Como se vestir bem sem estar na Moda

Entenda os princípios da coerência, harmonia e da modelagem e nunca mais se deixe levar cegamente pelas tendências.

Cá estamos novamente, desbravando os mistérios que cercam a Imagem Masculina, agregando conhecimento no dia a dia do nosso lindo leitor, para que ele não dependa mais do vendedor da loja e das oscilações da Moda.

“Epa! Mas calma aí. Se estou na moda, estou bem vestido, certo?”

Para explicar porque não é bem assim, trago sobre a mesa as duas principais questões desta frase: o que é Moda e o que significa estar bem vestido.

Afinal, o que é a Moda?

Apelando para o dicionário, uma das definição encontradas é a seguinte: moda é o uso passageiro que rege, de acordo com o gosto do momento, a maneira de viver, de vestir etc.

No vestuário, ela traduz uma resposta social a determinada situação e tempo vivido. Por exemplo, cores sóbrias em tempos escassos, saias curtas na ampliação do poder feminino ou roupas militares para homenagear soldados pós guerra.

A vantagem de acompanhar a moda é que ela lhe trará uma sensação de atualidade na sua imagem e sabemos que estar em dia (ou a frente) com o que de mais novo acontece no mundo é algo desejado na Era da Informação.

Porém, como nem toda felicidade é eterna, seguir sucessões de tendências não quer dizer, necessariamente, que estará mantendo a mesma linha de evolução no seu discurso. Devido a questões comerciais, a tendência seguinte pode ter sido criada para outro público, o que fará com que você pareça sem personalidade ao reproduzi-la.

Mesmo que fique atento e não replique tendências que não tem a ver com você, a alternância constante de engajamento tornará seu discurso mais fraco. Você pode correr o risco de se tornar apenas um reflexo da sociedade e não um agente ativo dela.

Tá entendendo?

Então ok! Globo suado, pergunta respondida, passamos para a segunda questão:

O que é estar bem vestido?

Respondendo de maneira objetiva, você provavelmente estará bem vestido se:

1. As peças tiverem coerência com a sua personalidade;

2. Existir harmonia entre as peças em si;

3. A modelagem estiver de acordo com seu corpo.

Agora que matamos a pau o tripé do estilo, falaremos individualmente sobre cada um deles.

1. A coerência e a personalidade

Para explicar esse tópico, usarei o marido como exemplo.

Quando conheci o Bruno, ele era o típico rapaz do interior que ouvia muito sertanejo universitário (vai vendo). No primeiro aniversário que passamos juntos, ele me pediu o presente: um sapato com material simulando pele de crocodilo.

Pô, achei feio demais, mas combinava com ele. Fazer o quê?

Ele sabia não ser literal e se expunha sutilmente. Esta era a dosagem que usava para não parecer fantasiado. Quero dizer, usava o sapato como a grande referência rural e não adicionava mais nada icônico, aquilo ali já era o suficiente.

Descubra quem você é, os tecidos que gosta, o tipo de calçado que mais curte usar. Leia sobre a história por trás das peças e use as mais icônicas com moderação.

Para ficar mais tátil, montei alguns comparativos entre vestimentas literais e sutis. Note como quanto mais signos você insere, mais óbvio, forçado e, por consequência, fantasiado parece ser:

“Ah, mas o tiozão cowboy literal aí de cima tá da hora”

É, se ele estiver no campo, tá mesmo. Mas põe sua lata aí pra ver como é que fica.

Não seja literal, amigo, exponha-se sutilmente.

2. Harmonia entre as peças

Quando falamos em harmonia, falamos de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produzem uma sensação agradável quando unidos.

Pois bem.

Dê uma olhada na imagem abaixo:

Poderia ser a mesma pessoa, exceto por um pequeno detalhe de coerência.

Peguei propositalmente duas imagens bem parecidas, mas apenas uma é ausente de conflitos.  

Explico.

Por que raios o homem da esquerda usa uma jaqueta jeans (fechada, como se não bastasse)? Ele está na rua, o que é coerente com o uso do chapéu. A berma e o óculos de sol só nos fazem entender que está um dia quente, ensolarado. Além disso, ele está com sua desert boots, calçado apropriado para dias quentes. Mas a jaqueta, sinceramente não entendi.

Será que ele pegou do armário rapidinho antes de sair de casa pensando “vai que esfria”? Não, não deve ter sido isso... se fosse, ele não estaria usando-a fechada naquela momento.

Já o homem da direita, todos os elementos conversam entre si. Essa relação de adequação de toda a vestimenta faz com que compremos sua proposta e que não pareça caricato.

Abaixo outros comparativos utilizando a mesma lógica:

3. Modelagem (vulgo: caimento)

Seguiu sua personalidade com moderação e escolheu peças que harmonizam entre si. Sinto dizer, amigo, mas nada disso importa se elas não cairem bem no seu esqueleto.

A dura realidade é essa. Nem o terno mais cabuloso ajuda se não estiver certo para o seu corpo.

“E como vou saber se o pano tá máfia?”

Desde que ingressei aqui no Papo, tenho feito artigos especiais sobre cada peça de roupa e o caimento ideal para diversos biotipos.

Escrevi sobre calças, bermudas, camisas e ternos. Estes podem ser seu guia na hora de escolher a peça certa!

Mas para não deixar uma lacuna aqui, uma dica é que opte sempre por roupas que contornem o formato do seu corpo sem “colar” demais, indepentende se você é gordo, magro ou bolander.

Este pensamento de tentar ocultar sua bolotisse ou sua magreza com roupas mais largas só serve para acentuar essas características.

Não é a toa que os maiores ícones cômicos usam roupas mais largas ou apertadas demais para caracterizar seus personagens. Lembre-se da roupa de um palhaço, ou a do Charles:

Para ilustrar e deixar mais claro nosso entendimento, pedi para o Bruno vestir a camisa da Conto (para quem é novo por aqui, Conto é minha marca de vestuário e acessórios masculinos) nos 4 tamanhos que temos disponíveis: P, M, G e GG.

Taí o resultado:

A camisa P (apertada), nos da a impressão de infantilidade. Parece que pegou do irmão mais novo. E quanto mais larga a peça vai ficando, menor ele fica. O sinal que passa é que ele está sendo engolido pela camisa.

Outros exemplos:

Espero que tenha sido útil por aí!

Se restou alguma dúvida ou quiser compartilhar experiências, nos vemos nos comentários.

Beijos e até daqui 15! =)

A Conto Figueira

Esta é minha marca, junto com Bruno Passos. Ela deu início pela incessante busca de camisas que vestissem bem e, pela nossa vontade de criar uma empresa que trata as pessoas como pessoas.

Desde 2011, a Conto oferece peças clássicas, que de alguma maneira não causem estranheza aos olhos dos mais tradicionais, mas que ao mesmo tempo despertem um consumidor adormecido, o jovem.

Fazemos isso por meio dos detalhes, utilizando combinações de cores inusitadas em partes escondidas das peças e minúcias delicadas de acabamento que dão riqueza e um novo olhar às peças.

Um pouco do que você encontrará na nossa loja virtual.

 


publicado em 06 de Abril de 2018, 09:49
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Camila Simielli

Proprietária da marca masculina Conto Figueira.


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