Uma consciência canalha

Pergunta:“Caro Dr. Love,

Tô seguindo num dilema terrível. Sinceramente não aguento mais olhar pra cara da namorada do meu amigo. Não que ela seja feia, ao contrário, ela é muito bonita. Mas, entenda, ela tá me dando mole.

Em outros casos, eu soltaria fogos de artifício, mas estou lutando para não partir pro lado mais sacana da força e isso é bem complicado.

Além de tudo, o cara tá morando bem longe e só aparece na cidade de seis em seis meses. É aí que o bicho pega. Eu sinto uma vontade do fundo do meu testículo de chegar nela e acabar logo com isso.

As coisas realmente começaram a azedar, caducar ou qualquer sinônimo escrotíssimo desse mundo. Eu já me sinto canalha, me olho com desdém, mas preciso da tua ajuda pra tomar uma posição sobre o que fazer. Essa coisa tá me consumindo.”

-Little Bastard

Caro Little Bastard,

seu amigo é um idiota completo. Ele já está fodido. O desafio aqui é como comer a devassa sem ferrar sua dignidade.

Vamos a isso.

O pulha ignora regra básica. Deixar a namorada sem pica por seis meses é o mesmo que enviar solicitação expressa de chifres ao Ministério dos Cornos, com carimbo de urgência no pedido.

Mulheres nasceram para serem preenchidas, literal e metaforicamente. Namorados são garantia de preenchimento constante, não à toa estão sempre em alta demanda mercado. Um namorado ausente significa falha em sua função primordial - o preenchimento – e consequente insatisfação de sua respectiva.

Você não seria o primeiro chifre dele.

Ainda assim, tentar avisar o mané apaixonado sobre as tendências poligâmicas de sua namorada é como dizer para uma mãe que o filho dela é feio. Não funciona. Não há como provar objetivamente falando e ela (a namorada, não a mãe da criança mutante) tem todas as ferramentas para distorcer a realidade.

Lembre-se:

A voz da boceta tende a sobrepujar a voz da razão.

Nenhuma boceta paga o peso de ferrar um amigo. Karma. Karma não perdoa e vem com juros. Não venda seus princípios por trocados.

Receita para o dilema?

Hora de ser um canalha profissional. Vá comer outras. Se afaste o máximo possível da pequena puladora de cerca, reduzindo a zero seu contato com ela. Guarde a imagem mental dela no bolso pra alimentar boas fodas com as demais.

Espere.

Espere mais.

Dê tempo ao tempo.

Pronto.

A diferença entre o tosco e um canalha de classe é só uma: timing.

Quando eles terminarem – inevitável, quando se fala da combinação devassa + namoro à distância -, marque um boteco como quem não quer nada e dê a ela uma foda espetacular com todos os requintes de gozo que seu desejo reprimido permitir. Afinal, fantasia mal-resolvida é uma merda.

Dr. Love, espalhando amor pelo mundo


publicado em 02 de Maio de 2010, 17:43
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Dr. Love

Consultor amoroso e cachorrão nas horas vagas.


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