O que estamos lendo? [Julho/2012]

O que você tem lido? Tenho curiosidade em saber que tipo de leitura muda a vida as pessoas, forma caráter e ensina coisas úteis. Nós aqui do PdH estamos sempre lendo alguma coisa, e às vezes até calha de ser algo que muda nossas vidas, forma nosso caráter e ensina coisas úteis. Compartilhamos alguns desses com vocês, e queremos saber também quais linhas os olhos nossos leitores acompanham. 

Com a gente essa semana, uma pessoa nova: a Luiza Oliveira, que chegou ao QG essa semana para nos ajudar a criar conteúdo do caralho em vídeo. Ela já chegou botando banca, com uma graphic novel pela qual eu pessoalmente me interessei bastante.

Rodrigo Cambiaghi lê O encantador de cães, de Cesar Millan

Encantador de cães

Tem cara de livro de auto-ajuda, a capa é tosca e confesso que algumas vezes fiquei com vergonha de ler o livro em público. Mesmo assim o livro abriu demais meus olhos sobre a relação homem-cão é considero uma leitura obrigatória para todos que tem cachorro.
Quebra muitos paradigmas comuns, como o das pessoas acharem que quando o cachorro pula ao chegamos em casa é uma demonstração de carinho e felicidade, e que destruir o nosso tênis favorito seja a maneira dele expressar raiva contra nós.
Em um trecho que achei muito interessante, ele diz que os moradores de rua são os melhores donos de cães que existem. O animal anda sempre ao lado, é obediente, é fica presos e nem anda com guia, ao contrário dos nossos, que andam com a coleira apertada graças ao nosso medo dele fugir. Nós gritamos, chamamos, falamos "NÃO" e as vezes até batemos para tentar corrigir a postura, enquanto os moradores de rua só precisam de um olhar ou um assobio para ter controle sobre o animal.
E você achando que um mendigo não tinha nada pra te acrescentar.

André Costa relê A arte da estratégia, do Prof Carlos Alberto Julio

A arte da estratégia

Um dos melhores livros sobre a dobradinha estratégia e execução que já li. Simples o bastante para possa ser usado tanto por um padeiro quanto pelo CEO de uma multinacional. Com linguagem simples, mostra que as organizações (e as pessoas) raramente deixam de atingir seus objetivos por conta de falha no planejamento, mas quase sempre por falha na execução.
Livro do caráleo, que serve também para revolucionar sua vida pessoal (embora não seja pra isso). Só não faz chover.

Luiza Oliveira lê Asterios Polyp, de David Mazzucchelli

Asterios Polyp

No dia de seu quinquagésimo aniversário, o professor Asterios Polyp tem sua casa destruída por um incêndio. Desnorteado e sem rumo, ele parte para o lugar mais distante que o dinheiro existente no bolso podia levá-lo.
Acaba tornando-se auxiliar de um mecânico, em uma pequena cidade. E lá começa a reconstruir sua vida, sua própria identidade e sua maneira de ver o mundo.
Entremeados com a narração de seu presente estão diversos episódios do passado, que revelam a complicada personalidade de Asterios, suas aspirações, crenças, desilusões e as razões de sua atual infelicidade.
Achei um projeto gráfico sensacional. O cuidado nos detalhes da obra são incríveis. A exitência de uma tipografia para cada personagem, o estilo e técnicas de ilustração totalmente diferentes mas que se completam, tudo coopera para o desenvolvimento de uma história muito bem contada. É ao mesmo tempo um estudo sobre as possibilidades narrativas dos quadrinhos, um livro de design, estética, filosofia e humor.

Jader Pires lê O livro dos seres imaginários, de Jorge Luis Borges

O Livro dos Seres Imaginários

Ô argentino filhodaputa de bom! Sou e sempre serei muito fã da escrita do Borges. Esse foi um cara extremamente culto, de intelecto exacerbado, com um conhecimento infinitamente vasto e de capacidade exemplar para pesquisas históricas, filosóficas e mitológicas. Mas sua escrita é por demais acessível e deliciosa de ler. Não é aquele papo de nerd falando com nerd sobre nerdices. O Borges é um cara tão bom escrevendo que ele consegue colocar tranquilamente uma caralhada de informações fodas em um texto relaxado, gostoso de descer os olhos bobos de espanto.
Esse livro, o dos seres imaginários, é um lindo compilado de seres da mitologia e da crença popular ao redor do mundo sobre monstros, seres absurdos, entidades bizarras, animais grotescos, guardiões dos mundos, das vidas, das mortes, dos sonhos, das razões. Um baita catálogo que descreve esses monstros em uma página, página e meia. Leitura rápida, gostosa, e aquela sensação boa demais de ver que, a cada dezena de folhas, o leitor se sente, de alguma forma, mais inteligente. Os melhores livros são esses. O Borges só faz obras como essa. Ô argentino filhodaputa de bom.

