Silicon House: a sua casa no Vale do Silício

Imagine um lugar onde durante o dia as pessoas falam sobre tecnologia, inovação, empreendedorismo, novas formas de se trabalhar, programação, design, modelos de negócios e coisas mais. Durante a noite, esse mesmo ambiente abre espaço para conversas sobre a vida, família, países viajados e vividos, sonhos realizados e a realizar, risadas, bebidas, a mais pura interação.

Esse projeto existe e é chamado SiliconHouse. A casa fica na cidade de Mountain View, Califórnia, Estados Unidos. É a região chamada de Vale do Silício, a 3 quilômetros da sede do Google.

png;base64c4416552e59c6038
Café da manhã com convidados da região

Participei da primeira turma, em Outubro de 2012. Fui ao Vale por um mês para conhecer esse ambiente tão falado no meio de tecnologia, fazer um curso na Universidade de Stanford e aproveitar para conhecer o máximo de pessoas possível. Como moradia, queria algo que não fosse nada parecido com um hotel, então encontrei esse projeto que atualmente é realizado por dois brasileiros: Henrique Setton e Andrea Litto.

A SiliconHouse é um hub de negócios. Sua proposta é ir além de promover um ambiente favorável a conexões entre empreendedores, empresários, executivos, educadores, investidores, mentores e conhecimentos de ponta. Sua proposta é gerar oportunidades tangíveis, negócios realizáveis, imersão cultural e uma nova forma de lidar com a inovação.

O Henrique se formou no Brasil e depois de um tempo trabalhando no mercado financeiro resolveu ir pro Vale em 2011 como estudante em Stanford e agora foca em estabelecer conexões entre o Vale e regiões com potencial – como o Brasil – através da SiliconHouse.

A Andrea mora no Vale desde 1994! Você passa horas conversando sobre a história do lugar com ela e seu marido Wedge Martin, igualmente empreendedor. O objetivo dela com a SiliconHouse é promover "a sua casa longe de casa", cuidando de toda a parte de eventos, jantares, café-da-manhã.

Quando fui, tínhamos alguns eventos oficiais. Toda terça-feira tínhamos um café-da-manhã (brunch) com um convidado da região para falar sobre os mais diversos temas: apresentação de projetos, investimento na visão do investidor, gamification, entre outros.

png;base647168a2df8c7173ff
Brunch as terças-feiras

Às quintas, tínhamos um jantar onde convidávamos todas as pessoas conhecidas. Era uma oportunidade para conhecer melhor a todos. Após toda a comida, terminávamos com uma noite de poker ou o Fred's Place, um bar bem americano próximo à casa.

png;base64cb27a040c1b47cc4
Dinner Night

Além de ficar na casa, fui ao Vale para conhecer o ambiente. Fui a empresas como Facebook, Google, Evernote, ZenDesk, PlugNPlayTechCenter, 500 Startups, BadgeVille. O interessante é que todas estão em estágios de vida diferentes, cada uma com sua realidade e foco de atuação.

Aproveitei também para fazer um curso na Universidade de Stanford (Validating Business Models: Principles of Product/Market Fit). Não fiquem pensando que todos os cursos fora são caros e difíceis de entrar. Para cursos simples como esse de 6 semanas (toda quarta-feira), eu paguei $300 e apenas fiz a inscrição! Não sei o que equivalente disso no Brasil, mas vá aberto e aproveite o conhecimento do professor e todos que estão fazendo o curso.

stanford
Hewlett Teaching Center (Sim! É o Hewlett da HP)

Na época, tirei férias do meu emprego corporativo. Fui, pois já conhecia algumas pessoas do meio de empreendedorismo e queria experimentar pensando em trocar de vez do para trabalhar em startups.

Depois de um ano pensando em tudo que havia visto e aprendido, muito planejamento financeiro com a ajuda do Eduardo Amuri e acionando contatos que havia feito, conheci um time muito experiente de uma startup de Campinas.

Depois de muito tempo tendo um "day-night-job" (trabalhando toda noite que voltava do meu emprego diurno), consegui finalmente em novembro de 2013 pedir demissão e ficar em tempo integral na Trustvox. Para mim, comparando ao mundo corporativo, foi como se tivesse feito uma pós, investimento em educação , para depois render uma troca de carreira.

Voltando ao Brasil também, senti falta dessas iniciativas chamadas de cohousing. Por contato da própria SiliconHouse, há pouco tempo conheci o pessoal da The Beach House Sp, que quer criar justamente esse ambiente por aqui. Além de cohousing, estão trabalhando com o termo cogrowing, que é promover o crescimento mútuo entre as pessoas, compartilhando conhecimento e experiências.

png;base6478b696b9556cf3d9
Moradores e envolvidos na SiliconHouse

E vocês, conhecem mais iniciativas desse tipo no Brasil?


publicado em 19 de Fevereiro de 2014, 07:45
5f4ccf69be781e62bbe2f027a13fa588?s=130

Cleyton Messias

É co-fundador do Trustvox. Curte falar sobre tecnologia, empreendedorismo e culinária. De vez em quando posta algumas coisas por aqui @cleytonm.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura