Entrevista com Conrado Navarro, do Dinheirama - Parte I

A Papo de Homem teve o prazer de entrevistar o criador do Dinheirama, um dos maiores casos de sucesso entre os blogs brasileiros. O Dinheirama - lançado há menos de 6 meses - é como uma escola financeira, que ajuda seus leitores a multiplicar o dinheiro sem complicação, em textos claros e descomplicados.

Aproveite esse papo para aprender algumas dicas com o homem por trás dessa empreitada.

Dinheiro no Varal
Algumas pessoas simplesmente não dão valor ao dinheiro

Papo de Homem: Fala grande Conrado! Antes de entrarmos no assunto do Dinheirama, nos conte um pouco da sua história, qual sua formação e com o que trabalha atualmente?

Guilherme, quero agradecer pelo convite e parabenizá-lo pela cada vez melhor PdH. Fico muito feliz em poder colaborar com a revista e com leitores tão especiais. A minha história não é diferente nem mais especial que a da maioria dos brasileiros. Mas ela é e sempre foi intensa e acredito ser este o grande segredo de minha caminhada.

Sempre fiz as coisas com muita determinação, muito entusiasmo e senso de cooperação. E gostar de ajudar é uma característica que abriu e abre muitas portas em minha vida.

Eu sempre fui apaixonado por computadores. Apesar dos poucos 26 anos (risos), tive TK-86, MSX e PC-XT. Depois fui passando por todos os 286, 386, 486, MMX, Pentium, Pentium II, Pentium III etc etc etc. Sou tido como autodidata e aprendi MS-DOS, Basic e programação para BBS. Adorava.

Então fui estudar Ciência da Computação e me dei muito bem. No terceiro ano já tinha estágio, fui efetivado, subi rápido de posto e hoje sou um dos gerentes administrativos da Intermec para a América do Sul. Estou terminando um MBA Executivo pela UNIFEI.

Papo de Homem: Qual foi sua motivação para iniciar o Dinheirama?

Eu precisava de algo mais. Eu precisava continuar aprendendo e então decidi que o MBA seria minha fonte de inspiração. Sou muito amigo dos professores e criamos um grupo de estudo sobre investimentos e finanças. Então pude colaborar com algumas pessoas e percebi a oportunidade.

De que adianta aprendermos tanto se não houver oportunidade de ensinar, compartilhar? Muito mais que ensinar algo, o objetivo deste grupo e do Dinheirama é levar confiança às pessoas para que elas possam criar motivação suficiente para cuidar de seu dinheiro, de seu patrimônio. É um trabalho muito mais difícil e lento do que apenas ensinar técnicas e metodologias.

Mas o desafio não terminava ali. A escrita e a abordagem precisavam ser convincentes, claras e calorosas. Fui ler, pesquisar e estudar. Li 20 livros em 3 meses, fazendo anotações, treinando e discutindo com o grupo e professores. Decidi colocar em prática, tentar. E assim surgiu o Dinheirama.

Papo de Homem: Quando montou o blog, já imaginava que ele pudesse se tornar algo maior, ou foi simplesmente por hobbie?

Criei o blog pelo desafio, como comentei na resposta anterior. Eu queria testar minha capacidade de abstração e os conhecimentos que adquiri durante todo o tempo em que me dediquei ao tema. Mas sempre quis fazer isso de uma forma honesta, sincera e com o propósito de colaborar, agregar valor e ajudar.

Confesso que não imaginei que ele fosse tomar estas proporções tão rapidamente. Mas também confesso que eu estava animado e focado no objetivo de criar uma nova referência na internet sobre o assunto.

O desafio se mostrou maior do que eu pensava e com o entusiasmo de sempre, vou enfrentá-lo. O Dinheirama tem ainda um enorme potencial e os leitores têm sido extremamente gentis com meu trabalho. Espero retribuir sempre de forma semelhante.

Dinheiro 2
Esse sou eu em casa contabilizando parte dos lucros ganhos com a Papo de Homem

Papo de Homem: Um dos grandes diferenciais do blog é a qualidade dos textos, você consegue traduzir os conceitos financeiros com facilidade. Sempre teve facilidade com a escrita ou foi aperfeiçoando com o tempo?

