Saudações, amigos de mesa e balcão.
Aqui estamos para nossa primeira lista juntos. É hora de trocarmos algumas figurinhas sobre preferências auxiliares aos destilados, maltados e cevados. Sem demora, puxa uma cadeira, pega seu copo e vem comigo. Vamos juntos pelos campos resplandecentes de malte, cevada e lúpulo.
10 músicas para ouvir durante a bebede... degustação
1. Alcohol
Gente de tudo quanto é etnia, misturando música cigana do Leste Europeu com punk rock e homenageando o néctar que adoça a nossa vida.
2. Whiskey Headed Woman
Duas coisas que gosto muito neste mundão de meu Deus: blues e uísque (single malt, de preferência). Os dois juntos então. Esta canção é um clássico do Delta Blues, rooths até não poder mais. Interpretada aqui por ninguém menos que a lenda da guitarra, Jimmy Burns.
3. Canção de Um Velho Marujo
Senhoras e senhores, ergam seus copos. Renato Godá está passando. Todo mundo tem suas histórias de farras alcoólicas. Umas são mais tristes, outras mais agitadas e algumas envolvem até um olho roxo e dentes quebrados. Cada um guia sua embarcação da maneira que achar melhor, afinal somos todos marujos nas águas da vida e essa canção de Godá nos ajuda a enxergar isso.
Profundo, né? Deve ser efeito da Steinhaeger.
4. Shot by Dawn
Banda mineira que faz um som vigoroso com letras inspiradas no movimento beatnik. Além disso, contam com músicos da pesada e com um vocalista que venera Serge Gainsbourg tanto quanto eu. É, a gente é blasé pra caralho mesmo, e daí?
5. Modern Times
Quem nunca se sentiu deslocado no tempo que atire a primeira pedra. Quando estamos meio altos, às vezes essa sensação fica mais forte e o jeito é extravasar. E se você é do tipo que não quer liberar e jogar tudo pro ar ah ah ah com Cláudia Leite, aqui está a solução.
6. Jailbreak
Phill Lynott faz falta. Se ainda estivesse vivo, teríamos muito mais músicas como esta para nos alegrar dentro e fora da embriaguez.
7. Roadhouse Blues
Colocar esse som no talo e deixar rolar. Acredite em mim. No momento certo, tudo vai fazer sentido. Pode acontecer de tudo não fazer sentido nenhum também, só não vá tentar ficar explicando, porque ninguém gosta de gente que fica filosofando sobre uma letra de Jim Morrison enquanto a cerveja esquenta.
8. Bloodbuzz Ohio
A palavra bloodbuzz exprime aquela sensação de voltar para casa, se sentir familiarizado com o ambiente e, mesmo assim, sentir como se algo estivesse diferente. Quem nunca se sentiu assim ao ter as emoções etilicamente afloradas? Além disso, o vocalista Matt Berninger é gente como a gente e gosta de ser acompanhado por um vinho de vez em quando.
9. Stagger Lee
Tem alguma coisa contra cantar sobre assassinato a sangue frio enquanto você está mais pra lá do que pra cá? Não? Então é melhor arrastar os móveis, porque essa é para cantar alto junto com Nick Cave e gesticular, atuar, rolar no chão e fazer caras e bocas.
10. Rain Dogs
E de saideira, tem Tom Waits. Porque nem sempre a gente consegue chegar em casa depois do bar e acaba virando um rain dog.
7 livros para ler entre um porre e outro
1. Era uma vez o amor mas tive que matá-lo
Efraim Medina Rayes é um fanfarrão, mas um fanfarrão que sabe o que faz com uma caneta na mão. Sua escrita é cheia de ironia – notável já pela escolha dos títulos de seus livros, que inclui o magistral “Técnicas de Masturbação Entre Batman e Robin”.
Amor, traição, sexo e muita viagem. Livrão.
2. A erva do diabo
Carlos Castañeda ganhou fama mundial ao relatar as experiências que supostamente teve com Don Juan Matos, um índio cabuloso que manjava dos paranauês alucinógenos. O livro traz ensinamentos filosóficos? Traz. Ensina como obter umas viagens com substâncias naturais? Certamente. Tem receita para ajudar na ressaca? Não, sorry.
Mas, assim mesmo, abra a sua mente e embarque nessa viagem dos sentidos. Você não vai se arrepender, meu camarada.
3. Almoço Nu
Você se acha doidão, cheio de atitude e porra louca? Baixa a bola, amigo, pois William Borroughs provavelmente foi e sempre será dez vezes mais que você. Afinal, estamos falando do mesmo cara que foi o mais barra pesada de toda geração beat; do traficante e viciado que acidentalmente matou a esposa enquanto brincava de tiro ao alvo; o mesmo que também desafiou os costumes e se tornou um dos mais severos críticos sociais de sua época.
Almoço Nu é um marco. Autobiográfico e regado a tudo o que é ilícito. Aprecie sem moderação. Só não precisa atirar em ninguém, beleza?
4. Trópico de Câncer
Muitos escritores que conheço dizem que a coisa mais visceral que já leram foi alguma coisa escrita por Bukowski. Eles praticamente idolatram o cara. Qual é? Nada contra, mas acho Henry Miller muito mais badass motherfucker que o velho Buck.
