Will Eisner é um dos mais renomados quadrinistas do mundo. Durante seus mais de setenta anos de carreira, atuou em praticamente todas as áreas da indústria da chamada Nona Arte.
![](https://assets.papodehomem.com.br/2015/08/12/18/11/42/152/1_eisner.jpg)
Foi desenhista, roteirista, editor, empresário, publicitário, professor. Trabalhou em gráficas, em revistas de pequenas e de grandes editoras, fez histórias para jornais de grande circulação, se autopublicou, inventou personagens célebres e também “brincou” com alguns criados por colegas do meio. Fez livros infantis e também teóricos. Para resumir, é o artista de quadrinhos mais completo de que já se teve notícia.
Uma de suas principais obras é a paradigmática Um Contrato com Deus, a HQ que desencadeou o fenômeno da graphics novel no mundo todo. E esse é o tema do vídeo daqui debaixo em que o Bruno Zago e eu, do Pipoca e Nanquim, destrinchamos a obra e situamos sua importância histórica.
Um Contrato com Deus e outras histórias de cortiço (1978) reúne quatro histórias situadas na fictícia Avenida Dropsie, no Bronx, Nova York, nas quais o autor nos mostra os dramas e alegrias de pessoas comuns, que se mantinham ocupadas tentando ganhar a vida e criar seus filhos, enquanto sonhavam com um futuro melhor.
A obra foi o início de uma trilogia de livros, composta também por A Força da Vida (1988) e Avenida Dropsie: a Vizinhança (1995). As três são semibiográficas e tratam de períodos de vida da população que cresceu por ali. Sempre focado nas pessoas, o coração da matéria, Eisner desenvolveu personagens preocupados com os desafios do dia a dia e suas relações, nem sempre cordiais.
Cabe frisar que a origem do termo “graphic novel” já foi muito discutida e não há consenso de quem a criou, mas está claro que não foi Will Eisner, ele mesmo já comentou isso em diversas ocasiões. Porém, por ter empregado o termo tão acertadamente, foi ele que o popularizou e também o definiu de maneira definitiva: uma espécie de obra literária popular que tem os quadrinhos como meio. Sobre isso, o autor declarou:
“Ao contar essas histórias, tentei me ater à regra do realismo, que requer que a caricatura ou o exagero aceitem os limites da factualidade (…) Para atingir essa dimensão, tive que deixar de lado dois limitadores básicos que constantemente inibem a criação nesse meio — o espaço e o formato. Cada história foi, portanto, escrita sem preocupação com o espaço que iria ocupar, e seu formato surgiu da própria narrativa.
Aos quadrinhos normais associados à arte sequencial (HQ) foi dada a liberdade de tomar suas próprias dimensões. Por exemplo, em muitos casos uma página inteira é usada para um único quadro. O texto e os balões estão interligados à arte. Eu os considero como fios de um mesmo tecido e faço uso deles enquanto linguagem.
Caso eu tenha atingido meu propósito, não haverá interrupções no fluxo da narrativa, porque figura e texto serão tão interdependentes a ponto de serem inseparáveis.”
(Trecho do livro Will Eisner: um sonhador nos quadrinhos, de Michael Schumacher, Editora Globo, 2013).
Hoje, as graphic novels estão por todos os cantos e é um ótimo caminho de entrada para quem deseja conhecer histórias em quadrinhos. Felizmente, as opções de leituras são vastas e isso ainda rende muito pano pra manga…
Will Eisner - 1 Autor, 3 Obras
Vídeo com indicação de três quadrinhos fundamentais para a carreira de Eisner.
Vamos bater mais papo sobre Will Eisner e graphic novels? Espaço aberto aqui nos comentário.
Até o próximo vídeo!
publicado em 19 de Agosto de 2015, 00:00