[18+] Utensílios de bar: Dr. Drinks mostra o que é essencial e como fazer adaptações

Uma quantidade imensa de pessoas me escreve perguntando sobre utensílios. Quais são realmente necessários, onde comprá-los, como substituí-los e a função de cada um.

Portanto, o post de hoje será um guia definitivo para você dominar as ferramentas da construção de um drink, sejam elas profissionais ou adaptadas com acessórios que já estão em seu armário de cozinha e nunca imaginou que pudesse usá-los de outra forma.

Prova disso foi nosso primeiro vídeo que fizemos utilizando praticamente só materiais adaptados. Para mostrar que é possível criar bons drinks tendo um pouco de criatividade e mente aberta, vejam como fizemos o Shiva:

Link YouTube | Primeiro vídeo do professor beberrão.

Há um ano falamos sobre como montar um bar caseiro e elencamos o básico para começar a fazer drinks em casa com um mínimo de estrutura, assegurando uma boa variedade de opções no cardápio.

Fazer um cocktail exige apenas um pouco mais de esforço do que abrir e servir uma cerveja. Ainda assim, o prazer proporcionado na lida com os utensílios e na complexidade dos sabores resultantes, somados à admiração com sua performance, vai além do reconhecimento por sua hospitalidade.

 

É preciso ter cultura para cuspir na escultura

 

Bar set do Dr. Drinks: isso é tudo o que tenho em casa para trabalhar.

Como podem ver não é necessária uma grande quantidade de utensílios. Saber a função de cada item nos permite criar adaptações funcionais e guardar o dinheiro para investir em ingredientes.

À medida que for aprimorando suas habilidades na criação e feitura de cocktails, você sentirá a necessidade de equipamentos mais profissionais. Por enquanto comece com o que têm na gaveta dos talheres ou comprando o mínimo necessário.

 

Arsenal básico

Fiz uma lista do que é realmente fundamental para fazer bons cocktails. Poucos itens com grande versatilidade passíveis de adaptações que respeitam e preservam qualquer bolso.

Coqueteleira: O item mais importante para quem faz drinks. Nem todos são batidos, alguns são mexidos em um mixing glass, que nada mais é do que um copo grande. Então se você tiver uma coqueteleira Boston Shaker, composta de uma base metálica e um copo de vidro, poderá usar o próprio copo dela como mixing glass. Em contraposição, ela exige que você tenha um strainer.

Já a coqueteleira de 3 partes vem com o strainer na parte central e a tampa pode ser usada como dosador, mas perde a utilização como mixing glass. Se a grana tiver muito curta e não der comprar nenhuma das duas, ninguém vai lhe castigar por utilizar outro tipo de recipiente que tenha boa vedação como coqueteleira, afinal o mais importante é misturar os ingredientes.

 

Do sofisticado ao ogro, o que importa é o drink final.

Faca e tábua de corte: dois itens imprescindíveis em qualquer sessão de drinks, dada a quantidade de frutas e ervas que usamos como ingredientes ou garnishes (guarnições). Direto ao ponto: você precisa de um objeto cortante e algo resistente como base para que o corte seja firme e seguro. Existem inúmeras facas e tábuas de corte de todos os materiais imagináveis. Grosso modo, todas tem a mesma finalidade, portanto aqui está mais uma oportunidade para abrir o balcão da cozinha em vez da carteira.

 

Não ficou uma foto profissa, claro, porque meu lance é fazer drink.

Colher: A bailarina, aquela retorcida, tem essa forma por um uso muito específico: diminuir a velocidade com que alguns ingredientes escorrem na hora de fazer um drink montado em camadas que devem escorrer pela base. Fora isso, é usada para mexer qualquer tipo de mistura e evenualmente coar. Seu cabo é longo para assegurar que as mãos do barman não toquem no gelo.

Segundo as regras brásicas de Jerry Thomas, jamais devemos tocar no gelo. Será que seus amigos que compartilham o copo com você ficariam muito ofendidos caso pegasse o gelo com a mão? Obviamente é imprescindível lavar as mãos antes do preparo de qualquer tipo de produto para ingestão.

Socador (mudler): necessário para extrair sucos de frutas e essências de ervas, bastante utilizado para facilitar a mistura de ingredientes. Como bons bebedores de caipirinha que somos, é utensílio presente em quase todos os lares. Pode ser substituído por praticamente qualquer coisa que seja forte e resistente com uma base achatada ou dentada para que os ingredientes dancem dentro do copo.

Não aconselho o uso de cabos de facas como mudler, já vi muita mão se cortando ao segurar pela lâmina por constatar que o cabo era curto demais para o serviço.

Coador (strainer): serve para evitar que o gelo e o bagaço de frutas da coqueteleira caiam no copo. Sempre que fizer um drink deve-se colocar gelo novo no copo e coá-lo para que os resíduos não façam parte da mistura. Isso deixa o sabor mais puro, intenso e equilibrado.

Comer o pedaço de uma fruta no copo salientará demais seu sabor podendo ofuscar os demais. Na falta de um strainer, não há problema em usar um coador.

Dosador (jigger): fundamental para neutralizar eventuais desequilíbrios causados pela inexperiência. Na coquetelaria são adotados os sistemas métricos de centilitro (cL) e onças fluídas (oz, aproximadamente 30 mL), por isso existem dois tipos de jigger. Se não tiver nenhum dos dois lembre-se que basta saber fazer a conversão de tudo para mL para usar até mesmo um copinho de xarope (20mL) ou um copo shot (50mL) como medidor.

