O verdadeiro clube da luta

Tyler Durden é ficção.

E isso aqui, meu irmão, é a vida real

“Não existem categorias de peso e ninguém veste pijama branco. Ninguém se curva. Certamente não tem ninguém jogando arroz, e nenhuma garota de bikini andando com uma placa tendo um número escrito nela. Sem juiz, sem apito, sem livros de regras. Sem senseis, sem fãs, sem empresários. Não tem tatame e não tem ringue. É uma garagem, o chão é de cimento e existe um relógio. Tente não se machucar.”

Não tenho como falar de um clube da luta real sem citar novamente a frase que ilustrou meu primeiro post aqui no PdH. “Quanto você pode saber sobre você mesmo, se nunca esteve em uma briga?” fez história e nos mostrou quanto somos frágeis, mimados e acomodados. Ilustro esse post com frases retiradas do pequeno documentário, dita pelos próprios participantes, não existe forma melhor de entender esse universo.

 “Eles nunca brigaram. O que quer dizer, é que nunca se arriscaram fisicamente além de sua confortável existência.”

Cansados da monotonia, rotina de trabalho, estresse e cobrança, um grupo resolveu montar o seu próprio passatempo. Se eu contar que é um grupo de engenheiros de software do Vale do Silício (Califórnia), mais velhos e bem sucedidos, você pode não dar a credibilidade necessária para o Geek Fight Club, mas um relato de quem um dia já pensou em fazer piadas sobre esses gordinhos representa muito bem o sentimento:

“Eu estava em um fórum de artes marciais e li sobre esse clube da luta nerd. Eu estava prestes a fazer piadas sobre eles, então assisti ao vídeo. É legítimo, um clube da luta, contato total. É em uma garagem, não é um Dojo ou um parque, não é legal, é violento, e tudo acontece muito rápido.”

Bando de nerd? Think again

Basicamente não existem regras, desde que você não quebre nada do seu amigo e pare quando for necessário, pode tudo. Facas sem corte (mas que deixam uma boa marca e doem pra cacete), pedaços de bambu, teclados de computador, cadeiras especialmente compradas para serem usadas como armas contra seus amigos e até aspiradores de pó portáteis.

Tudo pode ser uma arma. Mascaras de Kendo personalizadas servem de proteção para que ninguém vá parar no hospital, mas são usadas apenas quando existem armas na arena. Tudo é muito brutal, simples, e dura apenas 60 segundos.

“Eu faço isso pelos abraços depois da luta”

Esse tipo de válvula de escape tem tornado cada vez mais necessária. Pessoas vivem pressionadas, reprimindo seu estado de insatisfação até o momento em que se tornam uma bomba, que explode em atos violentos contra inocentes.

Incitar uma forma particular de violência contra a violência em si pode parecer incoerente, mas funciona. É como uma noite de pôquer com os amigos, ou um futebol num sábado a tarde, só que muito mais divertido, e muito mais esclarecedor.

Veja você mesmo, Uppercut:

Link Vimeo | Malandragem nerd nos exatos 7:27 min


publicado em 10 de Outubro de 2011, 05:08
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Alberto Brandão

É analista de sistemas, estudante de física e escritor colunista do Papo de Homem. Escreve sobre tudo o que acha interessante no Mnenyie, e também produz uma newsletter semanal, a Caos (Con)textual, com textos exclusivos e curadoria de conteúdo. Ficaria honrado em ser seu amigo no Facebook e conversar com você por email.


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