Em defesa do PdH

Ói nóis aqui traveiz... Acho que não escrevia para o PapodeHomem desde julho. Não vou falar de saúde dessa vez. Até o pessoal aqui sabe que vivo em constante litígio com a minha futura ex-profissão. Relato uma experiência recente.

Fui surpreendido pelo seguinte email repleto de críticas durante minha estadia em Blumenau, na última Oktoberfest.

O email da leitora

"Você não tem nada para fazer? Você é médico formado e fica perdendo tempo com um blog escroto na Internet!
Já que você percebeu que a vida estava passando sem fazer nada de interessante, então porque não usa seu tempo para realizar coisas inteligentes, que possam acrescentar algo?
Bom, espero que você reflita nesse email... não quero passar sermão, mas sempre é tempo de recomeçar.
Abraços."

"Oh, meu Deus, o que eu fiz da minha vida?!"

Preciso confessar que o primeiro impulso foi, digamos, bem explosivo e mal educado. Afinal, em minha essência, sou ogro-tosco-xucro-obtuso-etc-etc-etc, vocês me conhecem.

Excepcionalmente, respirei fundo e respondi o seguinte.

Minha resposta

"Olá, leitora.
Creio que você se precipitou nas suas colocações. Eu trabalho em cinco locais diferentes na cidade do Rio de Janeiro. Sou funcionário público do INTO (Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia), sócio de uma clínica ortopédica, atendo como médico do trabalho numa empresa da minha família e pertenço a uma equipe especializada em Cirurgia do Joelho.
Além disso, estou em treinamento para ser personal/professional coach e depois coach executivo, pois descobri que minha real vocação não é tratar da saúde alheia, e sim aprimorar ainda mais as pessoas em busca de seus objetivos. Ser uma espécie de facilitador de desenvolvimento dos outros.
Também tenho uma banda de rock. Sou baterista. A bateria é algo que descobri após a faculdade: se a tivesse descoberto antes, eu não seria médico hoje em dia.
E mesmo fazendo tudo isso ainda encontro tempo para escrever no PdH. Para cada email de crítica que recebo, recebo muito mais emails com elogios e agradecimentos por esclarecer dúvidas de saúde. Veja meus textos na coluna Dr. Health e tire suas conclusões.
Pessoas que não tem orientação alguma sobre AIDS, métodos anticoncepcionais e outros assuntos encontram nos meus textos alguma luz. Se isso não acrescenta algo, não sei mais o que acrescenta.
Aliás, eu não considero perda de tempo escrever no PapodeHomem. Já ganhei até dinheiro com textos patrocinados e um know-how sobre internet que me permitirá fazer um marketing muito bom para minhas novas atividades em coaching.

Facilitador de desenvolvimento em ação.

Sem contar que por causa do site, eu conheci uma agora ex-namorada, fã dos meus textos, alguém com quem vivi momentos muito especiais. E a rede de contatos interessantes que estabeleci. E os horizontes que foram abertos para mim... Como se diz, isso não tem preço.
Conversava outro dia com membros da equipe e percebi que minhas atitudes e pensamentos mudaram muito, para melhor (apesar de eu ainda trollar nos comentários de vez em quando, reconheço), graças ao debate com outros participantes daqui. Essa troca de ideias criou uma espécie de inteligência coletiva, também conhecida como Comunidade PdH, que evolui junta.
As discussões no PapodeHomem costumam ser de alto nível e acrescentam bastante a todos os participantes. E sinceramente não atrapalha em nada no meu trabalho. Nada. Nem um tiquinho. Não só lá, como aqui, eu estou sim acrescentando algo à vida das pessoas.
Respeito o seu pensamento, mas discordo de forma veemente.
Cordiais saudações,
Mauricio"

Só não mencionei no email que, graças à credencial de imprensa que o pequeno grande Gus Fune conseguiu pra mim na Oktoberfest, eu entrei de graça em todos os dias que fui, o que me permitiu usar o dinheiro da entrada para tomar mais uns 10 chopps. Mas aí também já era demais.

Perda de tempo? Sei...


publicado em 17 de Janeiro de 2011, 17:46
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Mauricio Garcia

Flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico e o nosso grande Dr. Health.


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