Trópico de Câncer fala de Paris dos anos 20, de sexo sujo a rodo, de bares baratos, de marginalidade, liberdade, falta de grana, delírios e mais sexo. Classudo no estilo decadente, é uma ótima companhia enquanto se espera pela próxima noite, sem dúvida nenhuma.
5. I’m Your Man
A biografia de Leonard Cohen é um verdadeiro deleite. Através dela passeamos pelas múltiplas facetas deste ícone da cultura pop-cult. Está tudo lá. Sua guinada para a carreira musical depois do sucesso literário; sua conversão em monge budista depois dos 70 anos; sua elegância e terno impecáveis; o cigarro entre os dedos; o copo de uísque na mão. Enfim, toda complexidade de um artista único e fodão.
6. Rum: Diário de um Jornalista Bêbado
O pai do jornalismo gonzo, Hunter Thompson, foi também um grande admirador da marvada. Às vezes era louco, mas sempre um craque ao escrever, alucinado ou não. Na boa, já tentou escrever uma matéria bêbado? Eu já e, olha, o resultado não foi nada bonito. “Escreva bêbado, edite sóbrio”, parafraseiam os sábios de rede social. Qual o quê! O buraco é bem mais embaixo, parceiro, e Hunter Thompson o conhecia como a palma da mão.
7. O grande livro do whisky
Indispensável para quem quer apreciar todas as possibilidades relacionadas a um dos destilados mais prestigiados do mundo. O livro apresenta os principais produtores da bebida (clássicos e novos), história das destilarias, processo de produção e inclui um glossário rico com os termos técnicos usados e os estilos de uísque. Conhecimento é poder, pequeno gafanhoto.
10 filmes embriagantes ou embriagados
1. On The Road
A jornada de conhecimento de Sal Paradise e Dean Moriarty, personagens do famigerado romance de Jack Keroac, até que funcionou bem no cinema. Sexo, drogas, jazz (no lugar de rock ‘n roll), confusão, autoconhecimento e... A cara de sempre da Kristen Stewart. Nem tudo é perfeito.
2. Bird
Com direção dele, do grande, do insuperável Clint Fucking Eastwood, o filme rende homenagem à vida de Charles Parker, o pai do beebop. Sua luta contra as drogas, sua genialidade, amores e decepções. Verdadeiro tributo ao jazzista que voou mais alto que qualquer outro em sua época.
3. Medo e Delírio em Las Vegas
Olha ele aí de novo, Hunter Thompson, o jornalista mais invocado da história. Aqui ele é interpretado por Johnny Depp. O filme fala do período em que Thompson havia sido contratado por uma revista para cobrir uma corrida de motos no deserto, mas resolveu se aventurar por conta própria em Las Vegas, se entupindo de tudo que é ilícito junto com seu advogado doidão.
4. The Commitments – Loucos Pela Fama
Filmaço pra quem não gosta de ficar pra baixo enquanto toma um gole ou outro. Muita música boa e uma boa história, centrada na ascensão e queda de uma banda de soul music dos anos 90.
5. Cocktail
Este filme deve ter relação direta com o boom de pessoas interessadas em seguir a profissão de barman nos anos 1980 e 1990. Todo mundo queria ser como o personagem de Tom Cruise, capaz de conquistar as mulheres por seu conhecimento na refinada alquimia do preparo de drinks. Mas muita gente se esqueceu do fator principal: ser o Tom Cruise.
6. Quincas Berro D’Água
Quem leu o livro de Jorge Amado sabe muito bem o motivo dessa escolha. O velho Quincas é tão malandro, tão apreciador de uma garrafa e de uma gandaia, que nem a morte o impediu de continuar fazendo farra e beber com os amigos. Mestre absoluto.
7. Miles Ahead
O filme de Don Cheadle, que interpreta o próprio Miles Davis, nos coloca na pele do grande jazzman. Suas neuras, paranoias, vício e o ritmo louco daquela mente brilhante. Tem tiro, tem correria, tem briga, perseguição de carro… Música? Até que tem, mas é a pessoa alucinada de Miles que ocupa papel central da trama – que conseguiu melhor resultado do que a cinebiografia chinfrim de Chet Baker que saiu no mesmo ano.
8. Os Infratores
Na década de 1930, ainda durante a Lei Seca americana, uma família sobrevive fornecendo bebidas alcoólicas para bares clandestino. O filme tem base em fatos reais e funciona como bom retrato de uma época onde todo mundo era obrigado a ficar sóbrio. Já pensou?
9. Gainsbourg – O homem que amava as mulheres
Não é novidade pra quase ninguém que Serge Gainsbourg era feio, com orelhas de abano, narigudo e tinha alguns dentes podres. O que gera comoção ainda hoje é que, mesmo com tantos fatores estéticos depondo contra ele, conseguiu ser um dos grande conquistadores da história da música. Além de mulheres, Gainsbourg apreciava também a polêmica e a bebida (na verdade, uma praticamente andava de mãos dadas com a outra) e este longa mostra essas e outras facetas do imortal anti-galã francês.
10. Sideways
Para quem prefere algo mais “fraco” ou pra quem não abre mão do seu vinho por nada neste mundo, Sideways é a pedida ideal. Nele, acompanhamos o protagonista por um tour pelas vinícolas californianas, enquanto ele recita odes e mais odes ao Pinot Noir.
Curtiu a lista? Pois teje convidado a continuá-la nos comentários.
publicado em 05 de Novembro de 2016, 00:05