Como viajar para uma ilha deserta (modo principiante)

Estou envolto em uma camada densa de pessoas. Morando em São Paulo, são mais de 11 milhões de pessoas e, tentando ser mais exato, pode chegar a 20 milhões durante o dia, com outras pessoas que trabalham na cidade (e moram na grande São Paulo) e turistas -- sejam eles culturais ou a negócios) -- que chegam e vão todos os dias nas centenas de voos dos aeroportos de Congonhas e Cumbica.

Como eu, milhões de pessoas sentem esse aperto inerente no cotidiano, seja aqui em essepê ou lá no Rio ou Curitiba ou Recife ou Nova Iorque ou Mumbai. São megalópoles que, por mais que amamos, causam todos aqueles desconfortos que sabemos de cabo a rabo.

Pessoas precisam de isolamento.

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Não de se trancar em casa, de paredes grossas e janelas com vidro a prova de som. Isolamento completo, ser retirada -- pinçada mesmo -- desse contexto e ser inserida em outro. Geralmente isso acontece nas férias e nos feriados.

Nas férias e nos feriados, as pessoas que se amontoam nas cidades vão se aglomerar na areia da praia, nas cidades das montanhas, nos grandes resorts e centros de cultura e entretenimento.

Ficar a ermo, sozinho só e solitário é uma tarefa árdua. Muitos tem medo e preconceito, confundem solitude com solidão. Aos que chegaram a entender a diferença e topam uma jornada ao retiro, ao remoto, há que se pensar em ter conhecimento para tal. Com sete bilhões de maluquinhos no planeta cada dia menor, fica difícil e se necessita mais conhecimento e habilidade para chegar a um local efetivamente apartado de todo o resto.

Aos principiantes, marujos de primeira viagem, gente que tem colhão mas não tem os devidos direcionamentos, agora a experiência vem de mão beijada.

A empresa de turismo Docastaway oferece aos seus clientes a experiência de viver -- por um tempo -- em uma ilha deserta, "uma experiência única e desconhecida até agora; a de se sentir um náufrago".

Propagandas exageradas a parte (claro que nenhuma viagem que eles possam oferecer chagará perto da tensão e trauma e perigo de ser um náufrago, mesmo com todo o romantismo envolvido nisso), a ideia parece bem apetitosa e foi criada pelo espanhol Alvaro Cerezo, que passou anos explorando ilhas inabitadas e isoladas para oferecer essa sensação de estar descolado da sociedade para alguns dias de tranquilidade. São villas provadas, retiros isolados, eco-resorts de luxo e mini-hotéis "para absoluto conforto".

São dois modelos de viagem que podem te levar até uma ilha da Indonésia ou Filipinas Adventure (para ficar em cabanas isoladas e tendas rústicas, comer em folha e aquela pegada mais roots mesmo) e Confort (bangalôs e acomodações bem mais luxuosas e perto da realidade). As diárias variam entre R$ 200 e R$ 600, dependendo do lugar e tipo de hospedagem.

O legal disso tudo é oferecer de verdade uma possibilidade de alguém completamente desconhecedor do how to de poder fazer uma viagem isolada. Os preços não baratos, mas estão longe de serem estratosféricos.

E aí que vem o bacana.

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Temos um Brasil inteiro com muitos lugares facilmente tidos como isolados. Aos que manjam mais dos conhecimentos, seria bem massa que esse texto se tornasse um celeiro de dicas para onde ir: valeria praia, chapadas e vales e montanhas e rios e interiores e ilhas.

Mas a ideia é que seja pegada mesmo de isolamento e que tivesse, também, uma separação entre o roots e o mais acessível para que pessoas de todos os tipos conseguissem se programar para ir. Quanto mais informação precisa, melhor.

Comecemos, aqui embaixo, nos comentários.

Pra quem ainda ficou na brisa das ilhas desertas, tem uma cacetada de fotos dos lugares na página deles no Facebook. Todas as que usamos nesse texto saíram de lá.


publicado em 15 de Fevereiro de 2014, 12:00
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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