"Eu quero uma casa no meio do nada..."

"... onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais"

Parafraseando a tão conhecida canção da imortal Elis Regina, todo mundo já teve vontade de ter uma casinha simples no meio do mais completo nada pra poder exercer seu Fugere urbem, de exercer, na mais profunda prática, a antipatia momentânea do mundo em sociedade, de não pensar no cara do cartão da C&A, tocar o foda-se pro Controlar ou pra situação das cracolândias.

Casa no meio do Rio Drina perto da cidade de Bajina Basta, Servia (Foto: Irene Becker)
Casa no meio do Rio Drina perto da cidade de Bajina Basta, Servia (Foto: Irene Becker)

Eu, como teimoso aspirante a escritor, me veria fácil passando dias incontáveis dentro de uma casa afastada, com aquele bucolismo quase triste, quase mórbido, só escrevendo duas, três páginas por dia de um novo romance, só ligado nas onomatopeias do entorno. Seria uma condição bem favorável e interessante.

Bem, presa a uma rocha exposta no centro do rio, perto da cidade de Bajina Basta, na Sérvia, uma pequena casa vem recebendo muita atenção na internet desde que teve sua imagem capturada por uma câmera no ano passado, pela artista húngara Irene Becker. Sua foto foi publicada pela National Geographic como uma das melhores "Fotos do Dia" em agosto de 2012 e, desde então, a morada misteriosa e tranquila do rio Drina tem capturado a imaginação de milhões de pessoas.

Trata-se de um casebre estruturado sobre uma rocha solitária no meio da correnteza do rio. Só que, enquanto a imagem chama toda a atenção e aguça a imaginação de quem vê pela Internet, na Sérvia, a casa precária é destino turístico popular há décadas e um símbolo da região, chegando a ser nomeada uma das Sete Maravilhas da Sérvia.

A casa foi construída, de acordo com seu proprietário, há mais de 40 anos, poe ele e outros amigos que gostavam que gostavam de nadar nas águas do rio Drina e tomar sol na pedra grande que agora suporta a casa. Como não é muito confortável ficar horas sentado na superfície irregular da pedra e a meninada, em 1968, tinha tempo de sobra, eles começaram a levar tábuas de um galpão abandonado nas proximidades que, de pouco em pouco, se conforto pra sentar, virou um pequeno abrigo. O que era brincadeira virou uma pequena construção de madeira que sobreviveu a várias inundações e tempestades fortes.

Agora eu volto pra imaginação individual. Eu tenho todas essas cenas na cabeça, do esteriótipo do escritor solitário, com o papel rascunhado na frente da cara, a fumaça do cigarro tentando escapar da pequena montanha de bitucas, alguma bebida qualquer de canto pra bebericar em vez de xingar a criatividade enferrujada.

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Mas e vocês? Mesmo. Qual seria a finalidade de ter um local completamente isolado da sociedade pra se aproveitar?

Tô genuinamente curioso.


publicado em 23 de Abril de 2013, 07:00
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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