Eu sempre gostei muito de ler. Fui um garoto que trocou cedo o agito da rua pela calma do computador e sempre gostei de atividades ligadas ao conhecimento. Sou filho de professor universitário e mãe advogada, portanto sempre tive exemplos práticos de vocabulário, expressão e didática. Eu não me lembro de ter passado um mês sem ler um livro. Com a leitura veio o vocabulário e com ele a vontade de escrever.

Ainda tendo preterido algumas boas bagunças na rua, eu adorava conversar e participar de boas discussões. Aprendi cedo que podemos ter tempo pra tudo. Ainda na faculdade eu gostava de ler jornal, revista de negócios etc. Então notei que as pessoas se aproximavam de mim para conversar porque sabiam que o papo poderia render horas. O que tudo isso tem a ver com escrever? Ora, eu tratei de passar a facilidade de conversar para o papel.

Não me conformava (e ainda não me conformo) com a grande quantidade de informação mal diagnosticada jogada por ai. É um desperdício. Informação tem que ser interessante ou não será facilmente transformada em conhecimento. E ai comecei a escrever. Cá pra nós, não sou dos que conhece as regras de gramática ou as boas maneiras de escrever. Cometo erros, como todo mundo.

Papo de Homem: O Dinheirama não tem nem 6 meses e conta hoje com 790 assinantes no Feed e uma comunidade de leitores fiéis. Se tivesse que fazer uma lista, quais seriam os três fatores chave para esse sucesso?

Humildade, respeito e conteúdo. São palavras auto-explicativas, mas que merecem muita atenção. Pela internet é fácil falar que somos humildes, concordo. Infelizmente não tive oportunidade de conversar pessoalmente com meus leitores, portanto tento transparecer minha personalidade através dos textos. E faço isso de uma forma muito simples: eu escrevo pensando nas pessoas, na felicidade de cada um.

O respeito traz consigo o bom senso, o direito ao contato com uma opinião divergente. Sou do tipo que prefere uma polêmica por conhecimento a uma polêmica por publicidade. Nos bastidores do blog recebo cerca de 10 e-mails por dia através do formulário de contato. Muitos agradecem, elogiam. Muitos contestam, criticam. Todos os e-mails são respondidos, sem exceção, com cordialidade e disposição. O conteúdo é resultado dessa interação.

Papo de Homem: Quanto tempo dedica diariamente ao Dinheirama, e em quais atividades(networking, escrita dos artigos, pesquisa, divulgação...)?

Dedico ao Dinheirama pelo menos 4 horas por dia. A rotina é bastante intensa, mas muito prazeirosa. Leio todos os e-mails recebidos durante os últimos dias e os classifico. Temas de maior interesse viram motivo de pesquisa e leitura, que são realizadas através da Internet, livros e contato com profissionais. Além disso, preocupo-me em manter um excelente relacionamento com meus leitores e colaboradores, tratando de identificar mais oportunidades interessantes. A escrita de um artigo leva de 1 a 1,5 horas.

Papo de Homem: O Dinheirama já está te dando retorno significativo com publicidade? Já dá pra pagar a cerveja do fim de semana?

O termo significativo é muito subjetivo, embora lembre "muita grana" (risos). Nah, eu consigo pagar a cervejinha de fim de semana e o pastel da feira. O detalhe mora fora da internet: com as amizades e o networking gerado através do Dinheirama, consegui muitas oportunidades reais de negócio. Ops, essa é a pergunta 7B.

Papo de Homem: E quais outras oportunidades surgiram por conta do blog?

Muitas. Mantenho trabalhos conjuntos com outros profissionais, tive a oportunidade de conhecer autores renomados como Gustavo Cerbasi, Álvaro Modernell etc. Isso não tem preço. Mais que ganhar dinheiro, estou tendo a chance de aprender com cada um dos leitores e colaboradores. O Dinheirama é apenas a ponta do iceberg. Aliás, preparem-se para um novo Dinheirama. Vem ai um novo site...

Aguardem amanhã o resto da entrevista onde vamos conversar com o Navarro sobre carros, mulheres, blogs e dinheiro. Enquanto isso, aproveitem para visitar o Dinheirama.


publicado em 21 de Julho de 2007, 16:20
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Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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