"Homens sem mulheres", de Haruki Murakami | Clube do Livro PdH #1

Toda a comunidade lê um mesmo livro. Daqui um mês, nos encontramos pra debater sobre. Tira a poeira dessa mente viciada em Facebook e vem com a gente nessa jornada

Livros são o ginásio da imaginação. E a imaginação é nossa porta pra tudo o que é mágico. Dançando em seus braços somos capazes de sonhar, intuir, chorar, amar, sofrer, construir o possível e o impossível. Nos fazemos humanos.

Stephen King, um dos meus autores favoritos, diz que "livros são mágicas unicamente portáteis".

Sentar com um dos bons debaixo duma árvore é como voltar pra casa depois de uma longa viagem e nos pegar pensando, "como dei conta de ficar tanto tempo longe?".

Eu lendo | Foto por Nathalia Roberto, amiga querida e co-fundadora da Kind, um espaço de crescimento para mulheres, sobre o qual vira e mexe falamos em nosso Instagram

Fora toda a poesia, poucos hábitos nos beneficiam tanto como o gosto pela leitura.

Mergulhar num livro pressupõe a capacidade de sustentar nossa atenção e foco, assim como exercitar a criatividade e a curiosidade. Por isso, é chegada a hora de tirarmos da gaveta um sonho antigo: nosso clube do livro

Pensamos no funcionamento mais simples possível. No começo de cada mês, sugerimos uma leitura. (sim, eu devia ter soltado esse artigo semana passada, me desculpem; o segundo vai vir no começo de junho)

Quatro semanas depois, todos que leram se encontram digitalmente por meio da plataforma Zoom, para debatermos nossas impressões. O debate terá um anfitrião da equipe PdH, que oferece comentários sobre a leitura, apontando pontos dignos de nota e abrindo caminhos de interpretação para o debate.

Em seguida, a conversa flui livremente, com o anfitrião mediando para nos atermos ao tempo e tornar a conversa construtiva.

Eu serei o anfitrião do primeiro debate.

O primeiro livro do clube: “Homens sem mulheres”, de Haruki Murakami

Murakami

O vigoroso Murakami está em sua melhor forma nos sete contos inéditos que compõem essa obra, um de seus trabalhos mais recentes. Murakami é um dos grandes nomes da literatura do século XXI.

As histórias desse livro orbitam em torno de memórias, solidão, isolamento, sonhos (muitos deles, frustrados) e cenários fantásticos. Mulheres permeiam os espaços e silêncios das narrativas, assim como as vidas dos protagonistas (sempre homens) se mostra inseparável das agruras e êxtases vividos às voltas com o feminino.

"Homens sem mulheres" é um copo de whisky tomado em casa numa sexta à noite, sozinho, com boa música no toca discos. Arde às vezes, mas também abraça e nos conecta com um senso compartilhado de solidão masculina que, cedo ou tarde, enfrentamos.

Escolhi um compilado de contos para facilitar colocarmos o pé na água de nosso clube de leituras. Se você ler apenas um dos sete contos, já vai poder participar da conversa sem problemas.

A escrita de Murakami é direta, faz sentir. Esse é o propósito declarado do autor, "quando escrevo sobre cerveja, quero que os leitores sintam sede". 

"Quando escrevo sobre fazer amor, os leitores deviam sentir vontade de transar." Ele se orgulha da carta de uma fã que contou ter se excitado tanto lendo "Norwegian Wood" que saiu de seu dormitório, foi até o de seu namorado, jogou pedras em sua janela, escalou a parede até entrar no quarto por ela e fizeram sexo. "Essa é uma ótima história! Essa é uma reação física.", ele conta nessa entrevista.

Murakami acorda cedo todos os dias. É maratonista. Se vê como um pária entre os romancistas japoneses e atrai multidões pelo mundo. Os perfis escritos sobre ele retratam uma pessoa afável e tranquila, não alguém afetado ou com ares de gênio recluso.

Fãs de Murakami acampados em Londres, esperando a chance de um autógrafo

Aprecio seus trabalhos e achei esse um bom autor pra dar o pontapé em nosso percurso.

Adorei. Onde compro o livro?

Aqui o link da Amazon para comprar sua versão impressa ou para seu Kindle.

