Para Tânia Bárbara, as vestes rendadas e os adereços que a acompanham diariamente dos pés à cabeça são mais que uma vestimenta do trabalho que exerce há 34 anos. São um atestado de identidade.
Responsável por comandar um tabuleiro desde os 14 anos, a titular dos acarajés e abarás no Farol da Barra – cartão-postal e local da Fan Fest de Salvador – sabe que, o que para os outros é bolinho, lhe é algo indissociável do que entende por família. A bisavó começou. A avó continuou. A mãe se envolveu, ela assumiu. Os filhos participam sempre que precisam e a neta, Ísis Sofia, de 5 anos, se diz baiana, gosta de se produzir como a avó e até já saiu caracterizada nas páginas de uma revista de turismo.
O público que a tenda de gastronomia regional do Estádio da Fonte Nova recebeu nos dias jogos da Copa do Mundo foi aquém de suas expectativas e da luta, com direito a abaixo-assinado entregue à presidenta Dilma, que as baianas travaram para estar lá. Mas não foi pequeno o suficiente para tirar da cabeça o orgulho que sentia ao falar comigo sobre a manutenção das tradições e a oportunidade de mostrar aos gringos encantados pelo vatapá ou caruru um pouquinho da história de cada um dos seus.
A gente se acha esperto, mas foram nossos pais, avós, tios e demais ancestrais que foram sagazes o suficiente para arrumar um baita maneira de continuar suas trajetórias: nas escolhas de cada um de nós.
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Uma Copa do Mundo se faz com pessoas.
As que entram em campo, as que viajam para testemunhá-la, as que enchem as ruas, as que se voluntariam, as que torcem e as que veem no evento uma oportunidade para garantir seu sustento ou para extravasar.
A seção “Álbum de Figurinhas” pretende contar, com um microrrelato artesanal e um retrato por dia, a história de algumas dessas pessoas, muitas vezes invisíveis, que povoam os bastidores da Copa do Mundo do Brasil.
Para ler todos os textos, basta entrar no nosso Álbum de Figurinhas.
publicado em 08 de Julho de 2014, 00:36