La Saidèrre: etimologia e banalogia

Oi.

Link Vimeo | Assista o vídeo. Até o fim. Mas deve ser até o fim. Uma épica jornada e um croissant de presunto parma e queijo minas dependem de você.

Uma forma de arte quase morta acaba de renascer e eu estou aqui para contar a história por trás disso tudo.

O longínquo ano de 1789 ia se arrastando em meio a tavernas coloridas, músicas e cortes de cabelo que todos mais tarde iriam se arrepender, mas que fariam sucesso novamente no início do século XIX. Esse ano também foi o ano de uma onda de calor insuportável na Capitania de Minas Gerais, no Brasil. Maria Joaquina de Amaral Pereira estava cansada de tudo isso. De cerveja choca e daquela música brega. Sem contar que as conversas de taverna eram chatérrimas naquele tempo. Majoá, como era chamada, estava cansada daquilo e resolveu que deveria mudar de ares.

Além da roupa colorida, o fim da década de 80 também ficou conhecida como "O Início Da Época Que Fez Napoleão Ser Enganado Por Don João de Portugal". Tão terrível como teclados de mão. Essa cadeia de eventos culminou em dois acontecimentos que mudariam a vida de muitos: Os dois gols de cabeça do Zidane na final de 98 e o nascimento de uma língua nova. Foi também o nascimento do Croissant das Gerais, mas isso é para mais tarde.

Majoá, por acaso do destino, era a preferida de Don João, mais conhecido como "Aquele Gordo Nojento das Asinhas de Frango". Não para sexo, é claro. Mas Maria era conhecida por ser a melhor fritadora de asinhas de frango das Capitanias Hereditárias. E aconteceu de, tempos mais tarde, ela ouviu Don João reclamando que poderia perder o escroto pela falta de banhos e também que precisava dar uma resposta a Napoleão. E rápido. O baixinho francês era bom de matemática, nunca iria invadir a Rússia ou cair numa piada de portugueses. "Majô", esperta como era, disse para Didjei que ela iria pessoalmente a Napoleão dizer o que era para ser dito. E que, diante das asinhas de frango, homem nenhum resistiria aos charmes de uma mulata.

No caminho para a França, Maria percebeu que aqueles homens afeminados com nariz grande falavam como cabras albinas de rinite e que precisaria se aperfeiçoar naquela língua estranha para convencer o Imperador que ela era a mulher certa para estar ao lado dele quando dominassem o mundo.

Começou aí a gênese da arte falar A Língue.

Uma noite, na tenda com o Imperador, Majoà a Mulatá disse ao seu amado.

“Sé vam dominarr o monde, ess deverrá ser a língue mes faladê. A Língue oficiale”

Napoleão pegou mais uma asinha do balde e disse:

“Tude que quizerrè. TUDE!”

"Xè comigue"

O Imperador mandou então chamar os Escolhidos. Virgens albinos castrados que iriam escrever “Lé Dicionerrè”, a partir dos ditos de Majoá.

A esse tempo, Don João já havia deixado seu filho no Brasil e zarpado em busca de suas amadas asinhas de frango Kruz Foi Credo, as melhores do mundo. Don João prometeu aos ingleses que se eles dessem um jeito dos Russos destruírem Napoleão e trouxessem Maria de volta todas as riquezas do reino seriam deles. E a Copa de 66 também.

Vale lembrar aqui que um certo dentista era cliente de Majoá. E que assim como Don João ficou tão revoltado com o fim do KFC que fez uma revolução que culminou na extradição de técnicos de futebol para a França. Particularmente um que mais tarde foi para a Argélia. Um deles era conhecido como Marcinho Se Dane, um rapaz nervoso que mandavam se danar àqueles que diziam que cabecear uma bola nunca seria possível no futebol.

Como vocês sabem. Napoleão foi derrotado e Maria Joaquina de Amaral Pereira nunca entrou nos livros de história. E até pouco tempo atrás sua história havia sido perdida. Mas aqui vai...

Majô fugira com os escravos de três pernas que, graças a ela, haviam atingido o ápice da arte do... bem, eles continuaram o trabalho dos albinos castrados, de uma forma mais prazerosa e fluída eu diria. Os ingleses, os prussianos e os russos haviam caçado e matado quase todos que falavam a "Língua Proibida do Imperador", então Maria precisava voltar para o Brasil, e disseminar a língua para que ela não se perdesse jamais. Ela e seus escravos deformados conseguiram embarcar clandestinamente em um navio luxuoso chamado Cruzérre Robér Carlô. Servindo daiquiris e martinis enquanto seus escravos alimentavam o rinoceronte de um fidalgo particularmente esnobe, Maria chegou ao seu destino: A Groenlândia.

De lá para cá, pouco se sabe. Mas o que contam nos botecos do Rio, Minas, São Paulo e micaretas espalhadas pelo Brasil, é que sempre haviam “uns caras aí” citando um livro místico, encontrado na Islândia por um brasileiro espião da Colômbia na época da Guerra Fria, um livro que contava em uma língua proibida todos os maiores segredos da boemia. Dizem que Lé Dicionerrè nunca foi terminado, que é um trabalho constante e que diversos novos termos são adicionados todos os dias. Termos que explicam coisas como as "50 Decupé Parr Dar Um Trepáde", ou "Come 5 Malluque Podem Beberre 3 Engradáde de Antarticá Sem Morrére".

Um livro escrito através dos séculos. A Bíblia dos Anjos, ou Lè Bible dus Anje. Incontáveis homens já perderam a vida em busca de seus segredos. Alguns sabem e conhecem a língua proibida, mas nunca sabem contar como a aprenderam. Acordaram na sarjeta e voilá.

"Èu érre amigue de Majoá, mas èle ére uma vaque"

Eu não sei de nada. E isso é tudo que posso contar a vocês.

Vive lá Marrie!


publicado em 01 de Agosto de 2012, 21:00
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Pedro Turambar

Pedro tinha 25 anos e já foi publicitário. Ganha a vida fazendo layouts, sonha em poder continuar escrevendo e, quem sabe, ganhar algum dinheiro com isso. Fundou o blog O Crepúsculo e tem que aguentar as piadinhas até hoje. No Twitter, atende por @pedroturambar.


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