O dia que eu tirei o cabaço de um editor do PdH

Virgindade. O eterno fetiche masculino de ver uma moça se contrair de tesão por meio de toques que percorrem um corpo jamais provocado. O experimento inicial resume-se no mais puro e explicito sentimento machista: orgulho.

Pois não é lá tão complicado fazer uma virgem sentir tesão. A recompensa recebida com gemidos, apertos e olhares é valiosa. É muito por pouco trabalho. O grande esforço, claro, está em todo o ato estratégico e teórico de levar uma mulher para a cama. Especialmente ela sendo uma virgem.

Grande esforço para vocês, homens. É muito mais fácil para uma mulher arranjar sexo. Especialmente com um blogueiro virgem.

Não que seja um fetiche. Mas naquela noite foi.

A noite que eu tirei o cabaço de um editor do PdH.

Se tem uma coisa que pessoas inteligentes conseguem aprender logo cedo é que os defeitos geralmente não vem pendurados em plaquinhas visíveis. Os canalhas, por exemplo, não vêm selados e autenticados como tais. O conhecimento da causa vem, até mesmo, da infância. Se fosse tão simples, o Lobo Mau não fingiria de vovozinha. Atacaria como Mau, logo de cara. O editor cabaço, no caso, vem a ser deste tipo. Não trato do tipo “pessoas inteligentes”. Esse, qualquer um que já leu mais de um texto dele saberia falar. Eu falo do tipo canalha, mesmo.

Curto esse tipo canalha. Coisa que ele sempre pareceu ser.

Foi assim que nos conhecemos. No aniversário de uma amiga em comum. Se apresentou e puxou papo, como um bom canalha. Demorou pouco para encontrar em minha personalidade uma fofa segurança que o permitisse contar tudo, absolutamente tudo sobre a vida. Eu gostei, pois era fã do seu texto. Então ele falou muito sobre o blog, das preocupações, da vida e dos relacionamentos. E disse, entre um goles de vodca, o principal:

Tive um namoro longo. Mas sem sexo. Sou virgem.

Aquilo não podia ser verdade. O tempo anda muito rápido para um sujeito bonitinho como ele e com uma lábia aparentemente encantadora ser virgem. Então, questionei por que ele jamais havia transado.

Nunca tive oportunidade.

Hm.

Ok. Ele não passava de um blogueiro virgem e medroso. Que treme da cabeça aos pés pensando que no próximo segundo você, leitor, ou a pessoa do lado, vai perceber que tudo é uma grande farsa. Era preferível que eu, que vocês não conhecem, fosse conferir até onde ia esse medo. É claro que houve oportunidades para ele até aquela noite. O que não existiu foi perspicácia dele para observá-las.

Eu me joguei, mas não houve reação da parte dele. Apenas um pedido para entender como essas oportunidades surgem. Tolo. Fiz questão de citar aquele momento. Confessei o tesão causado pela confissão da virgindade. Somei esse relevante detalhe com o fato de conversar com alguém que admirava. Assim, eu o testava. E o testei durante toda a noite. Até o momento que ele foi embora sem tomar qualquer atitude.

Não cabiam mais dúvidas. Eu estive a noite inteira diante de um virgem. E gostoso.

Isso me excitou. Mas ele não ia fazer porra nenhuma. Afinal, era um blogueiro virgem.

E você sabe como são os blogueiros virgens.

Consegui seu telefone. Na noite seguinte fiz o singelo convito: um bar qualquer da cidade.

Descobri um lado cínico. Aquela complacência sem fim de alguém que prefere fingir que não percebe, que não quer. Que deixa as próprias oportunidades passarem, para não dar o braço a torcer ou para não deixar que a parte medrosa sobressaia. Assim, é óbvio que ele recusou o convite. Agradeceu, mas recusou o convite.

Então bebi. Bebi muito. Derrotada, humilhada, rejeitada. O tempo passava e eu só imaginava o que era melhor que estar com uma mulher que praticamente estava beijando seu pau. Um pau virgem, meninas. Desgraçadamente virgem.

Continuei bebendo.

Óbvio que beber resultaria em algo. Se ele não havia entendido o que era observar oportunidades até então, fiz com que ela batesse em sua porta. De verdade. Fui até a casa dele, liguei no celular e comuniquei minha localização. Ele abriu o portão com um sorriso, claro, cínico.

Me deu um abraço mole e me chamou para entrar. Não vou dizer que foi bom. Transamos como um virgem transa. Mas foi uma conquista canalha. Me senti como um homem que ostenta medalhas de virgens abatidas. Eu havia vencido. Foi como tirar um piano das costas, mas sabendo que o alívio dele ainda era maior. Ensinei tudo o que sabia. Passamos o dia seguinte inteiro na cama.

Naquela noite um blogueiro perdeu o cabaço.

Um blogueiro que virou editor do PdH.

E você, leitora, achando o máximo quando um deles te aceita como amigo no Facebook.

Menos, vai.


publicado em 30 de Janeiro de 2012, 07:49
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