[18+] Bom Dia, Kamila Vitorino

A Kamila foi fotografada pelo Deivid Almeida

Nota editorial: estamos em busca de Bom dias com homens e com mais diversidade de corpos e peles — aqui explicamos em mais detalhes o contexto atual da série, suas origens, obstáculos e nossa visão de futuro para ela. Se você é fotógrafo(a) ou tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo jader@papodehomem.com.br .

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"Você é corajosa" é o que mais escuto das pessoas. Sei que elas não falam só sobre estar nua, tirar a roupa, posar para alguém. Sei que elas dizem isso por eu não ser nada parecida com o que elas veem nas revistas por aí. Sei que elas falam isso por causa do meu sobre peso.

Mas estar nua, para mim, não tem nada a ver com quantos quilos você pesa. Estar nua tem a ver com liberdade, com ser bem resolvida, tem principalmente a ver com a intimidade direta com o seu amor próprio. É estar livre de todas as máscaras, de todas as "roupas pretas porque emagrece", de todas os rótulos que as pessoas colam na sua testa sem te conhecer. É contemplar minha deusa interior. É ser mulher, a mulher crua e sensível que eu sou. As vezes recebo ódio, porque as pessoas não estão preparadas pra algo que contraponha os padrões que elas aprenderam. Eu as perdoo, pois estar nua, hoje, me faz receber de mulheres de todo o mundo comentários dizendo que elas pararam de se odiar (e se machucar) porque viram minhas fotos, que elas tem um corpo que se identifica com o meu e que ver minhas fotos fizeram elas se aceitarem mais.

Estar nua tem um gosto de missão cumprida. 

Além de tudo o mais, tirar a roupa mostrar minhas curvas, marcas. Me exibir faz com que eu me excite, me sinta desejada, há um fetiche em me expor. Toda mulher é sensual e durante nossas rotinas esquecemos disso. Mas quando nos vemos nuas, escritas pelo olhar de outra pessoa, sem adornos, isso é tesão! Afinal, nada é mais sexy em uma mulher do que amor próprio, confiança e naturalidade. 

Tirar a roupa é empoderar! Confiar no artista, nas curvas naturais e femininas que eu ganhei ao virar uma mulher.

Não é só me expor. É me doar.

Juro, não tem nada que me faça sentir mais à vontade. 

Estou sempre aprendendo com as fotos que faço e, neste ensaio com o Deivid Almeida, aprendi que para ser sexy não preciso necessariamente seduzir em poses ginecológicas. Basta eu estar natural sob a luz do sol. Aprendi que não preciso olhar diretamente para a câmera para passar o que eu sinto ao posar.

 Só sei que, hoje, me sinto mulher, mais mulher que ontem, menos mulher que amanhã. Hoje eu me olho no espelho e sei que sou rainha de mim mesma. 

Boa semana a todos.


publicado em 08 de Fevereiro de 2016, 00:00
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Kamila Vitorino

Aquariana, 26 anos, bacharel em comunicação social, Alt Model e Hopeful do site Suicide Girls. Ácida, empoderada e real.


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