"Somos seres políticos. Mas fomos atravessados pelo partidarismo, pelo separatismo, por ressentimentos"

Em entrevista ao Clarín, o ator argentino Ricardo Darín comenta a atual polarização política na América Latina


Nota editorial: 

Esse texto foi publicado em 2017, a partir de trechos de uma entrevista de em que se discutia a polarização da América Latina e o plebiscito colombiano. Em 2022, ano de eleição, alguns dos dilemas de 5 anos atrás voltam a aparecer e, portanto, acreditamos que vale reviver essa colocação. 

Acreditamos que quebrar a dualidade de “ou se está comigo ou se é meu inimigo” é uma reflexão atemporal e é da maior importância. Além disso, Darón nos provoca a pensar “como vamos lidar com isso, como vamos resolver esse problema?” 

Conseguimos evoluir e nos afastar dessa dinâmica perversa nos últimos 4 anos? Como vamos lidar com isso nas conversas que virão (e que precisarão ser encaradas de frente)?

NÃO é sobre se abster da política, tampouco é sobre nivelar lados que não são equivalentes. Vamos lembrar que essa reflexão começa com “Somos seres políticos” e “a realidade exige que nos definamos”. 

Partindo disso, como podemos fomentar consciência política e buscar consenso sem reduzir todas as disputas a um binarismo de “aliados X inimigos”?


Nos últimos dias, a população paraguaia incendiou o Congresso Nacional após a aprovação da reeleição presidencial no país, chamado por eles de "golpe parlamentar". Na mesma semana, a Venezuela passou por mais um episódio em sua atual situação ditatorial, quando o Supremo Tribunal de Justiça assumiu as funções do Parlamento e retirou a imunidade dos deputados, decisão revogada pelo Tribunal dias depois.

Em outubro do ano passado, a Colômbia votou "não" pelos processos de paz com as FARC, fato que polarizou ainda mais o país na questão do narcoterrorismo. 

Por aqui, bem, todos sabemos das questões políticas atuais e o acirramento nas conversas e pensamentos políticos vindos desde 2013, 2014. Na Argentina não está sendo diferente, com protestos constantes causados pela instabilidade econômica, com atos pró e contra o atual presidente do país, Mauricio Macri.

Ricardo Darín. (David Fernández)

Estamos em um momento muito sensível, é preciso assumir. E, disso, o ator argentino Ricardo Darín, em entrevista, diz seu ponto de vista sobre a polarização e truculência no trato com a polícia na América Latina:

“A realidade exige que nos definamos. Temos de ser politizados, somos seres políticos. Mas fomos atravessados pelo partidarismo, pelo separatismo, por ressentimentos.

Ou está comigo ou é meu inimigo.

Este é o maior mal com o qual temos de conviver hoje em dia. Sair desta dinâmica perversa vai nos tomar tempo. Se quem está no comando político não fizer manifestações claras, contundentes, e indicar que precisamos sair desta estupidez, vai demorar ainda mais tempo.”

A entrevista completa dá pra ler, em espanhol, no site do Clarín. A tradução do trecho foi tirada da newsletter do Meio.

Leitura complementar:

Para entender política;

Qual a importância de se interessar por política?;

Como funcionam as câmaras e prefeituras nos nossos vizinhos da América do Sul;


publicado em 04 de Abril de 2017, 00:00
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Redação PdH

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