Sim, também não gostei da capa | Linda foto por Farley Santos

Esse é o link de afiliados do PdH, então ao adquirir por meio dele você apoia tudo que fazemos há mais de dez anos em prol do movimento de transformação dos homens. Ou seja, vamos te respeitar pra caralho.

Mas vamos seguir te amando se preferir comprar em outro lugar, claro.

Não tenho grana pra comprar o livro, orçamento apertado, economia em crise... e agora?

Sem desculpas, queridão. Chame um ou dois amigos e rachem o valor.

O clube do livro vai ficar ainda mais interessante pra vocês, por conta das conversas presenciais que vão rolar com absoluta certeza.

Não consigo participar do encontro digital, já tenho compromisso no dia

Já tem compromisso marcado pra daqui um mês? Tá importante, hein.

Mas sem problemas, será publicado um artigo sobre o papo após nossos encontros. E fora isso, sugerimos que levem a semente do clube pra fora do computador.

Convoquem seus amigos e amigas para participar e debatam no bar, em casa, no centro de meditação. Logo não vão querer mais deixar de ter esses encontros e debates mensais. 

Não consigo ler, minha mente anda distraída demais

Bem-vindo ao clube.

A mente de todos nós, seres de uma geração nutrida por tweets, stories, vines, posts e likes, está distraída. Nos entupimos de lixo cognitivo numa intensidade nunca antes vista na história da humanidade.

A quantidade de informação produzida por toda a civilização humana de seu início até 2003 é o equivalente ao que é produzido em 5 minutos hoje. Quer dizer, era — esse é um dado de 2013.

Desacelerar, desconectar, sentar e ler se tornaram atos de resistência.

Ler é zelar pela própria sanidade em um mundo histérico.

Ainda que seja difícil no começo, dê uma chance aos tijolos de celulose. Ou ao Kindle, o e-reader que me acompanha em todas as viagens. 

Como vou debater se costumo esquecer o que leio rapidamente?

Faça notas sobre os pontos mais marcantes, rabisque o livro, dobre as páginas, escreva questionamentos e perguntas nos rodapés de cada capítulo.

Use seu livro como um artista brinca com a tela em branco. 

Spoiler: esse tipo de leitura mais atenta e crítica costuma ser mais envolvente e nos ajuda a fixar mais da história.

Outra sugestão é dar uma passada no guia de leitura proposto no site oficial do Murakami para esse obra. Aliás, o site dele é incrível e destrincha inúmeras referências e easter eggs de seu trabalho.

Pra terem ideia, há uma seção com TODAS as referências musicais de seus livros — Murakami já foi dono de um bar de jazz e tem uma coleção com mais de 10.000 discos.

Só homens podem participar?

Não.

O clube é pra todo mundo. Homens, mulheres, homossexuais, heterossexuais, bi, pretos, brancos, pardos, ateus, religiosos, abraça-árvores e capitalistas selvagens.

Venham que o coração é de mãe.

Quando vai ser o encontro online pra debater esse primeiro livro e como garanto minha vaga nesse clube? 

Dez de maio, às 20h. Agenda aí, 10/05/18.

Pra participar basta baixar o Zoom e ficar de olho no link que vamos enviar por email.

Deixe seu email abaixo pra participar da lista específica com os avisos do clube do livro. Vamos divulgar os novos livros, updates e datas sobre os encontros, assim como enviar os links para acessar as salas de discussão.

Em linhas gerais, nossos livros terão alguma conexão com masculinidades e/ou com aspectos de florescimento humano

Não há compromisso algum, não tem que pagar nada, não tem pegadinha ao final. Só preencher o formulário de inscrição abaixo.

Clique na imagem para ver o formulário de inscrição.

Entendi tudo, adorei. Que faço agora?

Compra o livro e lê, Sherlock. De preferência, usando nosso link de afiliados.

E coloque seu email no formulário aqui em cima pra ser avisado do encontro online.

Espero todos e todas vocês, dia dez de maio, às 20h. Deixa reservado na agenda pra não esquecer, hoje tudo que faço está no Google Calendar. 

Ah, quase esqueci, posso sugerir um livro?

Urrun, só deixar nos comentários. Sugestões serão muito bem-vindas.

* * *

Como diria nosso amigo Bauch, um bruta abraço.


publicado em 12 de Abril de 2018, 20:08
File

Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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