Mayweather x McGregor: o que esperar de uma luta tão aguardada

Coisas que o dinheiro pode comprar: uma luta entre o maior boxeador e a maior estrela do UFC

O que fez o atleta mais bem pago de 2015 abandonar a aposentadoria? A resposta só pode estar no seu próprio apelido: na noite de sábado, em Las Vegas, o americano Floyd 'Money' Mayweather Jr volta ao quadrilátero para receber aquela que pode ser a maior bolsa da história do boxe, batendo um recorde estabelecido, veja só, por ele mesmo.

Do outro lado do ringue, o azarão é ninguém menos do que o irlandês Conor 'The Notorious' McGregor, a estrela principal do MMA na atualidade, que trocou de modalidade para receber algo que o UFC nunca poderia lhe dar: um cheque de 75 milhões de dólares.

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Histórico

Em maio de 2015, quando o boxeador americano derrotou Manny Pacquiao na "Luta do Século", levou pra casa a maior bolsa já paga a um pugilista na história: 180 milhões de dólares. Em setembro do mesmo ano, ele atropelou mais um rival, Andre Berto, diante de 12.917 espectadores presentes que renderam 10.062 milhões de dólares, além de 440 mil assinaturas de pay-per-views vendidas para então anunciar sua aposentadoria após 19 anos como profissional. Ele deixava pra trás um cartel irretocável de 49 vitórias em 49 lutas. Número que igualou a marca do lendário peso pesado Rocky Marciano.

Um histórico que nos leva a pensar: será que alguém teve um 2015 melhor do que Mayweather?

A resposta é sim. Conor McGregor!

O mesmo ano de 2015 foi responsável por alçar o irlandês falastrão ao posto de celebridade mundial. Logo no mês de janeiro, em seu primeiro Main Event pelo UFC, ele nocauteou Dennis Siver. No mês de julho, pelo UFC 189, conquistou seu primeiro cinturão ao derrotar o então campeão dos peso-pena, Chad Mendes. Mas o melhor ainda estava por vir. Antes do final do ano, McGregor chocou o mundo novamente ao nocautear José Aldo, o brasileiro que era tido por muitos como o maior lutador da história, em 13 segundos diante de uma plateia de 16.516 presentes que rendeu 10,1 milhões de dólares em bilheteria, além de 1,2 milhões de assinaturas de pay-per-views. Batendo todos os números de Mayweather.

Mas enquanto o americano estava aposentado, o irlandês continuou brilhando. Em 2016 ele vingou-se de uma das raras derrotas de sua carreira ao vencer Nate Diaz e foi ainda mais longe ao realizar algo completamente inédito já em novembro: dentro de um Madison Square Garden lotado, 'The Notorious' atropelou Eddie Alvarez e tornou-se o primeiro lutador da história do UFC a ser campeão simultâneo de duas categorias.

O novo status inflou ainda mais o ego do lutador que passou a travar uma batalha pública com o próprio UFC. Mesmo já sendo o lutador mais bem pago da história, ele queria uma participação nos lucros de tudo que a organização ganhasse. Algo que não foi aceito, mas começou a levantar rumores...

A vontade de ganhar mais dinheiro atiçou a imaginação dos empresários de McGregor. Enquanto isso, Mayweather já havia dito que não voltaria ao ringue por menos de 100 milhões de dólares. Então foi só juntar A com B e mostrar as previsões milionários de bolsa e pay-per-view a ambos que nem o UFC, nem a Comissão Atlética de Nevada foram obstáculos capazes de impedir que a grande luta acontecesse: o contrato foi assinado em 14 de junho e o local escolhido não podia ser outro. Las Vegas, Nevada.

Polêmicas

Mas tanto dinheiro não se faz apenas com desempenho esportivo e, nesse caso, Conor e Floyd, além de exímios lutadores, dominam como ninguém o marketing de suas lutas. Eles provaram isso novamente ao protagonizarem uma turnê mundial na qual os dois estiveram juntos no palco de quatro diferente cidades para um show de insultos e baixarias. Tudo para apimentar e promover a luta. A imagem que resume tudo isso? McGregor vestido com um terno risca-de-giz onde em cada risca se via escrito "Fuck You".

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Mas fora todo o escarcel midiático, o status completamente extraordinário da luta também gerou polêmica esportiva quando a Comissão Atlética de Nevada ignorou suas próprias regras ao permitir que os lutadores usassem luvas de 8 onças, menores do que as recomendadas para o peso de ambos que seria de 10 onças. Ou seja, luvas mais leves, com menos espuma e que, portanto, protegem menos os lutadores e aumentam o poder de nocaute.

Pontos fortes

Tudo o que Conor McGregor tem, ele deve à sua mão esquerda: foi com ela que ele derrotou Dennis Siver, Chad Mendes e, claro, ela foi protagonista no inesquecível nocaute do brasileiro José Aldo em apenas 13 segundos. Com ela, Conor tem a chance de fazer o que ninguém nunca fez.

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Do outro lado, a maioria dos jornalistas especializados reconhecem que Money é, em termos de defesa, o maior pugilista da História. Ponto. Com seu famoso shoulder roll, ele eleva os ombros para esconder o queixo, ao mesmo tempo em que joga a cabeça para trás e arma o contragolpe no corpo do adversário. Nunca sofreu sequer um knockdown.

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Pontos fracos

Ao contrário do que se imagina, o condicionamento físico pode ser o ponto fraco de McGregor. É que em seus últimos oito combates no UFC, apenas um durou mais do que dez minutos; ao passo que, nas últimas 8 aparições de 'Money', apenas uma não foi decida pelos juízes. Mesmo saindo da aposentadoria e já tendo alcançado a marca dos quarenta, Floyd sempre manteve um físico impecável que o permite lutar o último round como se fosse o primeiro.

Porém, apesar de invicto, Money não é conhecido pelo peso da mão: em suas últimas 10 vitórias, apenas uma foi por nocaute (ainda assim, um nocaute melindroso). Mayweather enfrenta problemas crônicos de dor nas mãos, fazendo com que não coloque mais força do que o necessário em seus golpes. Por que isso é tão ruim para Floyd? Porque quanto mais tempo ele passar com Conor no ringue, maior a chance do irlandês acertar sua famosa canhota.

Palpite

E como tudo que envolve essa luta requer assumir o risco, não vamos nos esquivar e ficar em cima do muro. Meu palpite, na lata, é:

Vitória de Mayweather por nocaute técnico no round 10.

Money sempre anulou os pontos fortes de seus adversários, deixando os desconfortáveis e os forçando a errar. Com o passar dos rounds, Conor irá se expor cada vez mais ao arriscar golpes longos e abertos, dando espaço para Money encurtar a distância e soltar golpes na linha de cintura de Conor, minando seu poder de reação. Quando o cansaço bater e as sequências de Mayweather entrarem limpas, o árbitro irá interromper a luta, mesmo que o irlandês se mantenha de pé.

E vocês, o que acham? #50-0 ou #49-1? Palpite também nos comentários.


publicado em 24 de Agosto de 2017, 00:05
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Carlos Almeida José

Carlos Almeida José é editor-chefe do blog O Boxeador, especializado em boxe internacional e pode ser encontrado no Twitter.


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