Sobre bandidos e putas

Ele me encara por alguns segundos e tira a mão do bolso. Não tem nada lá. Eu deveria ter ficado aliviado, mas permaneço sem sentir nada. Ele ri.

— Tu é descrente, moleque. Gostei de você. É frio. Dos meus.

— Eu não sou dos seus. Se fosse, não desperdiçaria minha vida fingindo que tenho uma arma no bolso.

—Mas tu desperdiça com droga. Tu é mais burro que eu, irmão.

Disse isso me dando um tapinha na cara.

Conto a história do “quase assalto” pra prostituta deitada ao meu lado.

—Por que você não tem uma namorada? É por causa das drogas?

—Como assim?

—Você é bonito, inteligente... bom de cama.

—Pelo amor de deus. — Eu interrompo. — Eu aceito você fingir que goza, mas mentir assim, eu sei que é seu trabalho, mas realmente não precisa.

—Eu acho que você é depressivo. Eu acho que, no fundo, você queria que aquele cara tivesse te dado um tiro.

—Você é psicóloga além de garota de programa?

Ela ri. Esse é meu mundo, onde ladrões me dão lição de moral e putas me analisam.

—Respondendo sua pergunta, — eu digo — eu não tenho namorada por causa da minha mania irritante de afastar todo mundo que se importa comigo.

—É, você deve ser depressivo.

...

Ponto pra puta.


publicado em 27 de Novembro de 2012, 08:04
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Rafael Fucciolo

Raphael Fucciolo - Futuro publicitário, aspirante a escritor. Aluno de Bukowski, Kerouac, Wilde e Irvine Welsh. Seus temas favoritos são sacanagem, violências e vícios. Escreve sobre tudo isso e um pouco mais no Conflitos Escritos.


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