Ninguém consegue viver plenamente. Há sempre o percalço, tem -- a todo momento -- aquele incômodo, uma coisa chata que parece sempre estar na perseguição.
Não dá para ser feliz por completo. Não há sossego que resista. A distração é constante.
Mas as pessoas se acostumam. Começam a encontrar meandros para que não se chateiem mais com aquele aborrecimento. Dá-se um jeito. Logo, todos levam a vida na frustração, no cotidiano desgostoso. Alguns tiram proveito, vendem soluções que são, na verdade, paliativos. Pagamos por isso e tentamos ser felizes em meio ao choque que não cessa.
Nos tornamos pessoas habituadas. Jamais felizes, em nenhum momento satisfeitas. Habituadas.
Com o tempo, tudo até vira uma Síndrome de Estocolmo em que começamos ver como afável o desconforto. Nos apegamos ao barulho chato, ao contato importuno, o atraso maçante. O mesmo que azucrina é aquele que nos envolve e, se é para ser assim, que tomamos disso o melhor.
Aclimatados no conforto do que podemos ter de mais desolador, levamos os dias.
Imagina, viver desse jeito, como no vídeo abaixo?
O que não vão faltar são situações e pessoas para manter o vento.
O que precisamos é ouvir além das palavras, nos comunicarmos melhor -- falar de coração mesmo -- e, além de entendermos que não somos importantes, precisamos ser mais lúcidos e buscar a felicidade genuína.
Isso é mais que andar contra o vento. É começar a ir além tubos gigantes de ar.
publicado em 13 de Dezembro de 2013, 08:00