O Fútil, a Roupa e a Cor de Pele | Dicas Ilustradas

Passar o dia inteiro no computador deixando muitas vezes de experimentar grandes experiências ao vivo é uma idiotice sem tamanho. Assim como nunca entrar no computador e deixar de aproveitar as vantagens que ele nos oferece é algo igualmente estúpido.

O mesmo se aplica ao conhecimento do vestuário. Viver totalmente em função de suas roupas é superficial e tolo, porém, não querer ter nenhum conhecimento sobre elas e por isso não utilizar as vantagens oferecidas é tão bobo quanto.

Entendida esta parte, iremos para a segunda colocação importante:

Falar sobre roupas é fútil?

Na verdade, se considerarmos que futilidade é tudo aquilo que não é essencial a nossa vida, chegaremos a conclusão que nenhum assunto é futilidade, mas sim que a seleção de assuntos que fazemos é o que torna cada um deles superficial ou não.

Explico:

Primeiro caso

Suponhamos que eu seja um controlador de voo de vida estressante, sou solitário. Passo os dias lendo obras de grandes pensadores e adoro filmes "água com açúcar", minha folga é na segunda e eu resolvo ir em um pub tomar uma e tentar conhecer uma garota.

Sou um cara normal, tenho conteúdo, gostaria que a garota da mesa ao lado me notasse para que só depois eu chegasse nela para conversar, afinal, sou bem tímido.

Um pouco antes de sair de casa eu dei uma lida em uma matéria que me ensinava sobre como combinar as cores e as formas da minha roupa. Apliquei o que aprendi e com isso realcei meu potencial estético, a garota me notou mais facilmente, opa, agora é comigo, hora de me aproximar e conversar.

Segundo caso

Suponhamos que eu seja um controlador de voo de vida estressante, sou solitário, passo os dias lendo sobre desfiles de moda e adoro blogs que postam as tendências que estão em alta. Minha folga é na segunda e eu resolvo ir em um pub tomar uma e tentar conhecer uma garota.

Sou um cara normal, gostaria que a garota da mesa ao lado me notasse para que só depois eu chegasse nela para conversar, afinal, sou bem tímido.

Um pouco antes de sair de casa eu dei uma lida em uma matéria que me ensinava sobre como combinar as cores e as formas da minha roupa, apliquei o que aprendi e com isso realcei meu potencial estético, a garota me notou mais facilmente, opa, agora é comigo, hora de me aproximar e conversar.

E aí?

Nos dois casos,a informação que li antes de sair de casa foi muito útil e me ajudou no que eu queria, ser notado pela garota da mesa ao lado.

Na primeira situação eu sou um cara que sabe um pouco de diversas coisas, filmes bobos legais, literatura e até um pouco sobre roupas. Minha chance com a garota parece só aumentar no decorrer da nossa conversa. Já no segundo exemplo eu sei basicamente tudo sobre um só assunto, o que diminui a minha probabilidade de falar sobre algo que agrade a moça (são 3 assuntos no caso 1 contra 1 assunto no caso 2).

Ou seja, as informações que eu tenho sobre moda no caso 2, embora fossem mais completas que no caso 1, só tornaram minha conversa mais superficial, pois eu não falava mais sobre nada a não ser roupas.

O mesmo assunto adquiriu aqui vertentes diferentes em cada uma das situações, ou seja, a futilidade aqui está na pessoa e não no assunto.

E não pense que isso se aplica só ao vestuário. Quando eu tenho um dia pesado depois, de jantar eu entro em um portal de notícias e a primeira coisa que vejo é sobre meu time, leio todas, “fulano diz: este é um jogo chave”, “ciclano prepara comemoração nova” e assim por diante. Todas estas são informações a princípio inúteis e não mudarão em nada minha vida, a não ser pelo fato de que elas me entretêm e me ajudam a descansar a mente depois de um dia intenso de trabalho, me relaxam e me deixam mais sossegado para um banho.

É claro que se eu passasse o dia vendo notícias deste tipo elas se tornariam fúteis e descabidas e exerceriam sobre mim um peso negativo.

Não se trata da informação, mas sim de como e quanto você interage com ela.

Dito isso, o que passarei pra vocês agora serão maneiras de harmonizar as cores do seu corpo com as cores de suas roupas, para dar aquela sorte de ser (bem) visto logo pela garota do pub.

