Nesse carnaval, use lubrificante

Afinal, que tem que usar camisinha você já sabe, né?

Todo carnaval os outdoors ficam entupidos de confete enfeitando propaganda de cerveja e anúncio de "use camisinha". Pra não dizer que não disse, já digo: nesse carnaval use, sim, camisinha. É importante para um caraleo. Mas alguém já deve ter te falado isso (eu espero) e, pra evitar reviradas de olhos que resmunguem "de novo, o mesmo papo" eu queria falar alguma coisa diferente. Então…

Nesse Carnaval, além da camisinha, use lubrificante.

Lambuza, bebê!

Lubrificante não é coisa que só serve pra quem quer dar o cu (mas se vc for dar, use), como muito casal hétero acha. Na verdade ele ajuda a dar uma segurança pra geral: héteros, gays, lésbicas.

A história é a seguinte: o lubrificante, junto com a camisinha, é importante porque ajuda a prevenir doenças e infecções, pq quanto mais lambuzado, melhor.

Botou o gelzinho, a rala e rolação fica mais escorregadia e suave, e por isso tem menos chance de abrir aquelas microferidas que dão espaço pra infecções.

Lubrificante nenhum vai te proteger de DST, mas quanto menos lesões a pele tiver, menos exposta a vírus e bactérias ela fica.

E a verdade é que mesmo com camisinha, a gente acaba exposto a DST. E a gente pega mesmo. HPV, clamídia… Pega, sim. Aí vai no médico e trata. Quase tudo se trata, e a gente segue a vida, sem drama, mas com responsabilidade.

Ok. Sem fazer das coisas um bicho de sete cabeças mas, podendo evitar até aquela infecção urinária besta, que se instala ali pq meteu-se demais... podendo evitar, todo mundo sai ganhando.

O lubrificante, mesmo quando tá molhado, dando uma camada extra, é uma dica de ouro pra sentir tudo mais gostoso e saudável no sexo vaginal, anal, seja com pênis ou dedo.

Mas você está cagando pra doença e acha que isso é mito

Não vai ser nesse texto que eu vou te dissuadir disso, mas eu vou te dar um bom motivo para você usar lubrificante: quem transa sem atrito, transa mais.

É uma relação lógica: sem atrito, pau, cu ou xana não ficam doloridos e a próxima gozada fica mais bem-vinda. Ninguém precisa passar o sábado, o domingo e a segunda de carnaval sofrendo para mijar porque abusou na sexta de carnaval.

Carnaval é sem vergonha

Parece que rola um orgulho de mostrar que "não precisa" ou um preconceito em precisar. É como se o lubrificante fosse um remédio, uma coisa que resolve um problema. Uma coisa que, se você precisa, é porque as coisas vão mal.

Tem uma aura de autossuficiencia e orgulho em não precisar do lubrificante e, do outro lado dessa moeda, parece que precisar é motivo de vergonha.

É só quando a gente chega no ápice do ardor, lá pela terceira trepada que a gente recorre. É um orgulho animalesco, de ser uma força sexual da natureza, sem recorrer a nada. Lubrificante é o viagra das mulheres: o artifício que te permite quando seu corpo não responde.

Mas não é isso. Não é sobre ter ou não lubrificação, ser ou não capaz. É sobre melar mais pra foder mais. É sobre melhorar os processos: mais seguro, mais gostoso, pronto pra próxima ainda mais rápido.

Buraco não é balcão do Master Chef

Não inventa de fazer Marlon Brando e meter com manteiga. Esquece o azeite, a margarina, o oléo de motor de carro… Ginecologista nenhum recomenda essa experiência gastronômica. Pode dar ruim. O Lubrificante é feito pra isso porque ele é um gel à base d’água. Só água. Feito pro corpo absorver ou eliminar o que sobrar, sem cheiro e sem efeito colateral.

Na falta, vai na saliva?

É uma opção, migos. É a opção mais fácil e natural, porém, a saliva é meio ácida e ela pode piorar as coisas em caso de ardência.

Leva na pochete

Tá, um lub em embalagem de tubo de pasta de dente pode não ser muito prático de se carregar na pochete. Mas vou lembrar que não é desculpa, dá pra comprar na farmácia aqueles que vem no saquinho como o da camisinha. Pah! Na sua desculpa.

Pra alguma coisa há de servir

E no final, se vc acabar sem transar com ninguém da pra usar o gel pra passar glitter no corpo.


publicado em 13 de Fevereiro de 2018, 00:00
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Gabriella Feola

Editora do Papo de Homem e autora do livro "Amulherar-se" . Atualmente também sou mestranda da ECA USP, pesquisando a comunicação da sexualidade nas redes e curso segunda graduação, em psicologia.


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