Manchester United eliminado da Champions League: culpa de van Gaal?

Pra entender o péssimo desempenho do time na temporada, vamos voltar pra saída de Alex Ferguson

Se você consome as notícias pela manhã, já deve estar sabendo que o Manchester United caiu ainda na primeira fase da UEFA Champions League 2015/2016, repetindo a péssima campanha que teve na temporada 2011/2012.

Dá pra enxergar a queda do United – no campeonato, mas também na temporada – como consequência do momento vivido pelo time desde a saída da lenda Sir Alex Ferguson, que esteve à frente do time por mais de 26 anos e o transformou completamente. O treinador escocês conquistou os principais torneios europeus, alçou o clube a ser o maior detentor de títulos nacionais da Inglaterra e, de quebra, um dos clubes mais ricos do mundo.

Por isso, pra sacar esse momento, devemos voltar em 2013 e partir de sua saída do clube.

Tudo ainda era festa, o Moyes até sorria

Pra treinar a equipe, o United contratou David Moyes, que, na época, fazia um trabalho foda comandando o Everton, clube tradicional, mas mediano da liga inglesa. O treinador recebeu nada menos do que o time que havia acabado de ser campeão nacional e garantido sua participação na próxima edição da Champions League – um desafio pra Moyes.

De quebra, trouxe Marouane Fellaini, que era o principal destaque do Everton, e ganhou de presente Juan Mata, um dos maiores destaques do arquirrival Chelsea.

Sob seu comando, o time foi muito criticado: a imprensa inglesa, a própria diretoria do clube e principalmente os torcedores consideravam o estilo de jogo muito defensivo. Além disso, a quantidade de derrotas sofridas em Old Trafford e as goleadas levadas pelos rivais – especialmente o Manchester City – eram simplesmente inaceitáveis.

Resultado: de campeão na temporada anterior, o United terminou a liga nacional na 7ª posição, coisa que não acontecia desde a temporada 1989/1990. Nem preciso dizer que o time não conseguiu classificação para nenhum torneio europeu.

Consequência natural, Moyes caiu – sendo o time conduzido interinamente, pelo resto da temporada, por Ryan Giggs, ex-meia do United e atual assistente técnico.

E essas águas rolaram até a posse de quem, meus amigos? Ninguém menos que Louis van Gaal. Famoso por colecionar, além de títulos, desafetos em sua carreira, como Rivaldo e Van Bommel.

Alguém ainda tem muitos conselhos a pedir

A temporada 2014/2015 começou com o anúncio do novo técnico ainda durante a preparação da seleção holandesa para a Copa do Mundo 2014, e, depois da excelente campanha que fez, que lhe rendeu o terceiro lugar, chegou ao United com toda moral do mundo – aparentemente, tinham encontrado o substituto ideal para as saudades deixadas por Alex Ferguson.

Louis van Gaal recebeu o aval da diretoria para fazer contratações de peso, reformar todo o elenco e compensar saídas como as de Rio Ferdinand, Nemanja Vidic e, posteriormente, Robin van Persie.

De lá pra cá o United já investiu em jogadores como Víctor Valdés – que já foi afastado pelo próprio treinador –, Anthony Martial, Matteo Darmian e destaques da última Copa do Mundo como Daley Blind, Marcos Rojo, Memphis Depay, Ángel Di María e um dos maiores jogadores da história do Bayern Munich, Bastian Schweinsteiger – talvez a maior “bomba” da última janela de transferências do mercado europeu.

A temporada terminou com o United ocupando a 4ª colocação no torneio nacional, sem nenhum título, mas classificando-se para os playoffs da Champions League, e, depois, com a conquista da classificação para a fase de grupos.

Mas o futebol desempenhado pelo time dentro de campo nunca convenceu completamente sua própria torcida e menos ainda a imprensa inglesa. E foi nesse pé que chegamos ao jogo de ontem e à situação cagada do time.

Na atual temporada, o United ocupa a mesma 4ª colocação que terminou na temporada passada, e desde ontem, está oficialmente eliminado da Champions League, ainda na fase de grupos.

Perdeu seu último jogo para o Wolfsburg, da Alemanha, por 3x2, e viu o PSV da Holanda vencer o CSKA, da Rússia, por 2x1 – e olha lá que os dois vitoriosos da última rodada se classificaram em 1º e 2º lugares respectivamente.

Terminado o jogo, Louis van Gaal ainda quis dar uma de técnico brasileiro e jogou a culpa pela eliminação em cima da arbitragem – francamente, meu senhor...

A realidade que o United tem que encarar é que o projeto tem de ser revisto, os planos alterados, e o time precisa estabelecer definitivamente qual será o Manchester United após a era Alex Ferguson – mesmo porque a maior crítica que David Moyes recebeu foi em relação a seu estilo de jogo defensivo, e van Gaal tem a mesma filosofia, com o diferencial de trabalhar para que seus times tenham mais posse de bola, o que nem sempre consegue fazer no United.

Que é um excelente técnico, ninguém discute – ganhou títulos por todos os clubes que passou até hoje em sua carreira, e o trabalho desempenhado no Ajax em meados dos anos 90 foi simplesmente magnífico.

Mas fica a pergunta: será que sua filosofia de trabalho é a que o United precisa agora ou quer daqui para a frente?

Lances cada vez mais frequentes no United

O que é simplesmente inadmissível é o investimento do clube de milhões no elenco do time, principalmente em jogadores solicitados pelo próprio treinador, mas ficar dependendo da individualidade de Rooney ou Depay, ou de bolas alçadas na área buscando o gigante Fellaini para conseguir fazer o gol da vitória ou da salvação.

A torcida do United se acostumou com muitos títulos nos últimos anos do treinador. Abre o olho, van Gaal! Seja para zelar e manter seu cargo ou para enxergar o que está acontecendo nos jogos.


publicado em 09 de Dezembro de 2015, 12:40
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Vinícius Campos

Psicólogo por formação e aspirante a goleiro às terças no Golden Ball, society lá perto de casa. Pode ser encontrado aqui .


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