6 macetes para "negociar" com crianças

Todos testados na prática por mim

Costumo brincar que nos meus 10 anos de experiência atendendo clientes, o meu job mais difícil apareceu quando minha filha começou a ter vontades próprias. 

Para a criança, o "não" pode ser algo muito abstrato de entender. Ela não vê sentido em parar de brincar para tomar banho, ou não consegue entender porque brincar com uma faca afiada na cozinha não é permitido.

Em alguns casos é complicado fazer o que precisa ser feito, na hora em que precisa ser feito, sem que se abra o berreiro. E é ai que entram alguns macetes para "negociar" com a criança.

A lógica por trás de todos eles é a mesma: chegar a um acordo entre as duas partes sem precisar bater de frente.

Não é questão de ser permissivo ou nunca frustrar a criança, mas diminuir a quantidade de vezes em que a minha filha escuta não durante o dia.

Importante: Níveis de sono, fome, irritação, dor ou doença podem anular completamente a eficiência dessas técnicas.

1. Redirecionar  

Esse é o clássico e mais eficiente método usado entre os pais mais malandros.

A ideia é propor algo muito mais interessante do que a criança está fazendo naquele momento, ou desviar a atenção da criança quando ela está chorando.

Cena: Festinha de criança, Clara entretida com algum brinquedo e o relógio diz que precisamos ir embora.

- Clara vamos para nossa casa?

- Não qué. Qué binca aqui.

- Clara, será que nasceu alguma florzinha na plantinha de casa? 

...

- O que você acha tomar um pouco de tetê agora, passear de carro e a gente vai pra casa procurar uma florzinha na plantinha?

- Qué tetê 

Não fale do problema, mostre o que dá para ganhar com ele.

2. Causa e consequência de forma prática

Cena: Forno ligado a 280ºC, Clara entra e começa a brincar na cozinha, zanzando para lá e para cá.

Meu impulso é falar "Não pode ficar na cozinha" e levá-la para a sala, mas penso que em questão de segundos ela vai voltar para a cozinha.

Pego ela no colo e explico.

- Filha o forno está muito quente, você pode se queimar brincando aqui. O papai vai te mostrar.

Aproximo a mãozinha dela com muito cuidado e bem devagar em direção ao forno, até ela começar a sentir o calor. Antes de encostar a mão na superfície (obviamente não vou machucá-la) ela instintivamente tira a mão e me olha assustada.

- Ta quente, papai.

- Vamos brincar na sala pra gente não se machucar no forno?

- Vamo

3. Sim, mas vamos fazer isso antes?

Cena:

- Papai, pega a massinha pra Clara?

Olho para a sala e vejo brinquedos espalhados por todos os cantos.

- Vamos guardar os brinquedos antes da gente brincar de massinha? Ajuda o papai e guarda na gaveta.

Começo a recolher as coisas do chão e ela me ajuda.

4. "Levar no embalo"

Aproveitar os momentos de empolgação em que estamos brincando para conduzi-la a fazer coisas que ela normalmente não gosta de parar para fazer, como trocar a fralda, tomar banho ou até tomar remédio.

Como meu trabalho ensinou, é muito mais fácil fechar acordo quando seu cliente está feliz.

Não é a toa que levamos eles para jantar e tomar cerveja.

5. Será que o seu brinquedo não quer ir?

As vezes é mais fácil convencê-la a fazer algo para o brinquedo do que para ela mesma.

Cena:

- Clara, vamos fazer a boneca ir dormir? Acho que ela está com sono. Coloca ela para deitar na cama e faz carinho.

Mesmo que ela não vá dormir de imediato, tirá-la da sala e levá-la para o quarto por vontade própria já é o primeiro passo.

Os comerciais de dia dos namorados, dia das mães e dia dos pais seguem essa mesma lógica.

Não é para você, é para alguém que você gosta.

6. A ilusão da escolha

Transformar uma ordem em uma opção de escolha.

Aqui escapamos do perigo da criança simplesmente dizer "não quero" e travar o diálogo. Oferecemos a possibilidade de escolher, mesmo que o resultado final seja o mesmo.

Cena:

- Você quer tomar banho com o papai ou com a mamãe?

- Você vai comer seu jantar com a colher azul ou a rosa?

É a velha história do "Não gostou? nós temos o modelo azul"

***

E vocês? Quais os macetes que usam?

Nos encontramos nos comentários!


publicado em 04 de Abril de 2017, 20:45
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Rodrigo Cambiaghi

é especialista em mídia programática, monetização de sites e BI. Reveza o tempo entre filha, esposa, cão, trabalho, banda, moto, games, horta de casa, cozinha e a louça que não acaba nunca.


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