O preconceito não é genético, é fenotípico

Comento com atraso a seguinte notícia que saiu na Folha no dia 23 de dezembro do ano passado.

Dá mesmo para falar em raças humanas?

Aqui no PdH temos uma excelente série sobre racismo e normalidade, a qual recomendo a leitura, porque lá se explica melhor do que eu poderia os conceitos de racismo e suas implicações.

O que me chama a atenção é a inutilidade de uma análise dessas.

Universidades não se limitam apenas a gerar conhecimentos e a formar especialistas, mas também funcionam como mola social em um país que ainda nutre certo preconceito contra quem trabalha em pé ou com as mãos.

Utilizar essa mola como mecanismo corretivo dos males do preconceito é o que inspira a política das cotas.

O problema da reportagem é que, de forma velada, ela diz que a questão das cotas é biológica, o que não faz sentido. Quando é que você viu um agente do preconceito pedir o mapeamento genético de alguém? Será que quando os policiais preferem os negros para serem alvo da violência eles se guiam por esse tipo de coisa?

"Opa, vejo aqui no seu mapeamento genético que, apesar dessa corzinha suspeita, você é branco. Pode passar."

Políticas que lidam com a responsabilidade coletiva passam por problemas. É difícil determinar o dano a ser corrigido e quem serão os beneficiários. Mas não dá pra perder de vista que o preconceito age a partir da aparência, não da genética.

O problema das cotas é de ordem moral, não biológica.


publicado em 12 de Janeiro de 2013, 17:25
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Tiago Xavier

Tiago Xavier é atleticano e bacharel em direito. Nessa ordem. Twitta pelo @tcxavier.


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