Messi versus Neymar: quem é o melhor?

Sério que a torcida é para que se enfrentem no Mundial Interclubes da FIFA esses dois moleques?

Então, gosto do Messi e não topo com o Neymar. Não é de hoje: marra demais pra tão pouco tempo de bola. Primeiro gol como profissional em 2009. Nem dois anos se passaram desde a final do Paulistão onde quem reinou foi Ronaldo, ainda fenomenal em plena Vila Belmiro.

Messi: o melhor sou eu!
"O melhor sou eu!"

Dois títulos paulistas, uma Copa do Brasil, Libertadores a caminho, talvez. Terá sido mais mérito dele ou do Muricy?

Já Messi estreou pelo Barcelona em 2004 e, por lá, já ganhou cinco espanhóis, mais três taças da Liga dos Campeões. Na última final, sábado passado contra o Manchester United em Wembley, foi maestro e solista. Eleito o melhor disso, daquilo e daquilo outro já uma dúzia de vezes pela crônica esportiva internacional. Capa do Winning Eleven, cazzo!

Pela seleção, Messi já disputou duas Copas do Mundo. Nas duas, esbarrou na Alemanha; gol que é bom, ninguém sabe, ninguém viu. Foi entretanto campeão olímpico em 2008, eliminando os amareludos do anão Dunga, que em 2010 contrariou 190 milhões de técnicos de futebol e deixou de levar Neymar à Copa da África.

Dá pra comparar?

Então, até dá pra comparar. Título por si só não é medida do talento individual do boleiro: taí o Cafu que não me deixa mentir, levantou meia tonelada de taças, ganhou tudo o que disputou e mesmo assim não entra na minha lista dos duzentos melhores laterais-direito que já vi jogar.

Neymar: "Tá maluco? O melhor sou eu!"
"Tá maluco? O melhor sou eu!"

Em campo, eles tem semelhanças e diferenças. Iguais, iguaizinhos, só numa coisa: decidem. Driblam, correm com a bola colada ao pé, veem o jogo, finalizam; carregam o time nas costas quando é preciso, falham vez ou outra como seres humanos que são. Claro, as condições não são nem de perto as mesmas. Messi, ao lado de metade da seleção espanhola campeã na África do Sul, desfila nos tapetes verdes da Europa; Neymar, entre o céu e o inferno, Paulo Henrique Ganso de um lado e Zé Love do outro, chafurda nos pastos sulamericanos.

Tenho pra mim que, futebol por futebol, leva a melhor Messi. Fez mais, faz mais, talvez venha a fazer ainda mais. Não é Maradona, o que é tanto maldição quanto bênção, mas pode vir a ser ainda maior que ele. Heresia? Imagino se essa geração do futebol argentino não pode ser capaz de nos aprontar um maracanazo em 2014.

Neymar, pra mim, ainda tem que se equilibrar melhor entre as questões de dentro e de fora dos gramados, ou periga virar um Robinho, que hoje não é sombra do que projetava ser quando deixou na mão o mesmo Santos: sonhava em ser Pelé, ou pelo menos Ronaldo, no mínimo Ronaldinho, e acordou Denílson. Evangélico e pai solteiro, precisa se decidir entre um way of life estilo Kaká, carreira planejada degrau a degrau, ou Garrincha, que tinha tudo pra dar errado e por acaso deu certo e depois deu errado como não podia deixar de ser.

No fim das contas, eu sou mais o Tevez, mas aí vão me chamar de "viúva do Carlitos" e meu coração corintiano há de se ofender.


publicado em 03 de Junho de 2011, 05:00
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Erico Verissimo

Serial father, sistemeiro desenvolvimentista computacional, pessoa humana nas horas vagas. Ateu praticante, corintiano devoto, sempre com fé na vida. Moço casadoiro, aliança no dedo já há uma década. Antecipando a crise dos 40. Jênio incompreendido, vidraça fantasiada de estilingue. De tudo um pouco e mais um pouco em verossimil.wordpress.com ou em @verossimil.


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