Os maiores aventureiros da literatura

Você já conhece esses personagens... mas talvez não como deveriam ser conhecidos.

Antes de virarem games, filmes, séries, gibis, atração turística, fantasia de carnaval, etc, esses heróis foram grandes personagens literários.

E muito legais de ler.

Sherlock Holmes

O famoso amigo do Dr. Watson foi criado por Sir Arthur Conan Doyle em 1887 e aparece em quatro romances e 56 contos. Quase todos excelentes.

Run, Holmes, run!
Run, Holmes, run!

A nova versão cinematográfica não decepciona, os filmes são emocionantes, a química entre o Robert Downey Jr e o Jude Law funciona muito bem.

Mas os filmes pecam por ressaltar demais o lado aventuresco do personagem (que lutava boxe, se disfarçava e se metia em brigas pela rua) e menos o seu lado racional, de fria máquina pensante.

Sherlock Holmes talvez tenha sido um dos primeiros fenômenos de massa da indústria do entretenimento. Era tanta gente pentelhando o autor por novas histórias que ele decidiu matar o personagem. Não deu certo. Tinha piquete de fã em sua porta. Até a rainha pediu pela volta de Holmes.

A morte de Holmes, caindo nas catararatas de Reichenbach.
A morte de Holmes, caindo nas catararatas de Reichenbach.

O autor cedeu e lançou uma nova história passada antes de sua morte. Não deu certo. Queriam o homem vivo.

Finalmente, Holmes voltou. Tinha apenas fingido a própria morte enquanto viajava pelo mundo. Problema resolvido.

Depois disso, resignado, Conan Doyle escreveu Sherlock Holmes até morrer. Ficou rico, mas enfim.

Sherlock Holmes também deu origem a um fenômeno que a internet potencializou: o fan fiction. Foi o primeiro personagem com seguidores tão devotos que começaram a escrever novas histórias sobre ele. Em uma, o homem vem até para o Brasil, para perseguir Jack, o Estripador. Na melhor de todas, o personagem vai curar seu vício de cocaína... com Sigmund Freud!

Hoje em dia, um dos melhores seriados da atualidade, o Sherlock da BBC, é inspirado no personagem. Vale muito a pena.

Mas, claro, e ainda mais para você entender as piadinhas internas do seriado, recomendo mesmo são os livros. A Zahar está com uma nova edição ótima, anotada e ilustrada, imperdível.

O primeiro romance, Um Estudo em Vermelho, onde Holmes e Watson se conhecem, não é dos melhores da série: a segunda parte dói de tão chata. Recomendo começar pelo romance O Cão dos Barkervilles ou pelos contos de As Aventuras de Sherlock Holmes.

Conan, o Bárbaro

Esqueça Schwarzenegger. Seu Conan dos cinemas é muito mais bruto e bobalhão do que o sagaz guerreiro dos livros.

Na verdade, pensando bem, esqueça não. O primeiro filme é até bom. O segundo, realmente, péssimo. Esse terceiro que saiu agora em 2011 é uma tragédia. (E o que foi que fizeram com a Rose McGowen, cruz credo?!)

Pobre Rose.
Pobre Rose.

Hoje em dia, talvez a maioria das pessoas conheça Conan pelos gibis. A Espada Selvagem de Conan ainda é um dos gibis mais ousados jamais publicados pelas bem-comportadas grandes editoras norte-americanas. As histórias, adaptadas por escritores como Roy Thomas dos contos originais de Robert E. Howard, não envelheceram e continuam atuais.

Estranhamente, a Espada Selvagem parece ter sido mais popular no Brasil do que nos EUA. Quando parou de ser publicada aqui por falta de material original de lá, os fãs brasileiros ainda estavam clamando por mais, Mais MAIS!

A lôca.
A lôca.

E chegamos no Howard. Ele era um texano baixinho e tímido, que vivia com a mãe, e estava no meio da grande explosão da literatura pulp norte-americana na décadas de 1930. Entre 1932 e seu suicídio em 1936, ele escreveu 21 histórias sobre um dos heróis mais másculos e fodões de todos os tempos (tudo o que ele não era e queria ser): Conan.

A saudosa Espada Selvagem de Conan.
A saudosa Espada Selvagem de Conan.

No Brasil, a editora Conrad lançou dois livros com quase todos os contos. Recomendo bastante. Para quem gostava da Espada Selvagem, vai ser uma viagem no tempo.

Tarzan dos Macacos

O caso do Tarzan é especialmente triste. Os romances são legais, mas os filmes não tem nada a ver com nada.

"Sou Tarzan, mas pode me chamar de Jane."
"Sou Tarzan, mas pode me chamar de Jane."

Nos livros, Tarzan é um adulto articulado e inteligente. Na verdade, ele é o ser humano perfeito. Na verdade verdadeira, sejamos sinceros, ele é o branco europeu perfeito.

Tão perfeito, de genes tão bons, que ele ganha dos nativos no seu próprio jogo. Ou seja, por simples virtude de ter crescido ali, entre os macacos, ele se torna o rei da selva, melhor em tudo que os próprios seres humanos africanos que cresceram naquele mesmo ambiente.

Por que logo na selva, onde tem mais coisa pra fuder os pés, os personagens andam sempre descalços?
Por que logo na selva, onde tem mais coisa pra fuder os pés, os personagens andam sempre descalços?

Mas, enfim, estou sendo chato. Se ignorarmos o racismo galopante a serviço da mais reacionária ideologia colonialista, os livros são até bem legais.

Os filmes entretanto são outra história – literalmente. Neles, muitas vezes, Tarzan mal consegue falar: ele grita e grunhe e berra. É um Tarzan animalizado. Se você só viu os filmes, não conhece Tarzan.

O filme de 1984, com o Christopher Lambert, é um pouco melhorzinho (mas desvia totalmente dos livros a partir do momento em que ele chega na "civilização"), e o desenho da Disney, de 1999, por incrível que pareça, é dos mais fiéis.

Recomendo mesmo os livros. Em especial, o primeiro: Tarzan dos Macacos (às vezes, publicado somente como "Tarzan"), de Edgar Rice Burroughs. Não está em catálogo no Brasil, mas pode ser encontrado pelo Estante Virtual. Ou então, como o livro já caiu em domínio, é mais fácil ainda: baixa em inglês e lê.

E você? Quais são os seus aventureiros preferidos da literatura?

Mecenas: O Reino.

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Se você gosta de livros de aventura e mistério, conheça o romance O Reino, de Clive Cussler, um dos mais aclamados escritores de ficção e mistério da atualidade e best-seller absoluto das listas do The New York Times.

A aventura já tem mais de 100 milhões de cópias vendidas no mundo inteiro e conta a história de Sam e Remi Fargo, uma dupla de especialistas em caça ao tesouro.

Para conhecer mais, clique aqui.


publicado em 11 de Setembro de 2012, 08:54
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Alex Castro

alex castro é. por enquanto. em breve, nem isso. // esse é um texto de ficção. // veja minha vídeo-biografia, me siga no facebook, assine minha newsletter.


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