"Par ou ímpar?": onde tudo começa

Todo mundo concorda que “par ou ímpar” é, de fato, a primeira coisa que a gente aprende a jogar pra ganhar. Já reparou que, entra geração, sai geração, par ou ímpar continua sendo uma unanimidade? Não tem uma pessoa que pergunta O que é isso? Nunca joguei, me ensina?”.

"Seguinte: cêis mostram os dedos e, se der par, ele vence. Se der ímpar, você é quem ganha. Manja?"
"Seguinte: cêis mostram os dedos e, se der par, ele vence. Se der ímpar, você é quem ganha. Manja?"

Logo depois, vem as modalidades que eu acredito serem derivadas do par ou ímpar.

Porque alguém, em algum momento se perguntou como se jogava com mais de duas pessoas. Surgia então o “zerinho ou um” e o “dois ou um”. Já o inventor da “adedanha”, que era um pouco megalomaníaco, só queria confundir todo mundo com aquele negócio de começar contando no céu. Essas são os primeiros jogos da vida. Não é treino, é pra valer mesmo, e a criança começa a sentir aquela adrenalina típica de competição.

Ninguém ensina pra gente, mas desde a época do zerinho ou um a gente quer vencer. Existiam aqueles que treinavam, dia e noite com o irmãozinho (talvez aí se dê ao fato de saber jogar ser quase um consciente coletivo). Tinha ainda outros que possuíam aquela habilidade natural, mas que sempre que estavam em uma rodinha, tinham a convicção de que o triunfo era certo.

A medida em que crescemos, vamos descobrindo novas ‘modalidades’. Além da idade, aumenta também a vontade e a gana de vencer. Afinal, na pré-adolescência, você já é uma pessoa de verdade – ao menos pensava o ser –, já pode ser muito bom em alguma coisa. É mais ou menos ali, entre uma espinha e outra, que surge a maravilha dos jogos de tabuleiro e os segredos do carteado. Dizem que o maior terror dos colégios brasileiros é o vício em truco.

Você com certeza teve um amigo que ganhou fama com truco. Ou que ele “sabia roubar”, ou que ele tinha a manha de embaralhar, ou que ele conseguia ganhar qualquer partida de truco, independente das cartas na mão. Todo mundo conhecia um cara fera que, na verdade, não era tão fera assim.

Começa nessa época também o fenômeno dos rankings. “Eriovaldo não sabe tocar de trivela, mas nunca vi tomando um gol no totó”, “Ninguém sabe fazer o baralho melhor que o Polegar. Mas já viu ele jogando batalha naval?”.

Sempre tinha alguém muito bom em alguma coisa, péssimo em outra, e você acabava virando sinônimo daquilo que era bom. E a pressão para continuar sendo bom? A pressão por vitórias cada vez mais impossíveis? Virar aquele jogo tenso nos acréscimos? Ganhar a luta com o life piscando? Ou é claro, dar um xeque-mate com dois peões, um cavalo e um Rei meio louco.

Você pode colocar um videogame de última geração ou o último lançamento exclusivo para algum computador com gráficos absurdos que nunca, jamais, chegará aos pés de uma daminha moleque, uma daminha de várzea, no quesito “eu vou ganhar essa partida a qualquer custo”.

"Ninguém ganha da gente no Pedra, papel e tesoura. Ninguém!"
"Ninguém ganha da gente no Pedra, papel e tesoura. Ninguém!"

Todo mundo é bonzão em videogame, é só jogar qualquer jogo multiplayer por aí, ou mesmo com os amigos. Mas pouquíssimos dominam os caminhos secretos do tabuleiro.

Citando um livro famoso, eu diria que, no jogo de tabuleiro, ou você ganha ou você morre. Aquele olhar de júbilo do seu amigo que comeu metade das suas peças com uma jogada é de querer morrer de vergonha. Perco de 10 no futebol virtual rindo, mas fico louco da vida se meus navios afundam.

Você chega a esquecer os golpes, os fatalitys da vida. Mas nunca, nunquinha, esquece como se joga os jogos que nós nascemos sabendo jogar. Você pode não saber um ou outro, é claro, mas alguns...

... esses você não só sabe como eu tenho certeza que se acha imbatível nele. Eu por exemplo, não sei jogar damas e nunca na vida ganhei uma partida de jogo da velha, mas ninguém jamais ganhará de mim numa partida de mau-mau.

E você? Qual desses jogos você era ou é imbatível? Tenho certeza que você tem histórias envolvendo esses jogos. Conte aí nos comentários.

Mecenas: Games Deck

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Você pode não jogar Damas, Buraco ou Dominó há muito tempo, mas certamente não se esqueceu de como se joga. No Games Deck, você provavelmente encontrará jogos que brincou a infância toda e muitos outros.

Além dos jogos, eles tem uma ferramenta de interação entre jogadores. Para se cadastrar, se divertir e conhecer gente nova, é só entrar no site deles.

publicado em 03 de Julho de 2013, 21:00
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Pedro Turambar

Pedro tinha 25 anos e já foi publicitário. Ganha a vida fazendo layouts, sonha em poder continuar escrevendo e, quem sabe, ganhar algum dinheiro com isso. Fundou o blog O Crepúsculo e tem que aguentar as piadinhas até hoje. No Twitter, atende por @pedroturambar.


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