A imperfeição feminina vem da língua espanhola

Todo adolescente sofreu com as péssimas escolhas das mulheres. Afinal, você sempre foi o melhor de todas as opções.

É claro que foi.

Contudo, por um motivo que vai contra tudo o que ela já disse, aquela admiração, simpatia e compreensão tornavam-se ganchos para uma dolorosa amizade que em nenhum momento abria esperanças para uma tarde de quinta-feira de sexo casual.

Pausa.

Todo mundo sabe o valor de uma tarde de quinta-feira pautada pelo sexo casual. Certo?

Despausa.

Essas dúvidas têm influência decisiva na transformação do caráter do individuo. Afinal, se sendo um cara atencioso, simpático, educado e cuidadoso ele não conseguiu nada, talvez seja hora de dar preferência a quem é estragado. Não digo que isso seja o ponto crucial para criar uma nova personalidade para o cara. Mas para editar seus gostos, possivelmente.

Nós, homens, temos uma adorável atração por mulheres imperfeitas. Primeiramente porque as perfeitas são artificiais, falsas, recicladas demais. Queremos mulheres realistas, que não achem que o mundo é uma série da Warner, bebem cerveja e que dizem “foda-se”. Eu tive uma amiga que era assim. Todo dia que eu a buscava no trabalho ela entrava no carro reclamando de tudo e de todos. Eu achava o máximo isso.

Mas, ok, vamos estabelecer regras. A imperfeição não pode superar o tolerável. Quando revelamos que consideramos isso sexy, estamos tratando de um ar ranzinza, um modo blasé de ver o mundo, o espírito saudosista e até mesmo o tradicional pessimismo. Esse jeitinho irritante tem todo seu charme. Principalmente quando você, no auge da persuasão masculina, canaliza aquela raiva em algo mais relevante.

Essa admiração pela imperfeição feminina que alguns homens possuem tem como origem aquelas decepções do passado. Pode parecer até arrogante apontar problemas ou falhas no perfil de uma mulher, mas, na maioria das vezes, são características admitidas. Elas se acham antissociais, chatas e diferentes da maioria.

Mas é tão bom encontrar alguém desse grupo de diferentes da maioria.

Ela erra, ela sabe, ela se garante por isso

O que faz uma mulher imperfeita ser tão atraente são seus erros. Deslizes blindados no senso crítico da licença poética. A graciosidade de uma mulher incomum é a que transpira na paixão expostas nas entrelinhas de seus atos.

Ela não diz que te ama todos os dias.

Ela não tem um fluxograma da vida para os próximos 30 anos.

Ela nem ao menos sabe onde vai passar as férias de julho.

Mas quando próxima de um grupo feminino, destaca-se. É um drible parado. É uma sedução sóbria. É um destaque intimista e ao mesmo tempo discreto e misterioso. É como, enfim, a língua espanhola.

Sim.

A língua espanhola é tão desconcertante que não devia ser traduzida. O que os espanhóis falam devia ficar só entre eles. Quem não entender, se vira. Bom é de quem compreende a importância de descobrir o significado dos el e los para, além de ouvir, sentir o significado e cada sílaba. O espanhol, sabe-se lá porque, é a tradução linguística dessa atração feminina não esquecida nos dias de hoje.

Isso faz de uma mulher falando espanhol algo tão sexy. E com um ar de imperfeição tocante. Existem construções de frases sem sentido que dane-se. Ela fica demais falando. E depois a concordância tá errada. Dane-se de novo. Ela continua perfeitamente diferente da maioria.

Infelizmente existe uma necessidade de padrões. E às vezes isso nos faz deixar de lado a essência da conquista que existe nessas mulheres. Imperfeitas e difíceis. Conquistáveis e misteriosas. Sendo assim, de uma satisfação ainda maior. Fugindo do clichê e senso comum, arriscando-se e errando junto com ela.

Resta a você descobrir o que deseja: uma mulher etiquetada que parece ter saído de fabricação em massa ou a indecifrável guria com camiseta do Ringo Star.

Mecenas Yázigi

O Yázigi vai eleger a melhor história de alguém que passou maus bocados no exterior por conta de não saber falar inglês ou espanhol. O vencedor do mês ganha um Ipad 2 de 32GB, uma bolsa de estudos no Yázigi SP com duração de um semestre e vai participar do programa Chupim da rádio Metropolitana ao vivo.

No final, a melhor das 3 histórias ganha um curso de inglês de duas semanas na Inglaterra, com passagens e hospedagem inclusos.

Lets rock!


publicado em 12 de Março de 2012, 22:37
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Fred Fagundes

Fred Fagundes é gremista, gaúcho e bagual reprodutor. Já foi office boy, operador de CPD e diagramador de jornal. Considera futebol cultura. É maragato, jornalista e dono das melhores vagas em estacionamentos. Autor do "Top10Basf". Twitter: @fagundes.


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