É importante lembrar que sempre existirão exceções a todas as regras aqui aplicadas, pois para uma combinação 100% eficiente, teríamos que ter todas as características imagéticas de uma situação levadas em conta, são elas:


  • As cores do ambiente;

  • A cor e intensidade da iluminação; A

  • As cores dos itens e das pessoas neste mesmo campo de visão.

Mas fiquem tranquilos: as dicas a seguir já cobrirão grande parte das dúvidas sobre harmonia cromática que possam ter com relação as suas cores e de suas peças.

É de extrema importância que esta análise seja julgada sobre um viés unicamente estético e de harmonia cromática. Dar características sociais a seres humanos tomando por base suas cores é algo estapafúrdio, inadmissível e contrário a tudo que a humanidade representa (vide o ignorante e limitado Marco Feliciano que não merece mais palavras a não serem estas).

Agora deixemos de conversa e vamos ao que vocês mais querem, as dicas práticas: as combinações e explicações serão feitas desconsiderando as cores das calças, pois esta será outra etapa mais complexa de avaliação e ainda não revelamos informações suficientes para apresentar este tipo de conteúdo.

Obs: o branco, o preto e as variações tonais entre eles são cores (chamarei de “cores” para simplificar) totalmente neutras que combinam com todos os tipos de pele, por isso não coloquei nenhum exemplo com eles.

Serão consideradas combinações satisfatórias as que realizarem um bom contraste entre a pele/cabelo do indivíduo e sua peça de roupa. Também serão consideradas assim as combinações que derem aspecto cromático saudável a pele. Não levarei em conta fatores culturais durante esta análise.

Normalmente, quando lemos sobre esse tipo de informação na Internet, acabamos sendo confundidos por duas ausências muito importantes que tento sanar aqui.

A primeira é que grande maioria destes guias não são feitos no Brasil, então quando levam em consideração a cor negra, ela costuma ser sempre mais escura do que a do brasileiro negro em geral. Por isso, dei exemplos com dois tons de pele negra, uma mais escura e outra mais clara. Acredito que desta maneira a pesquisa seja mais útil, visto que há grande diferença entre elas para compor estas combinações.

A segunda questão crucial é que os guias falam muito sobre as cores (matiz), mas muitos esquecem de comentar a diferença que a saturação (ou falta dela) causa em cada cor. Este é um fator importantíssimo e que altera completamente a percepção da harmonia cromática.


  • Valor: se refere a claro e escuro

  • Matiz: se refere a diferença entre cores

  • Croma: se refere a saturação da cor

1.

Loiros se dão bem com Azul. A velha parceria Azul/Amarelo funciona muito bem para tudo e aqui não seria diferente. É interessante notar que a peça menos saturada (1) funciona melhor, como o contraste já acontece na matiz (azul e amarelo) a saturação parecida entre pele e camiseta fica homogênea, mas não insossa.

2.

Se você é loiro, reveja o seu guarda roupas e adquira mais peças marrons. Essa cor funciona muito bem com loiros e utilizá-la faz com que aconteça um tom sobre tom bem interessante. Mais uma vez nota-se que a saturação (2) não é a melhor opção pois a harmonia entre pele e peça fica comprometida.

3.

Uma imagem vale mais que mil palavras, não é mesmo? Não perca seu tempo tentando realizar o milagre de ser loiro e ficar bem de amarelo, vá na fé meu amigo, esqueça esta possibilidade. Apesar de podermos pensar que a ideia de tom sobre tom funcione, aqui estaremos errados pois é a pele que deve fazer o tom sobre tom com a peça e não o cabelo (lembre-se que a pele é rosada neste caso e não amarelada).

4.

Essa é uma das raras cores que funcionam bem de maneira saturada em quem é loiro (lembre-se do que disse sobre o tom de pele). Se quer usar uma cor viva, o vermelho não tem erro. Ele funciona como tom sobre tom de sua pele e não é prejudicado pelas cores do cabelo que aqui soarão neutras. Esqueça a opção sem saturação (1) porque este tom de carne rivaliza com o da pele, o que prejudica a leitura de uma cor saudável para seu rosto.

5.

O uso de verde é controverso aqui. Embora não seja uma combinação complementar (amarelo/verde), o verde faz com que o tom de pele se torne mais avermelhado e, por isso mais saudável, o que é uma qualidade positiva com certeza.

Porém, nesse caso, eu particularmente creio que o verde, quando saturado, acaba por chamar muita atenção (2) e, quando sem saturação (1), deixa toda a combinação homogênea e apagada demais.

6.

