O amor de vai e vem | Do Amor #24

Ficadas esporádicas, a amizade colorida, os amigos que se entendem e tentam um relacionamento

Amizade de colégio, um amigo em comum apresentou os dois e a proximidade geográfica na sala de aula fez o papel de cupido. Ficaram a primeira vez duas semanas depois, sozinhos no intervalo. Algo bem tranquilo, a aproximação, uma risada, o beijo. Muito beijos daqueles juvenis, que envolve muito mais que boca, o corpo todo fica latejando e ambos tentam não demonstrar a vontade excessiva, uma época da vida em que tentamos parecer experientes sem saber que a perícia está justamente em se deixar levar pela molecagem.

Após o recreio, era como se nada tivesse acontecido. Se distraíram normalmente com as aulas, riram com os colegas de piadas de classe, na saída, um beijo no rosto sem mensagem codificadas, piscadelas, um pedido de mais daquilo em outro dia. Cada um com sua carona, cada um pra sua casa. E quase não se falou mais disso. Vez ou outra, quando sozinhos, brincavam haver uma saudade, pequenos desafios de "olha que assim eu te beijo de novo", mas nenhuma ação concreta, uma preguiça de quem é jovem e não sabe o tempo que o tempo tem.

Uma amizade que foi crescendo, das delícias da época de escola de ver, no outro, um parceiro pra vida inteirinha. Dos dois, um começou a namorar. Ambos felizes pelo acontecimento, a estima ainda em alta, o apego dentro e fora da sala de aula. O namoro terminava e voltava com certa frequência, mas a outra parte estava sempre por perto para ajudar nas épocas de baixa. Ficavam sempre que acontecia briga ou tempo no relacionamento instável. Era uma desavença, o afastamento momentâneo, a conversa para ajudar a levantar o astral, o abraço demorado, beijos de corpo inteiro. No dia seguinte, só a camaradagem. O namoro voltava, todos contentes, a vida seguia seu pequeno carpe diem. Até que o namoro acabou de vez. O primeiro a saber foi quem primeiro tomou a ação de colocar colados os dois corpos para mais beijos. Não havia, porém, uma suculência extra por ter de volta caminho aberto ou por poder, enfim, abrir alguma sentimentalidade além daquela que sempre era demonstrada. Apenas curtiam o convívio carnal sem obrigações. Encontros, conversas, ficadas quando dava vontade. Achavam tudo muito divertido.

Mas os dias se passaram e, agora, com o coração vazio, o lado recém-separado começou a ver a outra metade com novos olhos, talvez depois de um final de semana que prolongou a companhia um do outro pra além dos dias de aula. Disso, uma vontade de estreitar ainda mais o convívio, se é que era possível, deu espaço para um pequeno afastamento mútuo. Na verdade foi uma tentativa bem frustrada, eles tentavam não se ver nos corredores e se falar menos na classe. Uma pequena guerra para ver quem falava primeiro que estava amando. 

A combinação de vontade e medo é perigosa. "Quero, mas não posso. Posso, mas e se não conseguir?". A gente afasta um relacionamento com outro. Na nova solteirice, acabou ficando com outra pessoa na frente de quem efetivamente queria estar. Abalou a amizade, cruzou algum limite, esfriou o desejo que estava borbulhando. Acabou a diversão.

O amor, essa brincadeira sem graça.

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publicado em 29 de Janeiro de 2016, 00:10
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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