Em busca do Pênis perdido

Pergunta: "Dr. Love,

Estou com um problema sério, mas vou resumir. Tenho 23 anos e meu pai me abandonou quando era pequeno, e nunca tive referências masculinas em minha casa.

Passei por problemas mais tarde de auto-afirmação de minha masculinidade (nada relacionado a homosexualidade, mas relacionado a mostrar ao mundo que sou homem "macho"). Sempre me apaixonei muito fácil por garotas, e de uns anos pra cá, fiquei sozinho. Agora estou namorando há 7 meses, e entrei em um estado desesperador.

Não consigo ter relações sexuais com minha namorada (ejaculação precoce) e vejo ela como se fosse a última chance de ter uma mulher na minha vida. Ainda tenho problemas com
relação a masculinidade (acho que as mulheres não me enxergam como homem).

Sinto que isso está relacionado a minha necessidade de auto-afirmação, pois sempre vi o sexo como a "prova de ser homem". O que eu faço pra sair dessa neura? Quero ter a calma e a confiança em minha masculinidade, e a certeza de que sou capaz de conquistar outras mulheres, caso não dê certo com essa.

Obs: Não tenho tendências homossexuais."

- Tiago

Caro Tiago,

a falta de referência masculina é um Tsunami que vem varrendo toda uma geração de homens nas últimas décadas. Depois que as mulheres resolveram queimar os sutiãs em praça pública e descobriram que existe um remedinho que as permite trepar sem engravidar, a coisa virou baderna.

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Elas só querem saber de se divertir. Nove meses depois chega um presente inesperado.

Veja bem, nos anos 60 e 70, elas se libertaram. Vieram as pioneiras mulheres modernas - as que estão nascendo hoje já são diferentes. Lá pela década de 80, esse grupinho de mocinhas salientes começou a engravidar. E hoje, estamos vivendo o resultado, já que muitas delas se divorciaram e se tornaram mães solteiras.

O interessante é que você, com vinte e poucos anos, é um representante clássico dessa turma de jovens viris, cheios de tesão e completamente desnorteados, para não dizer feminilizados.

Isso não significa que você goste de usar calcinha e tenha uma coleção de bonecas no armário.

Estou falando de homens mais sensíveis, mais emotivos, que, dentre outras coisas, se apaixonam com mais facilidade. Se apaixonar facilmente é comum em indivíduos que vivem sonhando com a parceira perfeita. Sempre que encontram alguém que tenha as características supostamente ideais, BAM!, ficam de quatro, como um bobo alegre.

Pela sua mensagem está claro que você é um sujeito com mente clara e facilidade de raciocínio. Isso me agrada, já que dar explicações para estúpidos costuma ser muito cansativo.

No entanto, pessoas mais racionais e auto-perceptivas costumam ter maior dificuldade em assimilar novos hábitos e mudança. Pois analisam compulsivamente qualquer novo conceito ou informação.

E aí surge a famosa Parálise pela Análise. Seu cérebro se torna seu maior inimigo. Ele se recusa a dar a permissão para que aja como um homem. Só o fará quando encontrar um motivo forte o suficiente.

A questão é: onde encontrar um argumento forte o suficiente?

Não se convence o cérebro com argumentos ou razões perfeitamente lógicas, por mais que isso soe como um contra-senso.

Convencemos nosso cérebro com experiências. Emoções. Vivências.

Você está preso a uma concepção de si mesmo criada por traumas passados e sedimentada pelo modo como acredita que as outras pessoas o percebem.

Para romper com essas correntes, precisa fazer duas coisas:


1. Enterrar os traumas passados e colocar novas referências no lugar


Entenda algo, os traumas não somem. Nem há porque tentar apagá-los. São cicatrizes, marcas de quem viveu. Toda marca tem sua beleza, é carregada de emoções e aprendizado.
No entanto, não podemos permitir que marcas antigas tomem conta e definam nossas vidas. É essencial passar por cima disso.
Para tanto, você precisa viver outras experiências de grande intensidade, que vão se tornar suas novas guias-mestras na reconstrução de sua identidade - que agora vai ser uma identidade com um pênis e um saco roxo incluídos.
Quem não vive novos momentos, está fadado a ficar preso naquilo que já foi.

2. Se afastar das pessoas que o enjaulam em uma percepção emasculada de si mesmo


Mesmo que sejam seus amigos, sua família ou o Papa. Um homem de verdade sabe a hora de pegar a estrada e partir em busca de rotas que ainda não foram desbravadas.
No entanto, essa é uma jornada solitária. Se afastar vai permitir a você agir sem se preocupar com conceitos pré-formados na cabeça de quem estiver à sua volta.
caronistas
Está na hora de colocar o pé na estrada. Você nunca sabe o que a vida te reserva...

Mude de casa, de cidade, de Estado, de país. Arranje um emprego, já que dinheiro vai ser um item importante para acelerar e financiar seu processo de transformação. Se matricule em aulas de Boxe, Jiu-Jitsu, vá dar porrada em alguém. Viaje com alguns amigos para uma cidade no interior e vá naquelas festas onde seu maior problema vai ser cãimbra na língua, de tanto beijar.

A ereção está diretamente ligada a nosso nível de auto-confiança. Um macho que duvida de si mesmo vai ter um pinto igualmente temeroso.

Um psicólogo pode e até vai te ajudar bastante. É a trilha pavimentada, a mais fácil, que vai te manter bem confortável enquanto caminha. Mas está longe de ser suficiente.

Você precisa sentir seus músculos. Precisa ver seu pau comendo outras mulheres. Precisa sentir dinheiro entrando no bolso. Precisa ficar sozinho e perceber que não é fim, que dá conta de se virar. Terapia de choque.

Esse sim é o caminho mais rápido, apesar de não ser nada indolor. E também o que vai levá-lo mais longe, fazendo com que conheça lados de si mesmo que sequer imaginava existir, meu caro.

Só espero que não seja um lado que goste de dar ré no kibe. ;-D

Dr. Love, consultor amoroso e cachorrão nas horas vagas

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publicado em 22 de Agosto de 2007, 20:15
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Dr. Love

Consultor amoroso e cachorrão nas horas vagas.


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