Orange Blossom: Dr. Drinks ensina a diferenciar meninos de homens

Chegou a hora de saber se alguém aqui é homem de verdade ou se faz parte da nova geração dos homens mimados.

Preparei um drink clássico com gin, uma das bebidas mais fortes que existe e um drink sem álcool para entendermos melhor o que nos motiva a beber. Sou neto de um dono de bar, depois tive e trabalhei em bares; uma coisa meu avô e o balcão me ensinaram: crianças não sabem beber.

Veja no final do vídeoum dos efeitos de se conhecer sobre bebidas e aprenda dois drinks antes de ler abaixo minha explicação sobre a diferença entre homens e meninos e sobre como beber fora dos padrões.

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Receita do Dr. Drinks para o Orange Blossom

O Orange Blossom foi inventado na década de 1920, em plena lei seca nos EUA. Como a bebida mais acessível era o gin, traficado pela máfia italiana, ele tornou-se bem popular em drinks e cocktails por um motivo muito peculiar: o gin da época era horrível por ser produzido em condições precárias como destilarias de fundo de quintal. Então, para disfarçar o sabor grosseiro deste que mal havia deixado de ser apenas um remédio, ele era comumente misturado a licores ou sucos.

Era o drink favorito de Robert Benchley, escritor americano que inicialmente era defensor da lei seca, aos 31 anos de idade tomou seu primeiro drink (um Orange Blossom) e acabou se tornando parceiro de copo de F. Scott Fitzgerald e sua mulher, Zelda Fitzgerald, que segundo uma lenda urbana tomou uma garrafa térmica inteira do drink e perdeu-se em um campo de golf.

Você vai precisar de:

• Uma taça de Martini gelada

• Suco de laranja

• Gin (o melhor é o London Dry Gin)

• Simple syrup (xarope simples de açúcar, receita abaixo)

• Gelo

Adicione gelo à coqueteleira, 3 partes de gin, 6 partes de suco de laranja e duas partes de simple syrup. Bata até gelar a superfície da coqueteleira e sirva o drink coado sem gelo algum na taça de Martini previamente gelada.

Para fazer o simple syrup:

Muito fácil: jogue uma medida de água e uma de açúcar numa panela, leve ao fogo médio e mexa continuamente por alguns minutos até começar a ferver. Retire de fogo, deixe esfriar e use para adoçar drinks com suco de fruta que não levem licor. Infelizmente o vídeo que temos fazendo o xarope ainda não está editado. Publicaremos o link via Twitter, Facebook e comentários essa semana.

Receita do novo drink sem álcool do Dr. Drinks

Esse drink junta elementos cítricos e azedos, como limão e abacaxi, a sabores doces e amplos, como o simple syrup e a hortelã.

Você vai precisar de:

• Um copo Long Drink

• Gelo

• Um raminho de hortelã

• Suco de laranja

• Suco de abacaxi

• Simple Syrup

• Suco de limão

Ponha a hortelã no copo com uma boa dose de simple syrup, macere bem pra que a erva solte seu sabor e aromas no xarope. A seguir acrescente 4 pedras de gelo e encha até a metade do copo com suco de laranja. Complete com suco de abacaxi e esprema meio limão por cima. Mexa e sirva. É fantástica a complexidade desses sabores combinados.

Entenda por que crianças não sabem beber

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Xamã peruano: esquecemos de nossas origens a tal ponto que hoje muitos sequer sabem o que significa "xamã" | Créditos: Leonid Plotkin

Bebemos com desejo de socialização. Pense em quantas pessoas bacanas você conheceu enquanto bebia leite e entenderá o que estou dizendo. O consumo de bebidas alcoólicas pela humanidade começou há muitos séculos por vários povos indígenas e pagãos que bebiam para "entrar em transe" e estar mais próximo de seus deuses.

É fato que quem bebe vê "coisinhas" – e como não havia método científico, era normal atribuir tudo ao divino. Tomar um porre era, literalmente, uma coisa santa. Assim as bebidas tornaram-se um traço da cultura dos povos. Em algumas regiões onde a medicina era mais avançada, as bebidas eram inicialmente usadas como remédio. Em outras, eram aperitivo, como a cachaça no Brasil, que era tomada antes das refeições para abrir o apetite.

Esse hábito tornou-se parte tão forte de nossas vidas que hoje em dia é quase impossível pensar em uma festa de casamento, por exemplo, sem algo diferenciado para beber. Beber tornou-se algo natural em nossas vidas. É natural filhos crescerem vendo os pais consumindo álcool em casa. Seja no seu próprio aniversário de um aninho ou na noite de Natal.

Mais cedo ou mais tarde essas crianças crescem e acabam bebendo. Isso acontece porque incorporamos em nosso inconsciente, por osmose com nosso meio e a sociedade em que vivemos, o valor emocional do álcool e todas as suas benesses para o agrupamento social.

