Acabou a barba (ou como recomeçar o processo com seus pelos)

Chega o momento na vida de todo homem em que a barba enjoa, o estilo gasta, bate o cansaço. Nessa hora, é hora de recomeçar, amigo. E vai ficar tudo bem!

Link Youtube - Todo mundo tem uma opinião sobre a sua barba, inclusive você mesmo. Mas se chegar uma hora em que você esteja de saco cheio, tudo bem. É só um ciclo.

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Eu já estava daquele jeito uns bons três anos. Cheguei até a adquirir alguns cacoetes com meus longos pelos da cara – toda hora eu estava fazendo cachos com os pelos do queixo, por exemplo (é grave, doutor?). Não queria necessariamente mudar, mas há muito não me via com pele de bebê.

Ao me deitar no "divã", o Adriano Gomes do Espírito Santo, um negão estiloso que trabalha no Retrô Hair, lá na região da Avenida Paulista, me pergunta: “tem certeza de que vai tirar ela toda mesmo?”. Deu um friozinho na espinha, mas respondi que sim, já ao som da maquininha funcionando. Pouco antes da depilação total, comecei pensar no quanto aquela pesada e espessa barba foi cúmplice das mudanças da minha vida nos últimos anos: fiquei desempregado, me reinventei como freelancer, passei por algumas perdas, mas ganhei uma cadelinha e casei. Todo mundo já sabia que eu era um barbudo!

O primeiro passo indicado por profissionais para me tornar um ex-barbudo foi tirar o volume com o barbeador elétrico para facilitar as próximas fases. Apesar de tranquilo sobre a mudança radical – de barbudo a cara limpa em menos de meia hora –, ficava me perguntando como as pessoas poderiam reagir ao me reverem?

"Dá tempo de mudar uma coisa ou já foi tudo, Adriano?". Eu já estava lá mesmo, decidi arriscar um bigodão style – não ficar com o rosto totalmente liso me deixou ainda mais aliviado e já garantiu um visual diferente. Bochechas depenadas, pescoço nu e uma toalha úmida e quente no meu rosto. Isso foi realmente muito relaxante. Enquanto eu estava escondido, o barbeiro me explicava que a água quente ajuda a abrir os poros e facilita a remoção total dos pelos, reduzindo a agressão. Ele aproveitava também para me dizer que, em casa, o melhor momento pra tirar a barba é no banho –mas em tempos de crise hídrica, é melhor não gastar tanta água. Vamos de toalha mesmo!

Nos minutos de toalha relaxante, fiquei lembrando de uma conversa que tive dias antes com o Josh, um amigão cabeleireiro, que durante muito tempo cuidou do meu cabelo e algumas vezes da minha barba. Além de hairstylist, o Josh é estudante de arte, dá aula para crianças e um curioso nato. Ao pedir conselhos sobre tirar ou não a barba, ele me tranquilizou: “cresce rápido, relaxa”.

Empolgado com minha mudança radical, ele aproveitou para me contar que existe todo um processo iconológico envolvido no ato de manter e tirar a barba. Para os americanos, disse, barba e bigode são símbolos ainda muito fortes: “quando eu era criança, a barba e o bigode estavam ligados a responsabilidades e maturidade. Hoje é como um objeto estético pessoal”. O Josh alterna bastante entre rosto liso e rosto com barba; eu já estava cultivando a minha há anos e, totalmente sem cortar, pelo menos uns quatro meses.

Em longa reportagem sobre a história da barba, o inglês The Telegraph explica que, no Egito Antigo, fazer a barba era um costume associado a higiene e limpeza. Parece engraçado, mas os sacerdotes barbeavam-se por completo e usavam barbas falsas em ocasiões especiais. As artes egípcias demonstram que os não-sacerdotes também apostavam num visual barbudo. Outra curiosidade histórica é que a barba reta trançada abaixo do queixo, clássica nas representações de Tutancâmon, não teria sido um estilo usado por ele durante a vida, apenas uma imagem criada após sua morte. 

Tutancâmon: como conhecemos e como 'realmente' era.

Os ancestrais romanos também tinham uma relação íntima com suas barbas (reais, no caso deles), preservando-as sempre aparadas e limpas. Apenas abriam mão de se barbear quando estavam de luto. Outras teorias dão conta que os garotos da Roma antiga não raspavam nenhum pelo corporal até a puberdade, quando então passavam a se barbear para, assim como os gregos, fazer ofertas aos deuses, num ritual que representava a passagem da infância para a adolescência (pra gente ainda tem esse caráter, não é mesmo?).

“Vou zerar com a navalha agora”, anunciou o Adriano ao tirar a toalha do meu rosto. Voltei à realidade e dei o ok. Entre as navalhadas – algumas no sentido do pelo, outras contrárias (vale o apoio de um profissional) – volto a ficar um pouco ansioso. Nesse momento eu já sabia que a pele escondida pela minha barba há anos não estaria tão diferente porque, apesar de eu ter bastante volume, não tenho tanta quantidade de pelos. Mas se a densidade de pelos for alta, o cara vai sentir que a pele escondida há anos está mais conservada, pois foi preservada da luz do sol, porém mais clara, um tom a menos do que a sempre esteve exposta aos raios.

Até aqui, o Adriano não tinha me deixado ver meu rosto. Ele anunciou que já tinha acabado e, antes de me rever uns anos mais novo (sim, eu tenho cara de novinho sem barba), questionei-o se, tecnicamente, é importante tirar a barba regularmente. Me surpreendi, pois segundo ele, “você pode usar barba a vida toda”(ufa!), o que precisa é usar produtos adequados para a barba, pois o xampu, por exemplo, tem um PH que não é ideal para a pele, ainda mais a do rosto que o enxague não é tão fácil quanto o da cabeça. Na falta de uma linha para barbas, é indicado lavar com um xampu infantil, me alertou.

Antes de me virar para o espelho, rolou aquele momento clássico de passar um pós-barba – importantíssimo para eliminar qualquer impureza que possa ter entrado nos poros abertos – que, não tem jeito, arde um pouco mesmo. Mas dá para aguentar.

Tcharam! O espelho me revelou um Danilo que eu não via há anos e o bigode tornou-se meu novo cartão de visitas. Meu rosto estava mais magro.

Minhas grandes divagações sobre não ter mais barba tinham muito a ver com uma listinha que li, nesse inteirim, no site canadense Urban Beardsman:

1. As pessoas te tratam diferente quando você tem uma barba (bem) grande. Fato, em alguns lugares eu era o “barbudo”;

2. Todo mundo fica curioso sobre sua barba. Fato, as pessoas sempre me perguntavam quanto tempo eu não cortava, se coçava...;

3. As pessoas assumem que é uma fase. Fato, essa era praticamente minha resposta padrão “ah, estou deixando”;

4. Todo mundo tem uma opinião sobre sua barba. Fato, uns amavam, outros odiavam (minha mãe), outros achavam que podia ser menos, outros e outros e outros... Como fica tudo isso agora?

Ainda bem que recebi incentivos pro bigode. Para mantê-lo, terei que voltar à rotina de, semanalmente, tirar o restante ou – ainda não sei –, deixá-la crescer novamente. É hora de recomeçar um ciclo! 

Ainda bem.

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publicado em 20 de Abril de 2016, 00:05
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Danilo Gonçalves

Um cara alegre e gosta de ser lembrado assim. Jornalista de formação, com um pé na publicidade, gosta de Novos Baianos, Doces Bárbaros e Beatles. Já gostou de Calypso e como todo gay que se preze, é fã da Beyonce.


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