O cabelo escuro facilita muito, dando ao rosto claro um contraste bem demarcado. Esse é um dos fatores que faz com que este biótipo seja tão utilizado na moda, pois aceita muito bem vários tipos de cores e saturações. Neste caso, os dois tons de azul funcionam bem, basta apenas que escolha qual tem mais a ver com sua personalidade.

7.

Ao contrário do que acontece com quem é loiro, o marrom se opõe ao tom do cabelo aqui e não funciona tão bem (pensando que a camiseta tem matiz vermelha e o cabelo tem matiz azulada).

Mas se levarmos em conta uma pessoa branca, diferente da pessoa da foto, ou seja, que tenha cabelo puxado para o castanho escuro e não para o negro azulado, ai a combinação funciona melhor pois a matiz vermelha se mantém neutra. A versão saturada (2) não me agrada mesmo assim, acredito que acabe por ser uma cor que prejudique a visualização de um tom saudável de cor de pele.

8.

Aqui o amarelo pode ser utilizado, graças ao contraste bem marcado que o cabelo e pelos exercem na pele.

Ainda assim é uma cor que mesmo em sua versão saturada (2) tende a deixar a pessoa que a veste pálida devido ao conflito de matizes entre camiseta (amarela) e pele (rosada), por serem matizes muito próximas.

9.

A opção menos saturada (1) se mantém rival da cor de pele.

A segunda opção é um ótimo resultado da nitidez que pode ser obtida com os contrastes tanto de matiz (cor) quando de croma (saturação) e valor (claro/escuro), cabelo com pele e pele com camiseta tornam esta uma opção de excelente visibilidade e equilíbrio.

10.

Ei sortudo, mais uma vez ficou fácil para você aqui.

Ambos os tons de verde fazem com se sobressaia o tom avermelhado de sua pele, o que o deixará com aspecto saudável. As 2 opções podem ser usadas sem problema pois o cabelo escuro evitará que a combinação fique muito apagada na primeira opção e que chame muita atenção na segunda opção.

11.

Um tom de pele mais escuro facilita bastante a combinação com as cores das peças, pois a chance de uma cor tornar a aparência da pele pálida neste caso é pequena.

No caso do azul, os 2 tons são positivos, assim como já citado na pele branca com cabelo escuro, aqui se trata apenas de preferência quanto a escolher uma das duas opções.

12.

Semelhante ao efeito que o amarelo proporciona em quem é loiro, nós temos o marrom em quem tem a pele mais escura.

Porém, a versão sem saturação (1) se salva aqui, ela funciona como um tom sobre tom da cor dos cabelos e pelos, o mesmo não pode ser dito da versão saturada (2) que deixa o contraste estanho pois a matiz é muito parecida, mas o croma é totalmente diferente.

13.

Devido o tom de pele ser bem mais escuro que a cor da peça, o amarelo se comporta bem nas duas situações.

Tenho preferência pela versão mais saturada, pois enxergo o contraste mais claramente e ainda assim de maneira harmônica com o todo.

14.

Aqui esta o único tom de pele que recebe bem o vermelho sem saturação (1). O que me intriga é que aqui a matiz e também o valor são bastante semelhantes, então a princípio não teríamos uma boa combinação, porém, meus olhos traem a razão e me mostram algo que funciona muito bem.

Não cheguei numa conclusão lógica neste item e ainda preciso entender o porque deste caso ser uma exceção (aceito sugestões). Talvez a pele contenha, além da matiz vermelha, um pouco de matiz amarela e isso evite a palidez que deveria ocorrer entre camiseta e pele.

Sobre a versão saturada (2), se trata um clássico sem erro. É um contraste de valor muito bem realizado e de matizes harmônicas muito próximas.

15.

Como podem ver, a cor verde sempre funciona bem para ressaltar o aspecto corado e, portanto, saudável da pele.

As duas opções harmonizam muito bem a combinação, o que faz com que a escolha por uma delas seja mais uma vez uma questão meramente de personalidade.

16.

A pele negra mais escura é, na minha opinião, a que possibilita as combinações mais ricas quando o assunto é harmonia com croma.

Este caso é um exemplo: embora o azul menos saturado (1) funcione muito bem, é impossível não notar o destaque de contraste e a beleza cromática proporcionada pela segunda opção.

17.

As duas alternativas podem ser executadas com resultados positivos, ambas compõem de maneira harmônica a combinação.

