Porque você deveria assistir a "Monstros SA" com seus filhos

O que um filme sobre monstros que assustam crianças pode nos ensinar sobre paternidade

O que me encanta nas animações da Disney é que em praticamente todos os filmes, não importa qual seja sua idade, você vai se divertir. As piadas são democráticas, as mensagens são para todas as idades e os personagens conversam com todos.

Assisti ao filme Monstros SA pela primeira vez 15 anos atrás, com meu irmão mais novo.

Eu tinha 16 e ele 4. Lembro que me divertida toda a ideia de as portas dos armários das nossas casas serem portais para uma outra dimensão onde vivem monstros em cidades como as nossas, cada um deles com habilidades, cores, sons e formas únicas, mas diferente dos RPGs que eu jogava, em que os monstros são apenas criaturas que vagam por locais sombrios sem muito propósito.

Os monstros desse filme vivem estruturados numa sociedade e vivem uma vida muito parecida como a nossa, ninguém nunca tinha retratado os monstros daquele jeito para mim.

Meu irmão, por outro lado se encantava com a ideia de que criaturas grandes e assustadoras eram, na verdade, seres muito parecido com a gente e que não tinham intenção alguma de machucar as crianças e, no fundo, eles tinham tanto medo das crianças como elas.

Ele gostava do contraste do monstro grande e assustador poder ser também dócil, fofo e medroso.

Como ele era.

Resolvi assistir Monstro SA de novo agora com 31 anos e uma filha de dois.

Não só me diverti de novo com o filme, como pesquei alguns bons aprendizados sobre paternidade que o filme passa.

Vamos lá:

Seja o Monstro que seus filhos precisam

No filme, a Boo, uma menina (idade entre 2 a 3 anos) acaba entrando por engano na cidade dos monstros, um lugar desconhecido e cheio de criaturas assustadoras, tipo aqueles rolês que você ia quando era criança com seus pais e você não conhecia ninguém, todo mundo sabia quem você era e queriam te apertar, te pegar no colo e ainda distorciam a voz para falar com você.

Quando Boo se vê perdida nesse mundo, aparece o que toda criança precisa ter quando se vê em uma situação dessas: um protetor.

No caso do filme, o protetor vem no formato em que todas as crianças sonham em ter: um monstro grande, forte, peludo e até um pouco assustador, mas ao mesmo tempo ele é dócil, meigo e tão gostoso de abraçar como os bichinhos de pelúcia que tínhamos no nosso quarto.

Talvez seja por isso que os bichos da selva e os cachorros grandes fascinam tanto as crianças.

Sully é o protetor da Boo ao longo do filme todo, ele não só protege fisicamente ela, como também cuida, da comida, coloca para dormir, passeia, troca fraldas, se preocupa e brinca.

Mas você não precisa ter uma aparência de um monstro ou ser fisicamente forte para assumir esse papel, na verdade, a Boo pouco se importa com a aparência física do Sully, mas com o conforto e o carinho que ele oferece a ela.

Há um modo diferente de lidarmos com as crianças

O filme se passa na cidade de Monstrópolis, que é abastecida com energia gerada pelo grito das crianças. Porém, ao longo dos anos tem sido cada vez mais difícil fazer com que elas se assustem e a empresa está indo a falência.

Ao longo do filme, os protagonistas descobrem que além do choro, a risada das crianças é uma forma alternativa e muito mais eficiente de gerar energia para a cidade. Mas o dono da empresa se recusa a tentar ou sequer ouvir essa nova ideia e prefere seguir com o método antigo mas de forma mais agressiva: sequestrando as crianças.

Fazendo um paralelo a paternidade:

Vamos olhar a empresa Monstros SA como a forma que educamos nossos filhos, as crianças se relacionam com os monstros, como nós nos relacionamos com nossos filhos.

Até então, o método mais comum para educar as crianças que conhecemos e vem sido aplicado na nossa sociedade é o do medo: reprimir, colocar de castigo, palmada, agressão, repressão etc.

De certa forma, ele vem funcionando e fazendo as coisas caminharem, mas silenciosamente ele vem ruindo e se mostrando cada vez mais ineficaz.

Surge então uma nova ideia: a de que é possível atingir os mesmos resultados de educar nossos filhos e gerar energia para nossa sociedade sem necessidade de assustar, reprimir ou agredir. Mas fazendo algo positivo: Acolher, ouvir, dar amor, se colocar na posição da criança de forma empática.

Obviamente, como qualquer ideia nova, alguns mais conservadores reagem dizendo que isso tudo é uma grande bobagem e que a metodologia antiga ainda é a mais eficiente pois sempre foi feito dessa maneira.

Cabe a nós, novos monstros tentar quebrar esse paradigma e mostrar que há uma nova forma de ser feito melhor, mais eficiente e com menor dor.

