Cerveja: entre o clássico e o inventivo, um universo de polêmicas

Da lei de pureza à disputa entre o mercado artesanal e tradicional, a sommèliere Carol Oda traz essas e outras controvérsias para a roda d'O Papo

Desde que os sumérios, povo mesopotâmico, fabricaram (dizem que por acidente) as primeiras cervejas, há seis mil anos, muita coisa mudou. De lá pra cá, a clássica receita cervejeira ganhou inovações: novos sabores, texturas, processos. E isso, claro, dividiu esse universo entre os ortodoxos — defensores da tradição — e os héreges — que apostam na inventividade.

Para Carol Oda, as possibilidades infinitas é que são justamente a mágica da produção cervejeira. "É como fazer bolo. Mesmo que você dê os mesmos ingredientes básicos para um grupo de pessoas, cada um pode fazer uma coisa diferente".

Nossa "mania" de testar e apostar no novo vem de sermos, ainda, muito pautados pelo moderno norteamericano de produção. “A inventividade exacerbada é muito coisa de americano. Nos países tradicionais não tem isso. Não é motivo de orgulho ficar inventando coisas em cima do clássico”. E é aqui que entra outra discussão típica do mundo brejeiro: a lei da pureza de 1516. Aos que seguem a regra ao pé da letra, nada de invencionices. O que vale, pela lei, é a receita feita exclusivamente a partir de seus quatro componentes mais básicos: água, lúpulo, malte e fermento. Quer saber o que a Carol pensa dessa polêmica? Então dá um play aqui:

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No Brasil, o movimento pela tradição ganha força nas cervejarias pelas bandas do sul — região em que estão 40% das cervejarias artesanais do país. Por lá, a influência da colonização alemã tem deixado movimentos mais criativos de lado para retomar, dentro das panelas cervejeiras, as raízes de uma produção mais purista. E por falar em cerveja artesanal, vale o lembrete aos aficionados: por mais que nossas bolhas pareçam nos mostrar que só se fala e se vende cervejas produzidas artesanalmente, a verdade nua e crua é que tais rótulos ainda representam apenas   2% do mercado.

No bate-papo, Carol também lança outra discussão que eu gostaria de propor que prolongássemos para nossa caixa de comentários: quando vamos parar de só reproduzir o que é incrível nos Estados Unidos e começar a criar cervejas com identidade brasileira? Queremos saber de você: conhece alguma marca ou iniciativa que já esteja de olho nisso? É fã de birra e gostaria de ver o mercado ganhar mais a cara verde e amarela? Puxa uma cadeira, pega uma cerveja e vem conversar com a gente.

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Conversas bem pensadas pedem uma cerveja no ponto.

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Consul será o Mecenas da segunda temporada d'O Papo.  Vamos trazer convidados que tem ideias bem pensadas para dividirem suas visões, provocar, questionar e porque não, brindar conosco.

Toda semana uma entrevista diferente aqui no canal do Papo.

 


publicado em 15 de Dezembro de 2016, 10:48
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Gabrielle Estevans

Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo e coordenadora de projetos com propósito. Certa feita, enamorou-se pela palavra inefável. Desde então, também mantém uma lista de pequenas coisinhas indizíveis.


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