É interessante notar que no primeiro caso, onde o marrom é menos saturado, ele nos dá a impressão de ser mais esverdeado. Isso ocorre devido a relação entre ele e a cor de pele, como a pele aqui é mais saturada sua matiz “vence” a da camiseta e por isso é a camiseta que adquire a característica esverdeada e não a pele.

18.

Mais uma cor que, saturada ou não, fica muito bem neste tom de pele.

O contraste entre os valores da pele e da camiseta são ótimos e por isso são também clássicos. É interessante notarmos que, devido ao croma existente nas camisetas (em maior ou menor proporção), esta combinação funciona até melhor do que funcionaria se fosse utilizada uma camiseta branca.

19.

O vermelho menos saturado (1) torna este arranjo uma versão sem graça de composição, embora o tom de pele não se torne mais pálido com ele, é a pele que torna a camiseta pálida neste caso.

Já na segunda opção o aumento do croma nos dá a ilusão da peça ser mais clara do que realmente é, o que por conseqüência aumenta o contraste entre peça e pele e deixa a combinação mais atraente aos olhos.

20.

Ok, este tom de pele é

Mais uma vez uma cor que tem aplicação positiva qualquer que seja seu croma ou seu valor. Na primeira foto, a camiseta serve de trampolim para a acentuação de um tom de pele vivo e intenso. Na segunda, temos o contraste entre matizes com ponto forte, já que o croma é bem parecido entre pele e peça.

21.

Ruivos reagem as cores de maneira parecida aos negros de pele bastante escura, ou seja, funcionam extremamente bem com cromas intensos.

Isso ocorre pois eles possuem, em sua pele e cabelos, um nível de saturação mais alto do que geralmente é encontrado nos loiros e nos brancos de cabelo escuro, o que favorece o contraste com as peças de roupa.

Neste caso específico, a matiz da pele e do cabelo é tão diferente da camiseta que faz com que o contraste ocorra independentemente do croma, tornando as duas opções bem plausíveis de serem utilizadas.

22.

É curioso notar que a alteração da saturação desta peça pouco altera o resultado final da composição.

Isso se justifica se pensarmos que os cabelos e pelos já “rebaixam” a vermelhidão do marrom da camiseta como um todo e, desta maneira, ambas as peças acabam reagindo de maneira parecidas na composição. De todo modo, é uma boa aposta de cor se a ideia for chamar atenção para o aspecto corado da pele.

É claro que, às vezes, este é exatamente o objetivo contrário que um ruivo busca, então, o uso ou não dessa cor vai depender totalmente da sensação que ele pretende obter com a cor em questão.

23.

Uma combinação difícil.

Nas duas situações a matiz contrasta bem com a cor da pele, porém, seu valor (claro/escuro) não é favorecido pelo baixo grau de contraste com os cabelos e pelos ruivos, o que acaba resultando em uma junção pouco atrativa aos olhos.

24.

A temida cor de carne (1) ataca novamente! Uma união nada boa, pois o efeito de palidez irá se abater não só sobre a peça, mas também na pele, pois se tratam de cromas e matizes muito parecidas (camiseta/pele/cabelos).

A solução aqui é optar pela camiseta com mais saturação (2), por ter o croma bastante acentuado ela não gera dúvidas sobre o contraste e torna muito harmônico o claro e escuro da composição.

25.

Aqui está mais um exemplo que o conflito entre que as cores pode acarretar. Com relação ao contraste, temos uma ótima visibilidade (vermelho e verde são complementares), tanto em matiz como em valor a atração que a imagem anuncia é evidente.

Porém, se levarmos em conta que os ruivos não desejam se tornam mais ruivos (leia-se “vermelhos”), então teremos uma combinação que não supre a necessidade em questão. Este é um caso onde teríamos uma ótima imagem de moda (com contrastes vistosos e ressaltados ao extremo), mas que teríamos também uma combinação desagradável para o usuário na vida real, uma vez que tornaria sua cor de pele muito diferente de uma cor considerada normal.

Esta é uma questão totalmente pessoal e este artigo não se propõe a tratar sobre isso.

As informações aqui não são mastigadas e não se prestam a tomar nenhum partido, o que você fará com elas é que dará ou não significado a tudo que eu escrevi.

Espero que tenham sido úteis e que novas possibilidades se abram a partir delas.


publicado em 21 de Março de 2013, 21:00
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Bruno Passos

Pintor. Ama livros, filmes, sol e bacon. Planeja virar um grande artista assim que tiver um quintal. Dá para fuçar no Instagram dele para mais informações.


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