Martin, Medeski & Wood, Naná Vasconcelos... Falo também lembrando de artistas de outras frentes performáticas, como Denise Stoklos, Ivaldo Bertazzo, Cia. Mimulus, Pina Bausch, Kazuo Ohno, Meredith Monk...

Algumas qualidades que encontrei em todos eles:

1. Um profundo respeito pelos seus professores e artistas antepassados da mesma linhagem. Eles sempre se consideram inferiores aos grandes mestres e consideram seu trabalho um jeito de levar adiante o que aprenderam.

2. Uma espécie de relaxamento que os protege de qualquer joguinho pessoal ou exibicionismo.

Eles não sobem no palco achando que terão de fazer um grande feito com muito esforço. Eles treinaram o suficiente para que algo aconteça por meio deles, sem esforço. Eles se consideram veículos de algo maior e portanto não chamam tanto a atenção para si. Meu professor de TaKeTiNa diz que o melhor artista é aquele que se coloca como pano de fundo e deixa espaço para que as pessoas entrem em viagens internas.

Link YouTube | Glen Velez brincando em 7 com sua esposa Lori Cotler

3. Um intento transformador, quase xamânico, que usa a arte para abrir as pessoas.

4. Esmero e precisão absurda a cada treino.

Fui ensinado, por exemplo, a nunca tocar o tschanggo (instrumento coreano) só de brincadeira, fazendo sons aleatórios, sem estar realmente presente ali, respirando, vivo. Outro exemplo, agora na TaKeTiNa: várias vezes o Reinhard insistia em detalhes ridiculamente pequenos como a pronúncia de "TiNa" focando em deixar ressoar o "N". Ele dizia que o que diferencia algo incrível de algo meia-boca são esses detalhes.

5. Uma curiosidade incessante em relação aos sons de um instrumento, aos seus efeitos mentais e corporais, às explorações de alguém que está aprendendo e às experiências das pessoas tocadas por sua arte.

Link YouTube | Zakir Hussain tocando ao lado do pai, o grande Ustad Allah Rakha

Marcos Bauch | Performance física

Quando o pessoal me chamou pra falar sobre desempenho físico fiquei espantado. Logo eu que nem de longe sou um atleta de ponta e nem um cara totalmente comprometido com o esporte. Pratico esportes pela simples sensação de satisfação e realização que ele me proporciona.

Pô, mas que desempenho é esse que eu devo comentar? Será que só um atleta de alto rendimento tem um bom desempenho físico?

Claro que não. Não faltam exemplos do lixeiro que virou maratonista, gari que se tornou fisiculturista, garçom que resolveu correr pra esquecer um amor. Todos esses caras possuem um desempenho físico formidável e, não só isso, mas também uma garra e força de vontade incríveis, mas não chegam nem perto de ser um Usain Bolt.

Percebi então que o foco do meu texto não é sobre o desempenho físico em si, mas sobre como definir o que é um bom ou mau desempenho.

Um dos parâmetros que me veio à cabeça seriam as metas que buscamos dentro de cada atividade. Se você se propõe a correr 5km, e conseguiu, você tem um desempenho físico excelente, dentro das suas metas.

Eu, por exemplo, tenho como meta nadar percursos cada vez mais longos e participar de travessias em mar aberto ao redor do mundo. É uma meta que parece simples, mas que acaba influenciando toda a minha vida e meus hábitos.

Treino natação 4 vezes por semana e faço musculação 2 vezes por semana. Isso quer dizer que se eu não me alimentar bem ou não tiver um bom sono na noite anterior, meu treino do dia seguinte não vai ser nada proveitoso. Ou seja, estabelecer e atingir metas é mais um estilo de vida, do que uma resolução pontual.

Mas só isso não é suficiente. Em qualquer atividade física é essencial lembrar que você é seu maior oponente. Sempre.

Costumo brincar que natação de águas abertas não é um esporte fácil para a mente.

Você passa muito tempo sem interagir socialmente, sem ver nada muito interessante, sem ver outras pessoas, sem ouvir nada alem da água batendo e sua respiração. É apenas você e seus pensamentos, por horas a fio.

Eu gosto de cantar enquanto nado. Minha mente parece uma vitrola ou um radinho à pilha: sempre tem uma música tocando.

Ultimamente tenho tentado diminuir o volume dessa vitrola mental, focando apenas no barulho d’água. Me parece que dar menos atenção para os pensamentos (ou músicas) deixa o meu nado mais eficiente, liberando o corpo pra fazer o que ele é treinado pra fazer. Lógico que não é fácil, embora, às vezes, 1km passe sem que eu tenha percebido.

O bom de atrelar seu desempenho com suas metas é que sempre se pode ir além. As metas sempre podem evoluir, seu desempenho físico irá junto e você saberá se avaliar (e cobrar).

O pulo do gato é estabelecer metas ambiciosas; adaptáveis, mas atingíveis. O objetivo é não descansar enquanto não chegar lá, sem perder de vista o treinamento. E mesmo que sua meta seja pequena, comparada às dos outros, levantar a cabeça e dizer: “hoje eu andei 1km!”

Eduardo Pinheiro | Performance intelectual

Nunca me achei mediano.

As pessoas ao meu redor sempre acabam reassegurando que sou muito inteligente, sem falar de sempre dar aquela espezinhadinha quando erro algo que supostamente devia saber. Porém, quando entrei no curso de física eu não estudava desde a quarta-série do fundamental.

Na verdade, nunca soube estudar: não me interessava pelo que ensinavam na escola, e simplesmente ia levando e passando de ano com algumas recuperações. Porém na Física eu percebi que se eu não separasse um tempo todo dia para resolver problemas, não ia dar (e não deu, larguei o curso). A pessoa pode ter certa facilidade de entender os conceitos, mas se não desenvolver os hábitos e se tornar ágil com a matemática (no caso da Física), ela não vai longe.

A partir daí perdi boa parte do meu orgulho usual (um tanto alimentado por família e amigos) quanto a meu intelecto. No que tange certa “facilidade”, creio que sou ligeiramente, nada mais do que isso, acima da média – mas no que tange a diligência e tenacidade em se aplicar em aprender algo, sou tremendamente inferior à média.

Porém às vezes ainda me surpreendo com a preguiça de pensar que vejo em algumas pessoas. Como disse, não tenho muita capacidade para o esforço continuado, porém, quando o assunto me interessa, tendo a ser absolutamente obsessivo. Tenho segurança que, se eu me focar e tiver tempo, nada é realmente difícil de aprender.

Vejo que a maioria das pessoas vê certos assuntos como intransponíveis. Nesse sentido acho que um terceiro fator, além da constituição básica da pessoa, e do esforço que ela coloca, é importante: certa confiança em sua própria capacidade. Vejo claramente isso na área de informática e línguas, há quem simplesmente feche a mente perante certos entendimentos. Isso, creio, é uma obtusidade que algumas vezes justifica a falta de interesse, mas em outros casos é a causa dessa falta.

* * *

E você, está satisfeito com sua performance atual, nos diferentes campos da vida em que está inserido? Como faz para melhorar seu desempenho?

Mecenas: Samsung Ultrabook

Referências e experiências com performance podem vir de muitos lugares diferentes. Uma dessas opções é a central da Ultra-Ajuda.

Lá o Rodrigo Hilbert e a Mariana Weickert vão te dar boas dicas para melhorar sua performance, perder peso e melhorar o visual.

Se você quiser melhorar em alguma dessas áreas ou acha que algum amigo precisa dessas dicas, manda o link do site da Ultrabook pra ele.


publicado em 01 de Outubro de 2012, 11:00
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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