Como estudar online pode ser mais produtivo

A forma mais garantida de alcançar aquilo que desejamos é pelo merecimento. Foi assim que o bilionário, investidor e filantropista, Charlie Munger, iniciou sua aula magna da University of Southern California. E como podemos nos tornar merecedores daquilo que queremos da vida? Por meio do aprendizado contínuo.

Concordo com Charlie Munger quando ele diz que não conseguiremos ir muito longe apenas com o conhecimento que já temos. É necessário mais. As pessoas que conseguem grandes resultados não são necessariamente as mais inteligentes ou caprichosas, mas sim aquelas que são máquinas de aprendizado. São aquelas que se deitam para dormir um pouquinho mais sábias que quando acordaram.

E você aí, esperando a coisa toda acontecer (Foto: Emiliano Granado)

Certamente a Internet é a melhor plataforma para promover acesso ao conhecimento. E por isso fiquei feliz com o convite do Centro Universitário UniSEB Interativo para contar um pouco das minhas experiências com aprendizado online.

Confissões de um virgem em ensino a distância

Meu primeiro curso online foi em 2000, por uma necessidade que surgiu quando montei minha primeira empresa. Nosso produto era um game que usava roteiro parecido com o Pokémon, dentro de um mundo virtual que seria, alguns anos depois, o World of Warcraft. Cada jogador teria um monstrinho digital que poderia entrar em combate com monstros de outros jogadores, participar de missões, coletar itens e poderes.

Para promover uma boa identificação do público, era necessário ir além da tecnologia do game e também criar personagens interessantes. A narrativa da história era um componente fundamental. Porém, nosso grupo era principalmente de jovens programadores. Não tínhamos nenhum contador de histórias.

Naquela época, fiz uma busca usando o buscador Altavista e descobri que a livraria Barnes and Noble tinha um projeto de ensino chamado B&N University. Entre os cursos, havia um que era perfeito: “A Arte de Contar Histórias”, que era voltado para roteiristas e escritores. Tive receio que o tal curso fosse, na verdade, um simples website com conteúdo fraco. Mas foi um universo de informação que me abriu muitas portas.

Natalie Portman, formada em Harvard. Até com esses olhinhos, conhecimento é importante pra gerar oportunidades
Natalie Portman, formada em Harvard. Até com esses olhinhos, conhecimento é importante pra gerar oportunidades

Para ter uma ideia, foi a primeira vez que recebi recomendações de livros como O Poder do Mito, de Joseph Campbell e A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler. Os tutores eram muito prestativos e tinham grande experiência para passar. A B&N fornecia os cursos de graça, como forma de estimular a curiosidade e promover mais vendas de livros. Uma pena que o projeto encerrou e foi substituído pelo Book Clubs, que não é a mesma coisa.

Mas o que mais ganhei com a experiência foi uma memorável perda de virgindade no que diz respeito a cursos online. Fiquei sedento por mais, seguindo o princípio do aprendizado contínuo do Charlie Munger. Mesmo hoje, mais de dez anos de formado, continuo dedicando cerca de oito horas semanais para estudos e tenho um orçamento de minha renda que é sagrado para compra de livros e de cursos.

Depois da Barnes and Noble University, participei de cursos na University of Ottawa, fiz vários módulos no Harvard University Berkman Center for Internet and Society, no MIT - Massachusetts Institute of Technology, DiploFoundation,Clifford Chance Academy e na World Intellectual Property Organization.

Além deles, sempre compro diferentes cursos online e infoprodutos em áreas de negócios online, online marketing e coaching profissional. Baseado nessas experiências, compartilho um pouco da minha como aluno. Convidei também meus amigos Gustavo Gitti e Isabella Ianelli para uma perspectiva pedagógica sobre o tema.

Riscos do ensino a distância

Antes de mencionar os pontos que acho positivos do ensino a distância, deixo um alerta contra os programas mal elaborados que transformam a "sala de aula virtual" em um mero website com informação picotada que é enviada semanalmente, sem uma filosofia de ensino cuidadosa.

Apesar de toda a pompa que pode parecer, o curso da Organização Mundial da Propriedade Intelectual foi o que mais me aborreceu nesse sentido. Senti que todo o processo teve como principal finalidade entregar o certificado (que é todo bonitão, em papel enrugado e letras douradas em relevo). Mas tudo foi muito largado e o conteúdo era básico demais, com praticamente nenhuma atividade interativa. Sequer sei quem foram meus colegas de sala.

Não adianta "jogar" o conteúdo assim, despropositado

Outro ponto a considerar é a sua velocidade de Internet e a sua força de vontade. Quando fiz o curso da Universidade de Ottawa, mais de uma década atrás, tinha que fazer download de vídeos de 80 Mega, o que é ridículo hoje, mas que me demorava mais de 11 horas com conexão discada.

Para economizar pulsos telefônicos, eu tinha que ligar depois da meia noite e continuar o download usando um programa de download do arco da velha chamado GetRight. Como minha vontade era muito grande, consegui superar esse obstáculo técnico.

Com a DiploFoundation tive uma das melhores experiências de aprendizado online. Depois de concluir o curso, me tornei tutor no ano seguinte e, em seguida, virei coordenador do curso bilíngue da América Latina. Hoje, atuo como facilitador de comunidade para o time global que tem milhares de participantes.

Feito esse esclarecimento sobre meu envolvimento com a instituição que amo muito, tenho que reconhecer um ponto que me deixou frustrado: quando tínhamos sessões de bate-papo semanais, era muito chato ter que aguardar o pessoal que “cata milho” no teclado fazer as intervenções.

