Você vai ser demitido

Cinco tendências que mostram como o emprego da vida pode não existir mais

Cursar o primário. Descobrir o que fazer da vida. Passar no vestibular. Arrumar um emprego. Casar e ter filhos. Aposentar. Netos. Fim.

Esse é o enredo perfeito da história de um ser humano comum. O problema é que um cenário completamente novo está nascendo e mudando o roteiro desse filme. E o pior: às vezes, o protagonista não beija a princesa e o vilão ganha a guerra.

O Dudu Obregon da Perestroika citou um dado interessante em uma de suas palestras: em 2011, existia uma empresa para cada 75 pessoas no mundo. Em 2030, esse número vai cair para uma a cada 10 pessoas.

De um lado, isso mostra como megacorporações perderão lugar para pequenos negócios que atendem nichos e demandas específicas. Do outro, indica como existirá cada vez mais gente empreendendo.

“40% das empresas no Reino Unido não vão existir mais substancialmente nos próximos 10 anos, o mesmo com os Estados Unidos” – John Chambers, CEO da Cisco

Ou seja, o cenário pode ser catastrófico se olhado pela ótica das demissões, mas pode ser sensacional para quem souber aproveitar as oportunidades que estão para nascer.

A Fundação Telefônica Vivo elaborou uma pesquisa para mapear tendências mundiais para os próximos anos. Separei cinco delas para fazer o exercício de entender (ou pelo menos tentar) o que será do mercado de trabalho nesse filme tarantinesco.

“O problema com o futuro é que é diferente. Se você não é capaz de pensar de maneira diferente, o futuro sempre chegará de surpresa” – Gary Hamel

1- Produção descentralizada

É a democratização do acesso às tecnologias. O exemplo mais popular são as impressoras 3D. A capacidade dessas máquinas ainda não ganhou a atenção necessária, mas quando vemos o que é possível fazer com elas, o negócio muda de figura: desde produzir sorvete e carros, até criar uma caixa torácica para implantes.

Se você tira das mãos de poucos a capacidade de produzir, o seu vizinho de porta pode se tornar um concorrente local da Kibon amanhã.

2- Economia de recursos

Uma tendência diretamente ligada aos impactos ambientais. É o que a pesquisa chama de “consciência forçada”. Vamos, cada vez mais, entender que os recursos físicos do planeta são limitados e, consequentemente, rever o nosso padrão de consumo.

É a lei da oferta e da procura: menos gente consumindo, menos empresas oferecendo, menos lucro e menos postos de trabalho.

3- Inteligência artificial

O raciocínio lógico começa a ser replicado e, em alguns casos, superado por dispositivos e softwares. Quando o Google se sente ameaçado por essa tendência, é hora de ficar atento.

“O futuro do search engine é um assistente pessoal digital que pode compreender e prever suas necessidades. Este motor de busca não irá responder com uma lista de links azulados. Em vez disso, ele irá responder com um resultado definitivo ou uma tarefa concluída” – Dan Kaplan do TechCrunch.

Em breve, vai ser comum situações assim: algo como a voz do filme Her (sem a Scarlett Johansson), que vai identificar se seu carro precisa trocar o carburador, encontrar a oficina mais próxima, melhor avaliada e agendar uma hora para você.

4- Consumo compartilhado

É o tal do “everything has a servisse”. O Murilo Gun fez uma palestra muito legal no TED, mostrando como estamos saindo da era da propriedade para a do acesso.

Não vamos mais pagar para ter coisas, mas para ter acesso a elas. Você dificilmente compra um DVD para guardar em casa. Você paga o Netflix para ter acesso ao seu conteúdo (e outros milhares de títulos) quando quiser.

Hoje, nós já compartilhamos conhecimento, estacionamento e até apartamento.

5- Novas formas de trabalho e carreira

A pesquisa aponta uma mudança tanto dos negócios quanto dos profissionais. A revolução digital e o caos das cidades devem tornar o home office cada vez mais comum. 60% dos profissionais no Brasil já trabalham fora do escritório.

Instituições também ficarão cada vez mais flexíveis, como a empresa que implantou os quatro dias de trabalho por semana.

Em uma ponta, temos consumidores com demandas mais específicas. No lado das empresas, a dúvida: contratar o profissional ou ter acesso às suas habilidades?

Cargos, carreiras, assim como diplomas passam a ser questionados. Hoje, mais de 1/3 dos trabalhadores nos EUA já são freelancers.

“Pessoas trabalhando COM as empresas e não mais PARA as empresas” – Telefônica Vivo

O empreendedorismo chega como a grande solução. Se os postos de trabalho diminuem, ter uma empresa própria passa a ser questão de sobrevivência.

Atualmente, já é possível trabalhar de casa com uma franquia de aproximadamente R$20 mil. Achou muito para um desempregado? Tem por R$9 mil também. Se ainda assim, estiver salgado, comece pagando R$3 mil (todas elas com retorno de investimento para menos de um ano).

E agora, José?

É difícil tirar uma conclusão disso tudo. O X da questão provavelmente está na habilidade que todos teremos para lidar com tantas mudanças em tão pouco tempo.

A fábula do sapo ilustra bem o olhar que precisamos ter ao nosso redor: se você colocar um sapo em uma panela com água quente, ele pula na hora. Se você colocar um sapo em uma panela com água e for esquentando aos poucos, pode ser que ele morra queimado.

Escolha o sapo que você quer ser. E lembre-se: sem princesa para ganhar beijo.

“Os analfabetos do futuro não serão aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender.” – Alvin Toffler


publicado em 31 de Janeiro de 2016, 00:05
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João Marcelo Meira

Redator, marketing de conteúdo e fã do BBB: boxe, bike e bola. No Twitter, responde pela alcunha de @jonesmeira.


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