Olhe para a TV agora. Pode ser 20h, 18h ou até meio dia. Ligue no canal de esportes. Band, SporTv, ESPN Brasil ou o que você preferir. Muito provavelmente há um ser, masculino ou feminino, emitindo opiniões. O cargo você também tem opções para identificá-lo: comentarista, colunista, ex-jogador ou sei lá o quê.
Não importa quem, quando ou onde está falando, uma coisa é certa: a linha entre o jornalismo e o entretenimento é cada dia mais tênue, mais frágil. E invisível.
Recentemente vimos uma explosão de farpas entre Ronaldo e Neto pela TV e pelo Twitter. De um lado, o ex-jogador fez críticas ao atual ídolo corintiano. Na sequência, a resposta veio para os mais de um milhão de seguidores de Ronaldo no Twitter. Neto não deixou por menos: passou bons minutos atacando pessoalmente o jogador em TV aberta (tratei desse assunto no OsGeraldinos).
A partir de agora, nosso auto-intitulado “Portal de Blogs do Torcedor Brasileiro”, trará textos reflexivos sobre os principais fatos e discussões do esporte para o PapodeHomem, na série "Entre as Pernas". O ponto é: sob a única e exclusiva ótica do torcedor.
Espalham-se pela web os milhões de comentaristas, munidos de seus celulares e muita opinião. Enfim, o conceito de 180 milhões de treinadores se torna realidade. Todos, de ricos a pobres, de jogadores a torcedores, têm a sua oportunidade de dar opiniões.
Uma democracia que, se na política já derrubou ditadores, ainda engatinha em mobilização no esporte. Mas, pensando bem, já temos ao menos o primeiro time do mundo controlado 100% pelos acionistas online. Ou você ainda não conhece o Meu Time de Futebol?
Ao contrário do modelo irresponsável que as TVs e rádios brasileiras adoratam ao permitir a polêmica pela polêmica, devemos estimular a boa convivência entre torcedores. Aquela tal da brincadeira saudável – e, nesse caso, pacífica. Enquanto muitos dos referidos pseudo-jornalistas cobram jogadores com veemência quase violenta em frente às câmeras, preferimos o bom humor.
Já vimos diversos casos de brigas entre o jornalismo-polêmica e suas fontes de opinião. Você pode lembrar do caso de Kajuru brigando com lutador de boxe, Marcos também reclamando de Neto, Luxemburgo e Marcelinho brigando na bancada, o mesmo Luxa contra Milton Leite no SporTv e o caso que parou na justiça de Rogério Ceni com Milly Lacombe.
Todas estas guerras são fruto da necessidade de criar audiência. Da tentativa de chamar a atenção e aumentar os números do Ibope. E aí o campo entre o que é polêmica feita para entreter e o que é notícia apurada com correção para informar fica ainda mais nebuloso.
O problema é que ao dar o poder do microfone às opiniões polêmicas, estimula-se o ódio desenfreado de torcedores contra seus clubes. Os mesmos torcedores que recebem regalias dos times para continuar vivendo de torcer. Se é que se pode chamar as torcidas organizadas de torcidas de fato. Wagner Love já abandonou o Palmeiras por ter sido abordado em um banco, Roberto Carlos pulou do barco corintiano antes de afundar e depois de receber ameaças, entre tantos outros casos de violência gratuita.
Se a evolução dos negócios no esporte possibilitou o crescimento financeiro dos clubes e o retorno de craques, os principais envolvidos extra-campo com o futebol ainda precisam amadurecer: as diretorias, a mídia e a torcida.
Vamos tentar ir além das notícias, vamos ver o que a informação causa no coração e no dia a dia do torcedor. De pessoas como eu e você, interessadas em ver o esporte evoluir, as mortes acabarem, as brigas de ego e politicagens diminuírem.
Pode ser utopia, pode ser exagero, mas não custa muito tentar levar o esporte a sério como o que ele de fato é: entretenimento. Um verdadeiro show para divertir milhões de pessoas, dar lucro a patrocinadores, sucesso a jogadores e seguidores aos times.
Quem sabe um dia aprenderemos a fazer do esporte brasileiro um verdadeiro espetáculo nos moldes do Super Bowl. Um evento que atrai toda a mídia e faz a roda girar (aqui um texto meu sobre a última edição).
O esporte é um tema que reverbera. Além das quatro linhas, das paredes do estádio e muito mais longe que a mesa de bar. O assunto não morre.
Ainda bem.
Sugestões para a série "Entre as Pernas"?
Sou responsável por um site, OsGeraldinos, que desde 2005 tem como objetivo dar voz aos torcedores. Nosso sucesso sempre foi limitado pela própria intelectualidade do conteúdo. O esporte é paixão, onde nosso ser é mais puro e mais autêntico. E a massa dos usuários de redes sociais busca nos blogs a seu canal para exercer sua função de torcedor: xingar, reclamar, não respeitar o adversário e só ouvir o que lhe é dito de bom sobre seu próprio time.
OsGeraldinos sempre teve como objetivo o respeito mútuo e análise crítica dos fatos esportivos. Crítica, não tática. Mas antes de nos acharmos donos da verdade e tentarmos fazer o mundo à nossa maneira, optamos por estar ao lado dos torcedores do seu jeito mais apaixonado, estabelecendo nossos limites éticos e críticos.
Aqui no PdH nossos melhores editores de OsGeraldinos virão todo domingo disparar opiniões dentro da série "Entre as Pernas".
Se vocês tiverem sugestões sobre o que procuram e raramente encontram no jornalismo esportivo, deixem nos comentários. Até a próxima!
publicado em 20 de Fevereiro de 2011, 09:07