Uma dica: se estiver usando uma garrafa com biqueira plástica que tem uma bolinha dentro, como a maioria das garrafas, conte sete segundos e terá uma dose de 30 mL.

Saca-rolhas ou abridor de garrafas: o próprio nome já define sua função. Importante lembrar que adaptações deste dois ítens podem ser um tanto perigosas e ocasionar de banhos indesejados a dentes quebrados. Qualquer supermercado do planeta os vende pelo preço de um passe de ônibus.

 

Armas secundárias

Acima vimos os itens mais básicos para fazer boa parte dos drinks existentes no mundo. Agora complemento com utensílios que podem dinamizar o tempo de produção.

Descascador de frutas: além da função primordial, serve para fazer um peel: retirar uma fina camada da casca de uma fruta para usá-la como garnish ou para liberar seus óleos essenciais que finalizarão o drink. Pode ser substituído pelo combo faca + mãos hábeis.

Pinça: utilizada para pegar o gelo, pedaços de frutas ou ervas. Causa boa impressão a quem vê.

Mixer: serve para processar frutas, fazer purês ou mesmo triturar gelo. Pode ser substituído por um liquidificador.

Biqueiras: de metal ou plástico, auxiliam no controle da quantidade de bebida servida e ajustam a pontaria. As de plástico existem em várias cores e são normalmente utilizadas para o barman associar sua cor a um determinado tipo de bebida. Não é aconselhável seu uso para bebidas pouco utilizadas, pois isso faz com que fiquem muito tempo em contato com o ar e oxidem.

frozen

Liquidificador: bom aliado para fazer sucos e essencial para o preparo de drinks (batidos com gelo).

Ralador: para ralar especiarias como noz-moscada ou cascas como a de limão para finalizar cocktails. Normalmente já faz parte dos descascadores mais comuns.

Zester: serve para retirar tiras contínuas da casca de frutas que normalmente são enroladas e utilizadas como guarnição. Pode ser susbtituído por uma fatia normal afinada na faca. Importante salientar que visualmente o resultado é diferente devido o formato contínuo da casca cortada pelo zester.

 

Onde comprar?

Para os leitores de São Paulo o melhor lugar para comprar utensílios é a Rua Paula Souza, verdadeira Meca dos produtos para bares e restaurantes. Aos de outras cidades, aconselho primeiramente a procurar em lojas de utensílios domésticos ou profissionais locais, já que a taxa do frete pode não compensar.

Nunca comprei esse tipo de material pela internet em lojas do Brasil, por gostar de ir à Paula Souza passar o dia visitando as lojas, conhecendo produtos, vendo de perto para atestar a qualidade do material. Reconheço que é difícil comprar utensílios em lojas online brasileiras, talvez pela pouca demanda que ainda temos em nosso país. Hora de mudar essa realidade!

Uma loja gringa que aconselho fortemente é a Uber Bar Tools. Produtos de excelente qualidade, design refinado e preços convidativos.

 

Mandando bronca

Tenho recebido inúmeras críticas de bartenders que não entendem a filosofia de popularizar a cultura e a arte da coqueteleraria, não percebendo o quanto ela pode ser importante para o próprio reconhecimento de seu trabalho.

Hoje não será diferente, dadas as adaptações que sugeri. Os tradicionais ou puristas podem me excomungar por sugerir o uso de um vidro de palmito para quem não tem condições de comprar uma coqueteleira.

Para mim o mais importante é que a cultura se difunda. Quanto mais pessoas apreciarem drinks, sejam eles feitos em coqueteleiras de hóteis chiques ou em embalagens adaptadas, mais espaço existirá para que esses que hoje me criticam sejam reconhecidos e apreciados.

Acho ridícula a postura de bartenders que se consideram olimpianos e inatingíveis. Bartender bom é o que faz o olho de seu cliente brilhar e não quer o brilho todo pra si. O que a vida atrás do balcão me ensinou é que servir o outro deve ser um prazer e não um favor.

 

Faça você mesmo

Agora que já encontramos todas as soluções possíveis para tornar o hábito de fazer drinks simples e acessível, quero ver o que vocês andam aprontando. Deixem comentários sobre que tipo de adaptação vocês andam fazendo para criar bons drinks: pode ser em receitas ou utensílios.

Se possível mandem fotos, pois em breve quero fazer um novo post só com drinks e adaptações dos leitores.

Se tiverem dúvidas podem me mandar pelo Formspring do Dr. Drinks, assim criamos uma grande base pública de conhecimento sobre mixologia, cultura de drinks e bebidas em geral, já que sua dúvida também pode ser de outro leitor. Também podem falar comigo via Twitter ou Facebook.

Se beberem, não dirijam! Um beijo e até semana que vem.


publicado em 19 de Fevereiro de 2011, 07:14
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Junior WM

Um grande apreciador de história e histórias. Vive a vida de forma que seja lembrada como honrada e humana. Ama os prazeres da vida e sua família. Escreve sobre passar pelo mundo com dignidade e alegria. Contribui com a revolução digital por acreditar em seu caráter humanitário e num mundo melhor.


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