O álcool potencializa as emoções, antes para nos colocar em contato com os deuses e hoje para nos conectar a outras pessoas. Portanto, ele torna-se um problema nas mãos de quem não sabe controlar as próprias emoções.

A diferença entre homens e meninos

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Clint Eastwood: mesmo tomando cerveja em latinha (PBR), é sempre um grande exemplo

Para algumas pessoas o hábito de beber é muito mais do que simplesmente embriagar-se levado por um hábito involuntário. São as pessoas que conhecem o que estão bebendo. Sabem seus limites e as consequências de avançar até eles, ou de ultrapassá-los.

É justamente a forma como encaramos as consequências que mostra quão homens nós somos. Não só por causa de uma ressaca ou uma piadinha pra mulher errada, mas pra tudo na vida. Homem mesmo é aquele que estufa o peito e segura a bronca, seja ela qual for. É o cara que sabe admitir que errou ou que algo que fez deu errado e tem a coragem de encarar os fatos.

Isso também tem seu lado bom, pois quem administra de forma madura algo ruim também o faz para coisas boas. Afinal é assim que vamos pra cima das mulheres. De qualquer outra forma tomamos toco. Quem é pegador chega junto com a maior naturalidade porque é seguro de si e não precisa correr pra mamãezinha buscando proteção.

Beber fora dos padrões

Sujeito diz que sabe beber, pois bebe 30 latas de cerveja e não cai. Isso não é saber beber. No máximo é saber não cair de bêbado com cerveja. Sabe beber o sujeito que conhece o que está bebendo, sua história e seus efeitos.

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Nosso retrato: seres enlatados, uns iguais aos outros, que fazem pouco além de poluir o mundo

Se num evento social já estão todos de copo na mão, a aproximação torna-se muito mais fácil ao focar seu discurso em algo que está evidente na outra pessoa: seu copo. Alguém com um copo na mão está, como vimos, disposto a socializar. Imagine se nesse momento você é capaz de descrever o estímulo sensorial que o outro está tendo naquele exato momento por meio de sua bebida.

Isso só acontece se você conhecer bebidas. Se tiver tal disposição, um novo mundo vai se abrir diante de seu olfato, visão e paladar. História, antropologia, ciência, religião... tudo cabe numa simples dose. E nesse momento você nasce de forma elevada perante o outro. Seja uma mulher, sejam seus amigos, familiares, colegas de trabalho, quem for.

Você adquire a característica de dominar o conhecimento de um hábito subconsciente do ser humano. É ser visto como um tipo de psicólogo que entende as expectativas que pretendemos suprir no copo. Ou ser um grande contador de histórias.

Ambos os casos prendem a atenção e tornam você uma pessoa diferenciada no grupo cheio de caras que tomam 30 latas de cerveja e não caem. E também não sabem porque bebem. É quase como que um movimento reflexo, automático.

Pessoas que se enquadram em grandes padrões comportamentais tem menos chance de serem lembradas, uma vez que compartilham suas características com um grupo muito grande. E se todos são iguais, como diferenciar alguém?

Olha na foto abaixo meu abdômen atual (tirada hoje pela manhã):

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Não é um exemplo de beleza midiática, mas mesmo assim Dr. Drinks sempre é recebido como uma pessoa com uma habilidade especial: construir sabores. É uma forma de comunicação não-verbal muito forte e é justamente ela que proporciona um destaque dos padrões comportamentais de um grupo.

Isso faz com que se consiga reações como a da gatinha do final do vídeo(que odeia álcool, aliás), pois estamos proporcionando uma experiência sensorial muito mais profunda que uma simples conversa ou exibição de um corpo perfeito. Explorar outros níveis de conversação é algo que jogará muito a seu favor. E conhecer essas formas é algo que exige maturidade. Ou seja, ser homem.

Ser homem pra saber dosar malícia versus gentileza e estar disposto a receber críticas de caráter pessoal tomadas como verdades a respeito de novos sabores. Mas também é fazê-lo projetando o resultado, esperando um sorriso e o elogio que vem sempre potencializado pela empolgação da experiência.

Ao aprender a preparar um drink, na verdade estamos lidando com algo muito além do álcool: estamos resgatando histórias e aprendendo novas formas de estimular os sentidos e proporcionar novas sensações.

Por que você bebe?

Em vez de viver dividindo espaço com todos o demais homens que tem o mesmo padrão comportamental, convido você a ser um elemento diferenciado, não apenas mais um, mas um ponto focal de sofisticação, generosidade, conhecimento e estilo. É essa minha motivação por trás de todo o trabalho para tocar essa coluna.

E pra isso te pergunto: Por que você bebe?


publicado em 29 de Janeiro de 2010, 03:01
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Junior WM

Um grande apreciador de história e histórias. Vive a vida de forma que seja lembrada como honrada e humana. Ama os prazeres da vida e sua família. Escreve sobre passar pelo mundo com dignidade e alegria. Contribui com a revolução digital por acreditar em seu caráter humanitário e num mundo melhor.


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