Pessoalmente, eu gostava muito mais de fazer meus comentários na plataforma de fórum no momento e velocidade que eram mais adequados para mim, ao invés de ser forçado a participar de chats em horários que eu tinha pouco controle.

Por sorte, em nenhum dos cursos que participei me recordo ter sido obrigado a instalar algum software sinistro que deixava meu computador devagar. Acho que o ideal é uma plataforma que rode pela web com poucos inconvenientes.

Sobre o volume de informações, também não me recordo em ter encontrado problemas em nenhum dos cursos que participei. Mas sei que é fundamental dosar a quantidade de informações em um nível que não deixe os participantes ansiosos, principalmente quando estamos falando de ensino para adultos que geralmente trabalham o dia todo e possuem várias responsabilidades.

Pontos positivos de aprendizado online

Link YouTube | "Não sabemos bem onde isso vai parar, mas sentimos que há uma mudança a emergir"

Quem clicou em algum dos links dos cursos que mencionei deve ter reparado que os projetos estão disponíveis apenas em inglês. O público brasileiro merece conteúdo de qualidade em língua portuguesa e, por isso, vejo com satisfação iniciativas de graduação a distância reconhecidas pelo MEC.

Conforme o mercado brasileiro ganha maturidade, o que fará a diferença não é apenas a qualidade do ensino e a reputação da instituição no currículo do aluno. O que torna fantástica a educação online é que ela pode ser muito mais prazerosa, promovendo forte interação com outros participantes, com exercícios interativos em que todos participam.

Em uma sala de aula presencial, existe um limite na quantidade de mãos que podem ser levantadas, interrompendo a aula com perguntas e mesmo comentários. Geralmente, a aula segue um modelo estrela, em que existe um único ponto de transmissão (o professor) e os demais apenas recebem, fazendo intervenções raramente. Caso contrário, não é possível ter aula!

No ambiente de ensino a distância, quando é bem executado, todos os participantes se sentem à vontade para escrever sem o peso social de interromper a aula para fazer seu comentário. E isso permite um número elevado de interações não apenas entre o aluno e professor, mas também entre diferentes alunos. Para quem gosta de discussões pedagógicas, encaminho um relatório da iniciativa Germany - Land of Ideas com o Presidente da Alemanha onde publiquei um artigo (p. 90).

Como menciona o Sir Ken Robinson, naquele mapa mental ninja que preparei sobre desafios atuais da educação, nossas escolas ainda educam usando o modelo de fábrica. Todos chegam no mesmo horário, realizam atividades juntos, recebem seus diplomas no mesmo dia, como em uma linha de montagem. O descompasso é cada vez maior entre esse paradigma de produção industrial e a liberdade e autonomia da sociedade da informação.

Além de poupar o tempo de trânsito para quem estuda em qualquer lugar em que tenha um tablet, laptop ou computador de mesa conectado, vejo o potencial do aprendizado online para aumentarmos nossa produtividade, mantendo nosso emprego e organizando nossa agenda da forma que for mais conveniente. Na nossa velocidade.

"Pressa, não adiantar. Treinar bem, estudar bem, futuro Jedi"

Na Arata Academy, ofereço um programa de coaching financeiro que já está em sua quarta edição, com participantes de todo o Brasil e também espalhados pela Europa, Ásia e Estados Unidos. É normal um participante ter que viajar, passar por problemas familiares ou simplesmente ter acúmulo de trabalho. E acho fascinante quando, nessas ocasiões, eles me escrevem um email que tem uma mistura de vergonha e euforia. Eles me pedem desculpas por terem se ausentado e perguntam qual é o prazo para finalizar as atividades.

Nesse momento, respondo que não tem nenhum problema e ninguém precisa de desculpas. O material continua à disposição e entendo que o que aconteceu foi uma mudança de prioridades. Cada pessoa pode e deve fazer aquilo que é mais coerente de acordo com o contexto e decisão própria. Não acredito na qualidade da motivação para fazer exercícios e aparecer em aulas sob o risco de ser jubilado.

Por outro lado, existe também a lei de Parkinson: quando temos duas horas para fazer uma determinada tarefa, demoraremos duas horas. Porém, quando temos dois dias para realizar a mesma tarefa, ela magicamente será concluída em dois dias. Temos a tendência de preencher todo o tempo que nos foi dada para uma determinada tarefa e por isso é importante ter prazos para entregas de trabalhos.

Mesmo assim, acredito que estudante que vai para aula por obrigação ou com medo de não receber o diploma dificilmente terá a excelência de quem voluntariamente se dedica ao estudo para aprender e deitar na cama com mais conhecimento do que na hora que acordou.

Essa é a melhor parte de todas: estimular nossa responsabilidade e proatividade. Logicamente que o tutor do programa de ensino a distância será uma peça importante para conduzir as atividades de classe. Mas, no modelo de aprendizado online, nós adquirimos uma responsabilidade muito maior em nos organizarmos, em decidir o que queremos da vida e em investir esforços para ir atrás.

É assim que nos tornamos merecedores daquilo que desejamos. Quem mais aí concorda com a filosofia do Charlie Munger?

Oferecimento: UniSEB Interativo

Cursos autorizados e bem avaliados pelo MEC.

Mensalidades a partir de R$199,00.

1 tablet por aluno (entrega gradativa).

Aulas semipresenciais uma vez por semana.

Melhor custo benefício do mercado.

Milhares de alunos formados em todo o Brasil.


publicado em 14 de Junho de 2011, 05:00
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Seiiti Arata

Gosta de ajudar pessoas e fazer amigos. E ainda recebe dinheiro pra isso. Fundador da Arata Academy.


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