"O que aprendi com as artes marciais", com Cemil Uylukçu

A arte marcial para além da parte física

No dia posterior ao 3º Cabana-Do, já mais descansados, tivemos uma bela conversa com o Sifu Cemil Uylukçu. Ele nos falou sobre várias de suas impressões e experiências como praticante e como professor de artes marciais. A Luiza de Castro registrou tudo e depois editou este vídeo, que agora compartilhamos com vocês.

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Principais falas

Alguns trechos que destaco:

"São quase 22 ou 23 anos nas artes marciais, e ainda me vejo como aluno. Porque, eu acredito, se você para de ser um aluno você estreita sua mente."
"Chamamos de "artes marciais" porque não é apenas lutar. Luta e defesa pessoal são parte disso, mas nós chamamos de "artes marciais" porque não é apenas algo físico. Você pode expressar a si mesmo nas artes marciais, ou em qualquer arte."
"Incentivamos os estudantes a encontrar equilíbrio, procurar o equilíbrio de Ying e Yang dentro de si mesmos. Mesmo que estejam praticando técnicas de aspecto brutal, se eles não forem amigáveis, se eles não puderem encontrar equilíbrio na vida e no caráter... nós não gostamos disto, não queremos isto."
"Sparring, ou estes tipos de exercícios, fazem o aluno entender: 'Oh, eu tenho muitas coisas aqui dentro!'. Químicas, a adrenalina correndo, o stress, o medo... não se sabe que golpe vem, e de qual ângulo. Então é um exercício bastante complicado, de fato.
Se você desenvolve essa habilidade, se você aprende essas táticas com as artes marciais, isso afeta sua vida, você experimenta isso na na vida real – nos negócios, nos relacionamentos, qualquer outra coisa – você começa a entender, começa a focar em algo a mais Você ainda está se tornando mais amigável, ainda se tornando mais relaxado, e também está começando a ver e a focar em outras coisas.
No trabalho você se concentra mais nos negócios, no que estão te oferecendo. Ou numa discussão no seu relacionamento, com sua namorada ou namorado, você começa a entender: "Ok, eu deveria me acalmar. Porque estamos brigando?". Somos humanos, é claro, nos exaltamos às vezes, mas ainda podemos conversar relaxadamente, tentar resolver os problemas, de uma maneira normal e relaxada.
Então eu acho que as artes marciais e várias outras atividades físicas ajudam as pessoas a entenderem isso tudo. É um grande benefício das artes marciais."
"Aconselho os alunos a persistirem, continuarem praticando, mantendo sua disciplina, respeitando seu instrutor. E o grande segredo é repetição, dedicação e paixão. E se tornar um com a arte."
"Se você quer saber se alguém é um bom instrutor ou não, deveria, definitivamente, olhar para os seus alunos. É a única forma de saber se é bom ou não."

Como essa história começou

A história começou há um ano, quando saí procurando por um espaço pra treinar artes marciais aqui em Joinville, e acabei conhecendo o Gil Eanes – professor de Wing Chun e Eskrima. Começamos a treinar, conversar, e logo descobrimos que compartilhávamos um punhado de interesses, visões e aspirações em comum. O Gil contou um pouco das suas perspectivas e sua relação com as artes marciais nesta carta que fez para seus amigos e alunos.

Como um processo meio natural, acabamos todos organizando e participando do 2º Cabana-Do, no qual o Gil e o Alberto Brandão conduziram 30 pessoas através de dois dias intensos de Submission Wrestling, Parkour, Wing Chun e Eskrima. Veja algumas fotos aqui.

As coisas andaram, as pessoas se interessaram, e algumas delas, pelo meio das conversas e dinâmicas que esses movimentos sempre geram, começaram desenvolver um interesse e mesmo a integrar práticas físicas na sua vida cotidiana. E também a colher em alguma medida as implicações disso – mudança de hábitos na alimentação, rotina, saúde, comportamento, relações etc.

Daí se desenhou um próximo passo, que apesar de ousado, parecia bastante possível. Por que não tentar trazer o professor do Gil Eanes, o turco Cemil Uylukçu, para nos encontrar, dividir experiências e conduzir um dia de treino conosco?

Gil Eanes e Cemil Uylukçu – o professor do professor

E eis que no final do ano passado, acontece o 3º Cabana-Do. Como esperado e de costume, a coisa deu bastante trabalho pra nascer. Imprevistos de última hora, garantias de nada, problemas de logística, um belo prejuízo financeiro no final das contas, e ainda assim, ainda assim foi uma das coisas mais bonitas entre todas as que já fizemos presencialmente com o pessoal da Cabana e do PapodeHomem. Veja aqui algumas fotos do encontro.

Apesar do pouco tempo que passou de lá pra cá, já andam surgindo amizades e redes bem verdadeiras. Apareceram grupos de treino em São Paulo e no Rio de Janeiro, e outros mais querendo nascer. Movimentações da ex Cabana e agora do lugar, PapodeHomem, ProWES e outras mais se cruzando, trocando experiência, se apoiando. E tudo com muito coração, coisa bem bonita e rara de se encontrar...

Obrigado!

Pra nós é uma felicidade muito grande poder fazer contato e aprender com bons professores, e poder dividir isso com outros. Somos sinceramente agradecidos ao Sifu Cemil, ao Gil Eanes, ao pessoal do PapodeHomem, da Academia Bodytech, do espaço Gam Yoga e a muitos participantes do lugar (antiga Cabana PdH).

Não há dúvida alguma: sem a generosidade e a confiança deles, estes encontros – e tudo que eles desencadeiam – simplesmente não seriam possíveis.

Quer colocar isso em prática?

Para quem está cansado de apenas ler, entender e compartilhar sabedorias que não sabemos como praticar, criamos o lugar: um espaço online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação.

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publicado em 25 de Janeiro de 2013, 13:39
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Fábio Rodrigues

Artista visual, coordenador na comunidade online o lugar, professor do programa Cultivating Emotional Balance, pai do Pedro. Instagram → | Arte e mundo interno →


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