Homens possíveis, mulheres mais livres: um convite à mudança em quatro encontros

Teoria, vivências e exercícios práticos com foco em como desenvolver virtudes tão necessárias — e urgentes — para construir o mundo mais harmônico que desejamos.

Falar em mudança é bonito, dá brilho no olho e faz sentir orgulho no envolvimento com causas. Mas para além do oba oba de saber que dá pra mudar o mundo, como, de fato, começamos? Quais são os caminhos reais para a transformação acontecer —  e se sustentar?

De um lado, homens que devem agir dentro da caixa dos comportamentos esperados: fortes, durões, intimidadores, respeitados. De outro, mulheres que sofrem na pele a imposição sem brechas de uma sociedade que nos obriga a atuar como verdadeiras equilibristas: temos de ser sensíveis, acolhedoras e amorosas na vida privada ao mesmo tempo em que temos de assumir uma postura firme e durona no universo corporativo para que sejamos notadas.

Personagens a serem vividos 24 horas por dia, sem folga.

 

Ilustração: Lilli Carré

O resultado: tensão generalizada. Homens com emocionalidade restrita, sufocados, que acabam por adoecer e morrer mais cedo; mulheres cansadas, esgotadas, cobradas excessivamente.

Com tantos padrões sociais escravizantes a serem quebrados, falar em mulheres mais confortáveis na própria pele parece utopia, não parece? Eu, recém-nascida, tive as orelhas furadas — não lembro, mas sei: foi a primeira marca que me diferenciou dos homens. Fui alvo, ainda tão pequena, de um dos modelos institucionalizados em nossa cultura para definir gênero. Mal abri os olhos e lá estava o aviso taxativo de quem eu era. Mulher. Uma identidade imposta.

Desde então, uma vida gerenciando impressões: da menina doce à mulher compreensiva; da criança que brincava com a boneca, a louça de plástico e o ferrinho de passar à adulta que tem de conquistar o combo de sucesso "marido, filhos e casa própria"; da estudante que sempre era vista na biblioteca, entre fichamentos apaixonados e leituras diárias, à profissional lançada a um mercado de trabalho canibal, em que as diferenças salariais relacionadas a gênero e etnia continuam discrepantes — para mesmos cargos, por exemplo, homens seguem ganhando 30% a mais do que mulheres. Isso tudo, claro, sem poder largar mão da sensibilidade.

Sensibilizar. Durante longo período as mulheres fomos as guardiãs dessa e de outras virtudes como cuidar, humanizar, compreender, confiar, integrar, acolher, reunir, inspirar, ouvir, ponderar, amparar. Mas o mundo está mudando (você já percebe?).

Ilustração: Lilli Carré

E para chegarmos ao mundo que queremos faz-se necessário um olhar mais harmônico, acompanhado por uma mudança em nossos valores. Caminharemos de uma sociedade polarizada para pessoas envolvidas em um círculo maior de preocupação. É, na prática, uma flexibilidade maior de papeis: homens possíveis, preocupados com o desenvolvimento de habilidades mais sensíveis e mulheres mais livres, mais confortáveis em agir e pensar como quiserem.

É mais sobre o estar em constante transformação e menos sobre o ser tão rigidamente imposto. Nenhuma escolha é, necessariamente, uma sentença definitiva.

Sabemos que o trabalho para isso acontecer é mais lento e árduo do que gostaríamos. E exige, acima de tudo, continuidade. Acolhimento, escuta, compreensão, empatia, sensibilização: em tempos de reflexão, mudanças e transformações, tempos em que nos perguntamos como superar tantos desafios, estes valores são essenciais para construir o novo mundo que queremos. É o que acredita o projeto #OValordoFeminino, de Molico, e que endossamos por aqui no PapodeHomem.

Pensando nisso, nós, do PdH, juntos com Molico, fazemos um convite: quatro encontros, quatro temas cuidadosamente pensados e um percurso de transformação que começa em outubro e termina em dezembro.

Comunicação não-violenta: caminhos para uma conversa mais genuína, com Giovanna Camargo (27 de outubro); Parentalidade: um olhar empático para as relações paternas, com Pedrinho Fonseca (17 de novembro); Acolhimento: uma experiência afetiva e efetiva, com Débora Vigevani, do Instituto Fazendo Minha História (24 de novembro) e Mundo corporativo: por uma perspectiva de trabalho mais humana, com Eduardo Amuri (8 de dezembro), são os assuntos que colocaremos na roda, em encontros que acontecerão das 18h30 às 22h . Para além de gênero, as trocas serão sobre os valores que queremos aprimorar para construir o mundo mais harmônico que desejamos. A cada reunião, teoria, vivências e exercícios práticos com foco em como desenvolver virtudes tão necessárias — e urgentes.

E aí, vamos juntos?

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Queremos saber um pouco mais de você: o que faz seu coração vibrar? Quais causas o emocionam? De onde vem, para onde vai? :)

Para proporcionar um ambiente de troca acolhedor, seguro e confortável, abriremos 30 vagas e essas 30 pessoas nos acompanharão pelos quatro encontros. Isso porque acreditamos que a continuidade no trajeto garante processos de transformação mais efetivos.

Vem conversar com a gente aqui. Esperamos vê-lx em breve.

 

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Parceiro: Molico

Molico acredita que a construção de uma nova realidade passa pelo desenvolvimento de virtudes universais.

Acolhimento, escuta, integração, cuidado, compreensão, amparo: valores que, durante muito tempo, foram considerados femininos devido a um longo período em que as mulheres foram suas guardiãs, mas que sabemos serem urgentes em qualquer pessoa.

Por isso, Molico lançou a plataforma O Valor do Feminino e também apoia o percurso de transformação "Homens possíveis, mulheres mais livres".


publicado em 18 de Outubro de 2016, 16:59
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Gabrielle Estevans

Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo e coordenadora de projetos com propósito. Certa feita, enamorou-se pela palavra inefável. Desde então, também mantém uma lista de pequenas coisinhas indizíveis.


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