Lei antifumo aprovada, agora pra todo país: o que muda com ela?

Pense em algo que tenha ânsia em fazer, invariavelmente, todos os dias, até cinco minutos após acordar. Essa é a relação de 25% dos brasileiros fumantes com o cigarro: dependência completa.

Maluco pensar que em 1954 a Leo Burnett criou a icônica campanha do "Homem Marlboro" para tornar cigarros filtrados algo mais masculino – eram visto como coisa de mulher. Ser dependente de um cilindrinho de nicotina não me parece lá muito viril.

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Pois dez anos depois, em 1964, foi publicado um dos primeiros relatórios norte-americanos de repercussão condenando o tabaco. Entretanto, naquela época se considerava politicamente impossível fazer algo sobre o apetite das corporações tabagistas.

Entre agências de publicidade, lucros, bancos e mercado de ações, havia pontas demais sustentando uma estrutura corporativo-consumista de aparência indestrutível. Interesses grandes demais.

Felizmente, e como tudo na vida, se tratava de uma aparência e foi sim possível fazer algo à respeito. Levou cinquenta anos.

A proporção de fumantes diminuiu pela metade nos EUA, de lá para cá. No Brasil o consumo caiu em 20% entre 2006 e 2012, segundo o Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas) – curiosamente, a quantidade de fumantes na classe A dobrou, pulando de 5,2% para 10,9%. Temos hoje 20 milhões de fumantes e destes, 533 mil são adolescentes.

E sábado passado, no Dia Mundial sem Tabaco, o Ministério da Saúde anuncinou a Lei Antifumo. Se depender dela, esses números vão despencar.

As normas estão bem mais severas e valem para todo o território brasileiro. Fumar em locais fechados não vale mais em nenhum estado. E os fiscalizados não serão os fumantes e sim os estabelecimentos, que poderão receber multas e estão autorizados a chamar a polícia quando clientes se recusarem a cooperar. Arthur Chioro, ministro da Saúde, nos explica como a regulamentação vai funcionar:

As regras preveem que as pessoas não poderão fumar em lugares públicos ou privados (acessíveis ao público) que possuam cobertura, teto, parede, divisórias ou toldos.
Em varandas de restaurante com toldo, por exemplo, não será permitido o fumo, bem como na área coberta de pontos de ônibus. As normas também valem para narguilés ou qualquer tipo de fumígeno, mas não abrangem cigarros eletrônicos, pois, segundo Chioro, eles não são legais no Brasil.
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Em meio ao fuzuê da Copa, e ano no qual o quinto "Homem Malrboro" morreu de doença relacionada a cigarro, taí algo digno de aplausos.

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Nota dos editores: esse é um post despretensioso, um formato rápido com o qual pretendemos experimentar para compartilhar com vocês ideias e recomendações que valem sua atenção.


publicado em 05 de Junho de 2014, 14:46
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Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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