Como explicar o homem? – Parte 2

Ontem, publiquei aqui a primeira shot da série "Como explicar o homem?". A abordagem em questão foi a racionalidade limitada de cada um de nós.

Agora, seguindo com a série de três artigos da Edge, tentaremos discutir o ser humano além da sua biologia, a relação entre os sexos sem cair no discurso da evolução da espécie. O texto é o primeiro passo para algo mais importante: a discussão subsequente.

Teoria dos conflitos entre os sexos

Por David M. Buss, professor de Psicologia da Universidade do Texas, coautor de Why women have sex e autor de The dangerous passion

Biólogos historicamente viam a reprodução como um empreendimento inerentemente cooperativo. Um macho e uma fêmea formariam um casal pelo objetivo comum de reprodução de uma prole em conjunto. Para a psicologia, a harmonia romântica era presumida como um estado normal. Conflitos maiores nos casais eram e ainda são tipicamente vistos como sinais de disfunção. Uma reformulação radical encarnada pela teoria do conflito entre os sexos muda essa visão.
O conflito entre os sexos ocorre sempre que os interesses reprodutivos de macho e uma fêmea divergem, ou mais precisamente, quando os "interesses" de genes individuais que habitam interagentes masculinos e femininos divergem. A teoria do conflito entre os sexos define as muitas circunstâncias em que a discórdia é previsível e totalmente esperada.
(...)
Ainda que juntos em uma união romântica de longo prazo, um homem e uma mulher muitas vezes divergem em relação a seus interesses evolutivos. A infidelidade sexual da mulher pode beneficiá-la, assegurando-lhe genes superiores para sua progênie, um evento que vem com custos catastróficos para seu parceiro infeliz que, sem saber, destina recursos para o filho de um rival. Do ponto de vista de uma mulher, a infidelidade de um homem é um risco de desvio de recursos preciosos para mulheres rivais e seus filhos. (...) Infidelidade sexual, infidelidade emocional e infidelidade de recursos são fontes tão comuns de conflitos entre os sexos que os teóricos cunharam frases distintas para cada um.
Mas nem tudo está perdido. Como a evolucionista Helena Cronin eloquentemente observou, o conflito sexual surge no contexto da cooperação sexual. As condições evolutivas para a cooperação entre os sexos estão bem especificadas: quando os relacionamentos são totalmente monogâmicos, quando há probabilidade zero de infidelidade ou deserção, quando o casal produz prole em conjunto (ou seja, que compartilhe carga genética), e quando os recursos comuns não podem ser diferencialmente canalizados.

Considere o texto acima apenas uma visão sobre o assunto e nos diga o que acha. Você concorda com o autor? Discorda? Quais as lacunas que o pensamento dele não preenche? Quais insights lhe trouxeram visões mais amplas sobre si mesmo?


publicado em 20 de Fevereiro de 2012, 12:14
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Rodolfo Viana

É jornalista. Torce para o Marília Atlético Clube. Gosta quando tira a carta “Conquiste 24 territórios à sua escolha, com pelo menos dois exércitos em cada”. Curte tocar Kenny G fazendo sons com a boca. Já fez brotar um pé de feijão de um pote com algodão. Tem 1,75 de miopia. Bebe para passar o tempo. [Twitter | Facebook]


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