Legumes náuticos

Mas então, a parceria do PdH achou que o índio véio só se mete em coisa de churrasco e outras tranqueiras do gênero. Ledo engano. Também dou conta da cozinha com todos seus pratos e aparatos e para não ficar de lenga-lenga, apresento duas variações com frutos do mar, ou de legumes náuticos como queiram,  preparos de longa folha corrida na minha caseira cozinha.

O cuscuz é um prato típico de São Paulo que aprendi com minha mãe. A moqueca, ou ensopado, fui adaptando e cheguei nessa receita que gosto de fazer para públicos maiores.

Cuscuz de Panela

Sabe que, bom mesmo, é comer um cuzcuz né


  • Meio quilo de camarões médios;

  • Uma cebolona;

  • Uns três dentes d’alho;

  • Dois alhos-poró em rodelas (parte branca);

  • Dez tomates maduros sem as sementes;

  • Sal, molho de pimenta e muito azeite de oliva;

  • Ainda vai um limão;

  • Meio vidro de palmito;

  • Um punhado generoso de azeitonas verdes e outro, mais ainda, de ervilhas (das congeladas);

  • O conteúdo de uma lata de sardinhas;

  • Dois ovos cozidos em rodelas caprichadas.

Para a textura, umas sete xícaras de farinha de milho média e meia de farinha de mandioca.

Coloque na vitrola o vinil Abraxás, do Carlos Santana, para o toque de latinidade desse preparo colorido e vibrante.

Abra uma cerveja, sirva um copo e tome o primeiro gole de olhos fechados. Respire fundo e comece os trabalhos, deixando os camarões descansando com suco de limão e uma prisca de sal.

Aqueça uma panela de categoria, junte o azeite, a cebola e o alho picado, e refogue, mexendo sempre (os ingredientes, não a bunda), até a cebola ficar macia. Outro gole antes de adicionar os alhos-porós, os tomates e um gole de água caliente, remexa e tampe a panela, espie de quando em vez, re-mexendo até os tomates se desmancharem.

Acrescente os camarões (reserve alguns para decorar) e tempere com o sal e a pimenta. Cozinhe rapidamente, sem deixar secar o molho. Outro gole ou outra garrafa?

Junte o palmito, as ervilhas cozidas e as sardinhas, reservando um pouco de cada ingrediente para decoração. Misture tudo meigamente e deixe aquecer.

Aos poucos, fogo baixo, acrescente as farinhas, mexendo devagar por alguns minutos, até obter uma mistura úmida.

Ah, vai dizer que depois da primeira legenda infame você não pensou em algo assim

Tire do fogo. Unte uma forma de bolo grande com azeite de oliva e decore o fundo e os lados com os ovos cozidos, os camarões, os tomates, o palmito, as ervilhas e as sardinhas reservadas.

Cuidadosamente, coloque o cuscuz na forma e pressione levemente. Deixe descansar e tomar gosto, respire fundo e coloque com esmero num prato bonito. Pode se servir quente ou frio, com saladinha de verdes, arroz integral, e regando com muito azeite e gotas daquela pimenta bandida. A bebida para harmonizar com os sabores culturais desse projeto culinário é a cerveja. É, mané, aquela mesmo que você já está tomando.

Moqueca Cultural

Consiga:


  • Um quilo e meio de peixe de carne firme: cação, anjo ou merluza;

  • Uma três cebolas;

  • Meia dúzia de dentes de alho;

  • Três tomates bem maduros;

  • Um pimentão vermelho e outro verde;

  • Salsa e cebolinha em profusão;

  • Azeite de oliva;

  • Suco de limão;

  • Dois copos de vinho branco seco;

  • Um vidrinho de leite de coco;

  • Azeitonas sem o caroço;

  • Coentro em grãos para aquele gostinho gourmet;

  • Farinha de mandioca e, por supuesto;

  • Sal e molho de pimenta.

Inicie a "operação moqueca" cortando o peixe em cubos de uns 5 cm. Esprema limão, espraie o alho picadinho, sal e deixe tomando gosto enquanto pica os outros ingredientes.

Esse negócio aqui tem um cheiro sem igual. O caldo começa a borbulhar e a felicidade invade a casa toda

Cebolas em ricas rodelas, tomates em belos pedaços e pimentões em cuidadosas tiras. Tempero verde picado médio.

Panela alta com azeite no fundo, comece a preparar as camadas com cebolas, espraie parte do peixe, agregue tiras de pimentão, rodelas de tomate e azeitonas. Depois a salsinha, a cebolinha, grãos de coentro e algum sal espalhados. Para finalizar, um generoso gole de leite de coco. Repetir camadas, calculando os ingredientes para umas três ou quatro, então acende o fogo. Quando aquecer a panela, despejar o vinho branco. Se quiseres incrementar esse preparo, alguns camarões lançados aqui e acolá seriam bem vindos.

Em outra panela para o pirão, ferva três xícaras de água, louro, caldo legumes e molho de pimenta. Pode-se usar também ossos e a cabeça do marítimo ser.

Quando ferver bem e os caldos começarem a subir na panela do peixe, roube algumas conchas para o pirão. Tampe. desligue o fogo do peixe e faça o pirão despejando a farinha de mandioca em chuva, mexendo sempre com aquela sua colher de pau mágica. Nem muito mole e nem paçoquento.

Corrija o sal/pimenta do pirão e aqueça o peixe. Se ficou muito caldeado, sirva alguma doses e "xiqrinhas". Agregue salsinha, azeite e apresente como entrada. Sirva a moqueca na panela, com o pirão ladereando, para acompanhar basta um arroz branco, pois a comida já é colorida. Um vinho branco quase gelado faria uma boa presença.

Quero ver ler post e não querer sair do escritório pra comer uma belezinha dessa em casa, com os amigos

E então pode correr para o abraço.


publicado em 30 de Outubro de 2011, 05:07
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Luiz Minduim

Luiz Minduim é artista gráfico, professor, cozinheiro, assador bagual e balaqueiro dos bons! Mora em Pelotas, região do grande Pampa há mais de 30 anos, gaúcho por opção e coração.


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