Pode cuidar, não vai morder

Outro fato interessante no filme é que se propaga a aos monstros que as crianças são altamente perigosas e que ser tocado por uma delas, pode ser contagioso e letal. Por isso, elas devem ser mantidas a distância

Ao longo do filme descobrimos que as crianças são inofensivas e que elas não oferecem risco nenhum.

E o paralelo a paternidade:

Nós homens somos treinados, mesmo que sutilmente, a manter distância das crianças. O nosso papel é prover e sobra à mulher a função de cuidar do lar e educar as crianças. Num divórcio, raramente um pai obtém a guarda dos filhos.

Quantas vezes, quando estava sozinho com a Clara, perguntaram a ela “seu pai está cuidando bem de você?”, quando a mesma pergunta para a mãe seria inimaginável. E para amarrar o pacote todo, os homens têm mais dificuldade de demonstrar afeto e de ter relações mais profundas.

Quando descobrimos que isso não nos faz mal nenhum, abre-se um novo caminho e uma nova forma de nos relacionar e explorarmos a nossa masculinidade.

A de monstros carinhosos.

Convite para encontro | PAI: os desafios da paternidade atual

Pais não precisam ficar em silêncio ou passar por todas as problemáticas da paternidade sozinhos.

De verdade.

Podemos juntar pessoas, colocar pais em um mesmo ambiente, e trocar. Passar informações e conhecimentos, receber conhecimentos novos, apoiar uns aos outros como fazem os amigos, como fazem as pessoas que sabem como é passar pelo que você está passando.

O coletivo. Ele fortalece a gente demais.

Estamos organizando um encontro presencial para pais e futuros pais aqui em São Paulo!

Percebemos que há uma enorme carência de informação sobre paternidade, de homens falando para homens e trocando informações da mesma maneira com que as mães trocam. Foi aí que surgiu a ideia do evento.

O objetivo é contribuir para a criação de uma rede benéfica de pais, algo que vai beneficiar não só os próprios pais, como as mães, os filhos e as famílias como um todo. Queremos colocar em pauta discussões que às vezes ficam esquecidas sobre os obstáculos logísticos, afetivos, financeiros, emocionais que os homens também enfrentam.

O evento acontecerá no dia 20 de agosto, domingo, das 8h30 às 18h30, na Aldeia 445, para aproximadamente 100 pessoas, com falas sobre paternidade e dinâmicas ao longo de um dia inteiro.

Eu estarei lá, presencialmente, junto com um monte de outros convidados. Vamos falar de parto, educação, saúde, grana e claro, vamos ter conversas abertas para mais pais se conhecerem, trocarem idéia sobre paternidade, marcarem churrascos e formarem grupos de WhatsApp.

PAI: os desafios da paternidade atual

Dia: 20 de agosto de 2017, domingoHorário: 8h30 às 18h30Local: Aldeia 445 - Rua Lisboa, 445 - Pinheiros (1km do metrô Fradique Coutinho)

As falas serão compostas por palestras e conversas, em diálogo direto com os presentes.

Programação:

8h30 - 9h30: recepção e café da manhã

9h30 - 10h: abertura e dinâmica

10h - 10h50: Da gravidez aos primeiros anos: passo-a-passo, com Dr. Carlos Eduardo Corrêa (Cacá)

11h - 11h50: Como planejar sua vida financeira durante a paternidade, com Eduardo Amuri

12h - 12h50: Criação com apego e paternidade, com Thiago Queiroz (Paizinho Vírgula)

13h - 14h30: Almoço

14h30 - 15h: Dinâmica 2

15h00 - 16h20: Paternidade reais: indo além do romantismo, com Marcos Bauch, Marco DiPreto e outros convidados

16h30 - 17h20: tema a definir

17h20 - 17h30: encerramento e agradecimentos

17h30 às 18h30: confraternização!

Serão disponibilizados 80 ingressos para o evento, que estarão divididos em dois lotes. O primeiro, a R$100,00. O valor passa para R$150,00 no segundo lote, quando o primeiro se esgotar. Então, vale ficar esperto para fechar tudo logo no primeiro lote e garantir aí uma economia logo de cara.

Esse valor já inclui um brunch e um lanche da tarde reforçados.

Vamos trocar uma ideia com outros pai? Comecemos aqui pelos comentários. Você acha interessante, sendo pai ou não, que haja essa interação de pessoas sobre a paternidade? Curte a ideia de ver pais mais juntos conversando sobre o tema, descobrindo vivências de outros pais?

Escreve aqui. Vamos trocar umas ideias.

Mecenas: Natura


publicado em 13 de Agosto de 2017, 00:05
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Rodrigo Cambiaghi

é especialista em mídia programática, monetização de sites e BI. Reveza o tempo entre filha, esposa, cão, trabalho, banda, moto, games, horta de casa, cozinha e a louça que não acaba nunca.


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