Alberto Brandão lê A realidade oculta - Universos paralelos e as leis profundas do cosmo, de Brian Greene

Realidade Oculta

O primeiro livro que li do físico Brian Greene foi O Universo Elegante, onde o autor explica com uma fluência admirável temas como Relatividade Geral, teoria das cordas, dimensões ocultas e a busca pela Teoria Unificada. Tudo escrito em um formato para "não cientistas". Já em "A Realidade Oculta", Greene se aprofunda mais sobre o estudo de dimensões paralelas. Explicando doppelgängers, a infinitude do universo, matéria escura e vários tópicos em cosmologia.
O autor adota uma abordagem menos acadêmica, mas não menos científica, usando exemplos práticos para nos demonstrar a magnitude do universo, ilustrando todo caminho percorrido pelas teorias, passando por Newton, Einstein, Higgs e outros grandes físicos da história. Cada página virada me leva a um momento de pausa e reflexão, imaginando tudo o que está sendo explicado pelo autor e todo o caminho até essas conclusões.
Se deparar com aplicações práticas e reais de coisas que sempre consideramos ficção é de explodir a cabeça.
Esse trecho do New York Times demonstra a grandiosidade da coisa:
“Se um extraterrestres aparecessem amanhã e pedissem para conhecer as capacidades da mente humana, não poderíamos fazer nada melhor que lhes oferecer um exemplar deste livro.” - Timothy Ferris, New York Times Book Review
Veja também Brian Greene explicando seu livro na série Big Bang Theory.

Felipe Franco lê Hellboy, de Mike Mignola

Hellboy

Esta edição conta duas histórias. Na primeira o Belzebu vermelho faz parceria com o Batman. Os dois picas das galáxias se juntam para enfrentar um grupo de neonazistas em um cidade escondida no centro da floresta amazônica. O plano dos carecas é usar magia para ressuscitar uma divindade ancestral que promete trazer o império nazista de volta... o blábláblá de sempre, sendo que o foda mesmo é ver BATMAM e HELLBOY juntos! Tem o Starman também, mas porra BATMAN e HELBOY desenhados pelo Mike Mignola já é o suficiente para comprar.
A segunda história tem de background uma guerra secular entre duas famílias mafiosas na cidade de Arcádia, onde uma alma penada chamada Gosth usa uma .45 para se vingar dos seus assassinos. Sim, isso mesmo, um fantasma com uma pistola calibre 45 mandando chumbo em mafiosos. Hellboy entra na brincadeira para ajudar e entender o que aconteceu com Gosth, e no meio do caminho eles se deparam com um ser misterioso que promete a Gosth o tão merecido descanso eterno. Mas em troca ele pede a mão direita da perdição do queridão dos infernos.
O encadernado é roteirizado pelo próprio Mignola e por James Robinson e fodamente ilustrado por Sckott Benefiel, Jasen Rodriguez e claro pelo mestre Mike Mignola... 50 pilas bem gastos.

Fabio Bracht lê um par de livros que ele leva nas mãos pela rua

Não consigo ler em casa nem no trabalho, mas qualquer outro lugar é lugar de leitura. No ônibus, em salas de espera, tomando um café rápido ali na esquina. Leio em lugares para onde eu tenho que levar e trazer o livro. Às vezes me pego levando o livro sempre pela mão, nunca colocando o guri na mochila, como é o habitual. Aí é que percebo: estou lendo algo bom demais para largar.
Ainda bem que eu tenho duas mãos, porque nesse último mês eu tenho lido um belo par desse tipo de livro.
O primeiro é o How to think more about sex, do filósofo suíço Alain de Botton. Parte da série School of Life, que traz verdadeiros livros-aula a respeito de vários aspectos importantíssimos da vida, este em específico fala de sexo. E filosofia. E pornografia. E rotina. E fetiches. E sobre por que alguns preferem a Natalie Portman à Scarlett Johansson, embora todos concordemos que as duas são, ó, filézinho.
Bird by Bird -- Some instructions on writing and life é uma coisa mais linda, mais fofa, mais apertável do mundo, escrito pela tiazinha Anne Lamott. Não sei se ela é de fato uma tiazinha, nunca vi foto dela, mas imagino facilmente uma versão audiobook desse livro sendo gravado em voz lenta por uma senhorinha de 75 anos em uma cadeira de balanço. Como o nome entrega, é um livro de (ótimos) conselhos para quem se pretende a escritor, mas com o bem-vindo tempero de pequenas histórias da vida da autora e divagações gerais sobre a vida. Meio impossível não querer sair escrevendo contos e romances a torto e a direito depois de ler alguns capítulos.

Você lê _________?

Mostramos os nossos, agora mostre o seu. Qual a melhor coisa que você leu recentemente?


publicado em 27 de Julho de 2012, 16:25
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Fabio Bracht

Toca guitarra e bateria, respira música, já mochilou pela Europa, conhece todos os memes, idolatra Jack White. Segue sendo um aprendiz de cara legal.\r\n\r\n[Facebook | Twitter]


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