Rubéola, Gravidez e Vacinação

Rubéola, gravidez, vacinação e os riscos envolvidos.

Agradeço à minha coluna aqui na PdH por me informar de algo que eu estava completamente por fora e aos leitores que me enviaram dúvidas sobre o assunto. O bom da Medicina é isso, a interação médico-paciente faz você continuar sempre aprendendo. Explico.

De uma hora para outra, recebi vários e-mails com dúvidas a respeito da vacinação da rubéola e a relação com gravidez. Isso me fez ver que só estava acompanhando o noticiário das Olimpíadas e a decadência do Mengão no Brasileiro. Então percebi que estava no meio de uma campanha de vacinação contra a rubéola promovida pelo Ministério da Saúde. E que algumas informações são pertinentes:

A Rubéola

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Mamãe, fudeu. Peguei rubéola.

Causada pelo vírus de mesmo nome, de transmissão respiratória, é uma doença exantemática, caracterizada pelo surgimento de manchas avermelhadas (rash), incialmente na face e que se espalha tronco abaixo. O exantema costuma ceder em alguns dias.

Outros sintomas podem incluir linfadenopatia, febre alta, dor de cabeça e articulações. Porém, os sintomas costumam ser leves. Tanto que o tratamento é meramente sintomático, apenas aguardando o desfecho natural e auto-limitado da enfermidade.

Quem tem rubéola uma vez, está imunizado para o resto da vida.

Então, por que essa história de vacina?

Pois é, uma doença tão “simples” como a rubéola em tese não necessitaria de vacina, certo ? Não é bem assim.

A vacinação existe devido à capacidade do vírus em atravessar a placenta e infectar o bebê, quando uma mulher grávida adquire a doença. E não só infecta como é capaz de causar a chamada Síndrome da Rubéola Congênita.

A Síndrome da rubéola congênita consiste na maioria das vezes da seguinte tríade:

1. Surdez sensório-neural – 58% dos casos

2. Anomalias oculares, especialmente catarata e microftalmia – 43%

3. Cardiopatia congênita – 50%

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Esse monstrinho de marshmallow fez parte da minha infância

Outros problemas associados:

Doença no baço, fígado ou medula óssea, retardo mental, microcefalia, baixo peso ao nascer, púrpura trombocitopênica, micrognatia (queixo pequeno),  e probabilidade de desenvolvimento retardado e aparecimento de doenças como esquizofrenia, diabetes e glaucoma.

Na síndrome da rubéola congênita, quanto mais cedo ocorre na gestação, maiores são as chances da criança nascer com problemas. Se a mãe tem rubéola no 3º trimestre, a criança provavelmente não será afetada. Também há aumento da possibilidade de aborto espontâneo e nascimento prematuro.

Vacina e Recomendações

A vacina para a rubéola é a tríplice viral, que também atua contra o sarampo e a caxumba. Ela faz parte do calendário vacinal infantil brasileiro.

O componente da rubéola na tríplice viral possui vírus vivos atenuados. Por este motivo, duas recomendações são importantes:

1 – A mulher em idade fértil que faz uso da vacina não deve engravidar durante UM MÊS. Esse dado é da Fiocruz. Algumas fontes falam em até 3 meses.

2 – Se a mulher está grávida, não deve fazer uso da vacina. Há o risco da SRC caso o faça. E após ter feito, não há mais o que fazer, apenas torcer para não acontecer a SRC.

Finalizando, na rotina do pré-natal brasileiro, há a testagem para sorologia da rubéola. Recebi algumas dúvidas de pessoas que perguntaram se valia a pena se revacinar, e a resposta é...

Fazer o teste de imunidade à rubéola, pois em alguns casos, a vacina não é suficiente para “soroconverter” a pessoa e torná-la imune ao vírus.

Caso o teste mostre imunidade a rubéola, não é preciso revacinar.

Dr Health, que deu sorte por sua mãe ser médica e exagerada, pois ela teve rubéola dois anos antes de eu nascer (e resolveu esperar dois anos para não ter erro).


publicado em 15 de Agosto de 2008, 19:57
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Mauricio Garcia

Flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico e o nosso grande Dr. Health.


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