Até onde pode te levar uma conversa de bar

Estávamos em um bar, um amigo e eu, em novembro. No meio do papo, apareceu a proposta de viajar pelo Brasil no fim do ano.

Para muitos, essa conversa parecia apenas uma brincadeira ou uma aventura distante mas, de um jeito ou de outro, sabíamos que a viagem ocorreria. E o roteiro foi escolhido quase que instintivamente: Chapada dos Veadeiros, Jalapão e Chapada Diamantina, talvez esticando um pouco em Porto Seguro e voltando para São Paulo pelo litoral.

Meu pai fez uma viagem de São Paulo à Fortaleza de carro quando era um pouco mais novo que eu e isso em mil novecentos e bolinhas. Então, por que não conseguiríamos cumprir nosso objetivo? Convidamos vários amigos para ir junto e muitos deles acharam a ideia animal, mas na hora do vamos ver, nenhum teve coragem de ir junto.  Depois de algumas tentativas, conseguimos achar um casal que topou a viagem e fechamos a expedição.

Claro que os outros dois personagens da viagem não podiam deixar de aparecer, dois Trollers modelo T4, um 2003 e o outro 2010, equipados com guincho, bloqueio, pneus 35’’ e rádio, além de muitos outros equipamentos. Sério, se for resolver fazer uma viagem dessas, faça de Jipe, pelo menos você terá a certeza que chegará a algum lugar.

É assim que se faz

Com o roteiro definido, partimos dia 25 de dezembro bem cedo para a maior viagem que havíamos feito até então. Foram 12 dias na estrada parando em cachoeiras, montanhas, dunas e vales simplesmente fantásticos!  Entre algumas atrações, visitamos o Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros, uma formação que um rio cavou nas rochas; as dunas do Jalapão, algumas delas com mais de 20 metros e várias piscinas naturais; a Cachoeira de Santa Bárbara, que encontramos sem guia e meio que na sorte; cavernas na Chapada Diamantina; e também a cidade de Lençóis na Bahia, uma cidade que parece parada no tempo.

Enfim, conhecemos lugares inesquecíveis, lugares que nunca ouvimos falar antes e outros que só encontramos graças ao GPS e aos Trollers, pois várias estradas que pegamos eram péssimas.

Em relação aos perrengues, tivemos alguns problemas durante o percurso, como uma quase atolada no meio de uma fazenda quando inventamos um trajeto do Jalapão até a Bahia e outro quando a estrada simplesmente desapareceu devido à quantidade de buracos na divisa de Goiás com o Tocantins. Porém, o pior foi o acidente que encontramos ente Vitória e o Rio de Janeiro, quando desviamos da estrada, já que a rota ficou interditada.

Claro que não podemos esquecer as pessoas que conhecemos pelo caminho.

Xaropinho, nosso guia nos Veadeiros. Maíra e sua mãe, donas da pousada que ficamos em Cavalcante-GO e que fizeram questão de acompanhar a gente pela cidade. Dona Rosa, a cozinheira mais famosa de Mateiros-TO.  Seu Vicente, o dono do camping que ficamos na virada do ano e que nos deixou fazer a maior bagunça com a galera que estava lá. Grande Eric Montana, nosso guia na Chapada Diamantina, além do encontro inusitado com paulistas na pousada em Porto Seguro, que nos rendeu risadas e muita cerveja.  Sem dúvida, foram dias que nunca sairão da memória.

Talvez se naquele bar, em novembro, eu não tivesse combinado essa viagem, minha vida não teria mudado tanto quanto mudou. Com certeza não teria conhecido tantos lugares e pessoas divertidas. Apesar de reconhecer a dificuldade que é se jogar numa aventura dessas, eu recomendo que todos façam algo parecido um dia, pois não irão se arrepender.

Temos muitas outras fotos, informações e resumos no nosso blog e também na nossa página no Facebook.

Nota do editor: Mandem seus relatos para as próximas edições do Na Estrada

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Instruções para envio:


  • o e-mail é naestrada@papodehomem.com.br

  • faça um contexto rápido, contando quem estava lá, onde e quando foi a aventura

  • escrevam textos curtos, concisos, contando o melhor, como se estivessem narrando os feitos para um amigo

  • não esqueçam de ler as orientações para novos autores

  • inclua as fotos mais descaralhantes da aventura; se tiver vídeo, mande também

Vamos sentir a qualidade e quantidade dos relatos para decidir a frequência da série. Relatos fracos serão negados, já avisamos pra ninguém ficar tristonho. Além do que, mais importante do que ter a história publicada na web é ter vivido tudo na pele.

Até breve!


publicado em 27 de Outubro de 2012, 12:05
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Aluizio Meneghelo

Administrador, mergulhador e aventureiro. Gosta da noite, mas acorda cedo se tiver alguma coisa boa para fazer. Detesta abobrinha e adora fogos. Escritor do blog Brasil Fora de Estrada e co-fundador da marca de mesmo nome.


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